sábado, 18 de outubro de 2008

RESUMO IDEOLOGIA ALEMÃ

Resumo da obra de Marx e Engels - por Sonia Ribas

Karl Marx, A Ideologia Alemã.(Tradução Silvio Donizete Chagas) São Paulo: Centauro, 2002.


1- Introdução
A ideologia Alemã e as Teses de Marx e Engels é uma crítica profunda da ideologia burguesa e do materialismo pré-marxista, a partir das posições da classe operaria e da necessidade de formação da ideologia proletária, ou seja, é uma crítica da filosofia alemã mais recente nos seus representantes Feurbach, Bauer e Stirner e do socialismo alemão.
Esses escritos a mais de 130 anos precisam servir hoje, com rapidez à classe para qual foi escritos. O objetivo desta obra é desmascarar as falsificações do marxismo-lenismo, de fornecer materiais de estudo (de base teórica) e reflexão aos que contribuem para a luta pela democracia e pelo socialismo, tanto trabalhadores manuais como intelectuais (p.1)
Os governos burgueses perseguiram Marx e Engels que tinham um objetivo de levar a teoria aos proletários, eram contra a política liberal “eletista”. Em 1845 os dois foram expulsos do território Francês e se refugiaram em Bruxelas. Foi neste contexto de perseguição e novo exílio que nasce a Ideologia Alemã (p. 2)
A Ideologia Alemã é um balanço de suas próprias consciências filosóficas, onde o destaque é a ruptura com Feurbach. Questionando suas posições, principalmente de ver o homem isolado da historia e da política. Esta obra ficou sem editor, jogado, mas seu objetivo foi alcançado, ter uma visão clara dos problemas levantados por Marx e engels (p. 3)

2- Prefácio
Os homens criam representações falsas sobre si próprio e daquilo que devem ser e a partir daí instituem as relações. Essas representações estão acima da própria essência do homem. E o autor coloca que devemos rebelar contra o domínio das idéias e ter atitudes criticas frente a elas.
Essas representações na Alemanha e cultuada por todos e expedida pelos próprios filósofos que refletem as arrogâncias destes, mostrando apenas as sombras da realidade. (p. 7)

3- Feurbach – Oposições das concepções materialista e idealista
(capitulo 1 de “A Ideologia Alemã”

A Alemanha passou os últimos anos um processo de decomposição do sistema de Hegel (Strauss) e nesse caos se formaram novos poderes que se ruíram por outros rivais mais poderosos. Foi uma luta universal que varreu do passado da Alemanha em três anos mais acontecimentos do que em três séculos.
Foi um acontecimento de processo de podridão do espírito absoluto, que é apresentada como uma mudança de importância histórica, como geradora dos resultados e conquistas mais prodigiosos. (p.10)

4- A ideologia em geral, nomeadamente a alemã

A critica alemã não abandonou o terreno da filosofia todas as questões e respostas da filosofia saíram do sistema filosófico de Hegel. Nenhum dos críticos mais recentes tentou uma crítica sobre seu sistema.
Toda a Critica filosófica alemã de Strauss a Stirner se reduz a critica de representações religiosas, partindo da religião real e da autentica teologia. O progresso explicou a consciência política, jurídica e moral como consciência religiosa; e o homem político, jurídico e moral como o homem religioso. Os Jovens – Hegelianos criticaram tudo substituindo a tudo por representações religiosas ou teleológico (p.12). Tudo que os homens fazem são produtos da sua consciência, e estes querem mudar a sua consciência presente, isto significa interpretar de outro forma o que existe, mas esses jovens apesar dessa mudança são os maiores conservadores (p. 13).
Nenhum destes filósofos se lembrou de perguntar qual seria a relação entre a filosofia alemã e a realidade alemã, a relação entre a sua critica e o seu próprio meio material (p.14).

5- Premissas da Concepção Materialista e da Historia

As premissas reais que só podem abstrair da imaginação são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de vida. Estas são premissas puramente empírica.
A primeira premissa de toda historia humana é a existência de indivíduos humanos vivos (p. 14). O primeiro ato histórico destes indivíduos pelo qual distinguem dos animais não é o de pensarem, mas o de começarem a produzirem os seus meios de vida. Aquilo que os indivíduos são, coincide, portanto, com sua produção, o que e como produzem. Dessa forma, aquilo que os indivíduos são, depende, das condições materiais da sua produção (p. 15). Esta só surge com o aumento da população, que pressupõe um intercambio material e espiritual dos indivíduos entre si, ou seja, a existência de relações entre os indivíduos.(p.16).

6- Produção e Intercambio. Divisão do Trabalho e formas de propriedade: tribal, antiga e feudal.

O desenvolvimento das forças de produção de uma nação é indicado pelo grau atingido pelo desenvolvimento da divisão do trabalho. Esta provoca a separação do trabalho industrial, comercial, agrícola e com ela a divisão do campo e da cidade e a oposição entre ambos (p. 16, 17).
As diferentes fases de desenvolvimento da divisão do trabalho são outras tantas formas diferentes de propriedades e cada uma das fases determinam também as relações dos indivíduos entre si e em relação ao material, ao instrumento e ao produto do trabalho (p.17).
A primeira forma de propriedade é a tribal: fase não desenvolvida da produção, o povo se alimenta da caça, pesca, criação do gado e quando muito da agricultura. A divisão do trabalho é pouco desenvolvida e limita-se a divisão natural do trabalho existente na família. A estrutura social é uma extensão da família: os chefes da tribo, os membros e por fim os escravos (p. 17).
A segunda forma é a propriedade comunal e estatal antiga: que resulta da união de varias tribos que formam uma cidade. Nela continua a existir a escravatura. Desenvolve a propriedade privada móvel e também a imóvel, mas subordinada a propriedade comunal. Os cidadãos em comum tem o poder sobre os escravos trabalhadores. Esse tipo de sociedade decai a medida que desenvolve a propriedade privada imóvel. A divisão do trabalho já esta mais desenvolvida. Aqui já encontramos antagonismos entre: cidade e campo; interesses urbano e campo; industria e comercio marítimo. Encontramos a relação de classe formada entre os cidadãos e escravos (p. 18).
Com o desenvolvimento da propriedade privada surgem aqui, pela primeira vez, as mesmas relações que encontramos na propriedade privada moderna, só que nesta em maior escala. Por um lado a concentração da propriedade privada e por outro a transformação dos pequenos camponeses plebeus num proletariado.
A terceira forma é a propriedade feudal ou de estados: esta partiu do campo, o desenvolvimento feudal começou num território mais extenso, preparado pelas conquistas romanas e pela expansão da agricultura a ela ligada. Surge também o antagonismo contra as cidades, a propriedade fundiária deu à nobreza o poder sobre os servos. Aqui as relações eram com os produtores diretos eram diferentes, porque existiam diferentes condições de produção (p.19).
Esta estrutura feudal da propriedade fundiária correspondia, nas cidades, a propriedade corporativa ( consistia no trabalho de cada individuo). Esta estrutura dera origem às corporações (pequenos capitais de artesãos individuais), que estes desenvolveram a relação de oficial e aprendiz, que originou nas cidades uma hierarquia semelhante a do campo.
A época feudal consistiu, por um lado na propriedade fundiária e no trabalho servo a ela preso, e por outro no trabalho próprio com um pequeno capital a dominar o trabalho dos oficiais. A estrutura de ambas, estava condicionada pelas relações de produção (pequena cultura agricultura e industria artesanal). Aqui teve pouca divisão do trabalho (p. 20).

7- A Essência da Concepção Materialista da Historia. Ser Social e consciência social.

Existe a conexão da estrutura social e política com a produção. A estrutura social e o estado decorrem do processo de vida de determinados indivíduos; mas não como eles poderão parecer na sua representação, mas como eles realmente são, ou seja, como agem, como produzem materialmente, como trabalham, portanto, em determinados limites que não dependem da sua vontade (p. 21)
A produção das idéias e representações da consciência estão entrelaçadas com a atividade material dos homens. Os homens são produtores das suas representações, idéias,..., mas os homens reais, os que realizam,tais como se encontram condicionados por um determinado desenvolvimento das suas forças produtivas e das relações que a estas correspondem até suas formações mais avançadas.
A consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo real de vida (p. 22)
Se em toda a ideologia os homens e as suas relações aparecem de cabeça para baixo, isto significa que este fenômeno, deriva do seu processo histórico de vida. Em oposição à filosofia alemã ( a qual desce do céu a terra) aqui parte-se dos homens realmente ativos, e com base no seu processo real de vida.
Dessa forma, são os homens que desenvolvem a sua produção material e o seu intercambio material que, ao mudarem esta sua realidade, mudam também o seu pensamento e os produtos do seu pensamento (p. 23). É a vida que determina a consciência e não a consciência que determina a vida, segundo os idealistas.
Pensando nessa premissa, o homem não como um ser isolado, mas o homem no seu processo de vida ativa, que a historia se apresenta não como uma coleção de fatos mortos como é para os empiristas.

8- Condição da Libertação Real do Homem

A libertação é um ato histórico, não um ato de pensamento, esta é realizada por relações históricas. O homem só se liberta quando estiver em condições de adquirir comida e bebida, habitação e vestuário na qualidade e na quantidade perfeitas (p. 25).

9- Critica do Materialismo Contemplativo e Inconseqüente de Feuerbach

A concepção de Feuerbach do mundo sensível se limita a mera contemplação e a sensação (p 26). Ele diz “o homem , em vez de dizer, os homens históricos reais, é o alemão. Ele não vê que o mundo sensível que o rodeia não é uma coisa dada da eternidade, mas produto da industria e do estado em que se encontra a sociedade; e que também é um produto histórico, resultado da atividade de toda uma serie de gerações dados por meio do desenvolvimento social, da industria e do intercambio comercial (p.27)
Feuerbach tem, no entanto, sobre os materialistas puros, a grande vantagem de compreender que também o homem é objeto sensível; mas somente o homem como objeto sensível, e não como atividade sensível. Vê o homem apenas o corpóreo, individual, não conhece outras relações, a não ser de amizade e de amor. Este não faz nenhuma critica às condições de vida atuais (p. 29)
Enquanto materialista, para Feuerbach a historia não conta, e quando considera a historia não é materialista. Para ele materialismo e historia divergem completamente (p. 30). Os alemães estavam habituados a imaginar a historia e histórico tudo o que é possível, mas não o que é real.

10- Relações Históricas Primordiais, ou os aspectos básicos da Atividade Social: Produção dos Meios de Subsistência, Produção de Novas Necessidades, Reprodução das pessoas (a família), Intercâmbio social, Consciência.

Toda a existência humana, toda a historia, ou seja, a (1ª) premissa de que todos os homens tem de estar em condições de viver para poderem fazer historia.
O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios para a satisfação das necessidades ( comer, beber, habitação, trabalho...) a produção da própria vida material (p.31).
O segundo ponto é a própria primeira necessidade satisfeita, a ação da satisfação conduz a novas necessidades – esta produção de novas necessidades é o primeiro ato histórico.
A terceira relação, que logo desde o inicio entra no desenvolvimento histórico, é esta: os homens que, dia-a-dia, renovam a sua própria vida começam a fazer outros homens a reproduzir-se – a relação entre homem e mulher, pais e filhos, a família (p. 32).
Esses três momentos, que desde o começo da historia e desde os primeiros homens, existiram simultaneamente, e que ainda hoje se afirmam na historia (p. 32).
A produção da vida surge como uma dupla relação: Relação natural e Relação social ( entende social como a cooperação de vários indivíduos). Daqui resulta um modo de produção que esta sempre ligado a força produtiva, e que a quantidade das forças produtivas acessíveis aos homens condiciona o estado da sociedade. Que deve ser sempre estudada em conexão com a historia da industria e da troca
(p. 33).
Depois de considerarmos esses 4 momentos verificamos que o homem tem consciência. A consciência só nasce da necessidade de entrar em ligação com os indivíduos à sua volta numa sociedade. A consciência é um produto social, surge como resultado do ser social atuando sobre as consciências os seres humanos. Dessa forma, o ser social que determina a consciência (p. 34).
A divisao do trabalho se desenvolve, desde a divisão do ato sexual, e depois a divisão espontânea ou natural. A divisão do trabalho só se torna realmente divisão a partir do momento em que surge uma divisão do trabalho material e espiritual (p. 35).

11- A Divisão Social do trabalho e as suas Conseqüências: a Propriedade Privada, o Estado, a Alienação da Atividade Social.

A propriedade tem origem na família, onde a mulher e os filhos são escravos do homem. Divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas – uma em relação à atividade e a outra ao produto da atividade (p. 37).
Na divisão do trabalho está dada a contradição entre o interesse de cada um dos indivíduos, ou família, e o interesse da comunidade. E é por essa contradição do interesse particular do interesse comunitário que o interesse comunitário assume uma forma autônoma como ESTADO, separado dos interesses, e ao mesmo tempo, como comunidade ilusória, mas sempre sobre a base real.
A divisão do trabalho oferece-nos logo o primeiro ex. de como, enquanto os homens se encontram na sociedade natural, ou seja, enquanto existir a cisão entre o interesse particular e o comum, enquanto a atividade não é dividida voluntariamente, a própria ação do homem se torna um poder alheio e oposto que o subjuga, em vez dele dominar (p. 39).

12- Desenvolvimento das Forças Produtivas como uma Premissa Material do Comunismo

Para a alienação ficar insuportável e ser superada pela revolução é necessário: 1- criar grande massa de pessoas destituídas da propriedade em contradição com um mundo de riqueza e cultura; 2- e o desenvolvimento das Força Produtivas gerar miséria e penúria.
O comunismo não é para nós um estado de coisas que deve ser estabelecido. Chamamos comunismo ao movimento real que supera o atual estado de coisas. A forma de troca condicionada em todos os estágios históricos até aos nossos dias pelas forças de produção existente é a sociedade civil – tem sua base na família simples e a composta. A sociedade civil é o verdadeiro lar e teatro de toda a historia. A historia até hoje defendida despreza as relações reais (p. 42 e 43).

13- Conclusões da Concepção Materialista da Historia: continuidade do Processo Histórico, Transformação da Historia em Historia Mundial. A Necessidade de uma revolução Comunista

A historia não é senão a sucessão das diversas gerações, cada uma das quais explora os materiais, capitais, forças de produção ...
A transformação da Historia em Historia Mundial, não é de modo nenhum, um mero ato abstrato, mas um ato totalmente material, demonstrável empiricamente por cada individuo no seu dia-a-dia, ao comer, ao beber e ao vestir-se. Mas a medida que se alarga à escala histórico mundial, fica cada vez mais escravizado pelo mercado mundial (p. 44 e 45).
A verdadeira riqueza espiritual do individuo depende completamente da riqueza das suas relações reais (p. 45).

14- Resumo da concepção Materialista da Historia

A força motora da historia, também da religião, da filosofia e de todas as demais teorias não é a critica, mas sim a revolução. (p. 48)
Na historia se encontra uma soma de forças de produção, uma relação historicamente criada com a natureza e dos indivíduos uns com os outros que é transmitida de uma geração modificada pela outra. (p. 49) Os homens fazem as circunstancias e as circunstancias fazem os homens.

15- Falta de fundamento da Concepção anterior da Historia, a concepção idealista, particularmente da filosofia alemã pós – hegeliana.

A concepção idealista vê a historia segundo os historiadores que vêem a historia como ações políticas e religiosas e que estas ilusões fazem a força motora da historia. (p. 50)
A filosofia da historia de Hegel – pensamento puro, essa concepção é realmente religiosa, coloca toda a imaginação e ilusão no homem religioso, em vez de colocar no lugar da produçao real dos meios de subsistencia da própria vida, ou seja, Hegel coloca o homem imaginários( idéia pura) no lugar do homem real e a historia parte disso. (p. 51)
Resolver essa questão somente pela mudança das circunstancias, mas para o religioso as circunstancias já estão resolvidas.
Na Alemanha, os filósofos só se preocupavam com os acontecimentos locais e esqueciam as outras nações, não reconheciam os atos de outros povos como históricos. (p. 53)

16- Critica adicional de Feuerbach da sua Concepção Idealista da Historia

A dedução de Feuerbach não vai alem de que os homem precisam e sempre precisaram uns dos outros. Ele quer produzir uma consciência correta a cerca de um fato existente. O comunismo real derruba este e os filósofos colocaram a noção de comunista de Feurbach no lugar do comunismo real. (p. 54)
Feurbach expõe que o ser de uma coisa ou de um homem é ao mesmo tempo, a sua essência. O meu ser é minha essência. Marx diz que a tua essência é estares subordinado a um ramo de trabalho? E afirma que o homem é o que o modo de produção da subsistência produz, o homem é que faz suas circunstancia a partir de sua historicidade. (p. 55) Feurbach nunca fala do homem nestes casos. Para ele a contradição própria do ser deve ser tranqüilizada por ele próprio.

17- A classe dominante e a consciência dominante. Formação da concepção de Hegel do domínio do espírito na historia.

A classe que tem a sua disposição os meios de produção material tem para a espiritual. E as idéias dominantes é a expressão ideal das relações materiais dominantes. (p.56)
Os indivíduos que constituem a classe dominante tem a consciência, pensam, dominam e determinam todo o conteúdo de uma época histórica. Dominam como pensadores, como produtores de idéias, regulam a produção e a distribuição de idéias de seu tempo. (p. 57)
A divisão do trabalho é uma das principais forças da historia até os nossos dias (divisão do trabalho material e espiritual)
A existência de idéias revolucionarias numa época determinada pressupõe a existência de uma classe revolucionaria. (p. 57)
Os historiadores dominantes a partir do séc. XVIII acreditam na expressão ideal: a dar as suas idéias a forma da universalidade e apresentá-las como as únicas racionais e universalmente validas (p. 58).
Os filósofos, pensadores que dominaram a historia, demonstraram sempre a soberania do espírito. (p. 60)

3 comentários:

Unknown disse...

SONIA, SEU RESUMO ESTÁ MARAVILHOSO.
OBRIGADO POR DIVIDIR CONOSCO SEU CONHECIMENTO.
OBRIGADO
RF ESTUDANTE DE SERVIÇO SOCIAL!

Aloprando na infância disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lourene Félix disse...

Oi Sonia! Poderia me tirar uma duvida de onde , qual livro ou manuscrito pertence essa citação de Marx . O amor é meio de o homem se realizar como pessoa! Obrigada