sábado, 18 de outubro de 2008

RESUMO DA OBRA DE CHEPTULIN

RESUMO DA OBRA DE CHEPTULIN
Alexandre Cheptulin A dialética materialista . São Paulo: Editora Alfa-Omega,1982.


001- Conceito de materialismo dialético:
Conceito materialista dialético p.1: Estuda as formas gerais do ser, os aspectos e os laços gerais da realidade e as leis do reflexo destas última na consciência dos homens., as leis do funcionamento e desenvolvimento do conhecimento. Isto o realiza através das categorias e leis.

002 - Funções das categorias e leis do materialismo histórico:
a) Função-ideológica: conhecimento das formas universais do ser e das relações universais das coisas (p.2).
b) Função gnoseológica: as categorias e leis refletem as leis do desenvolvimento do conhecimento, além de constituírem os pontos centrais, os graus e as formas de funcionamento e do desenvolvimento do processo de cognição p.2). Isto significa pensar com exatidão.
c) Função metodológica O conhecimento das categorias e leis da dialética : formulam os imperativos aos quais deve submeter a atividade do pensamento e a atividade prática.
As categorias e leis são graus do desenvolvimento do conhecimento científico e da prática social. As categorias e leis estudam a essência dos fenômenos da realidade.

003 - A natureza das categorias. Depende da resolução que alcançamos da correlação entre o particular e o geral na realidade objetiva e na consciência, assim como à colocação em evidência.
Creio que as palavras chaves para entender isso de "correlação entre o particular e o geral", são as palavras "correlação" , e "relação". Existe diferença entre estas duas palavras?
ANTÔNIO HOAUISS . Dicionário Ouaiss da língua portuguesa.RJ: Editora Objetiva,2001.pp.845-6, diz:
Correlação : " correspondência, similitude, analogia,entre pessoas,coisas e idéias , relacionadas entre sim .
Em Estatística :Interdependência de duas ou mais variáveis."
No dicionário Aurélio Correlação é uma relação mútua.
NICOLA ABBAGNANO. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
p.214: " Os opostos correlativos não se excluem mutuamente porque um evoca o outro, no sentido de que o dobro se diz da metade e a metade do dobro"
p.841 (Abbagnano): Relação: " é aquilo cujo ser consiste em comportar-se de certo modo para com alguma coisa".
HOUAISS, p.2420: Relação" Consideração que resulta da comparação de dois ou mais objetos".

DO PARTICULAR E O GERAL.

De acordo com estas definições , o particular e o geral, no fenômeno, não se opõem. Eles, o geral o particular estão correlacionados. Der acordo com certos pontos de vista (marxistas, especialmente) o particular e geral estariam presentes no fenômeno.
O geral, seria o que é comum a um grupo de fenômenos, e que estaria na essência do fenômeno.
O particular estaria representado pelo próprio fenômeno, em cuja essência teria a presença do geral. Um tigre qualquer seria um carnívoro por que possui dentes especiais (caninos) para alimentar-se de carne, mas o gato, ou o cachorro, porque teria uma dentadura própria característica dos carnívoros, também são carnívoros .

A resolução deste problema, de que existe no fenômeno, nas coisas, é o particular ou é geral. Noutros termos, poderia se perguntar: o que existe primeiro, é o particular ou é o geral ?
Esta pergunta representa uma velha batalha na filosofia. De acordo com Cheptulin, para Platão o único real, verdadeiro, era o geral, e que todos os fenômenos que encontrávamos no mundo cotidiano eram sombras, expressões do geral , que para Platão o geral era idéia, eterna, imutável, perfeita.

Aristóteles, por exemplo, poderia dizer-se que diz o contrário. O primeiro que existe diz o estagirita, é o particular .E o geral se forma na consciência humana depois de observar que os traços essenciais do fenômeno particular estão também presentes noutros fenômenos que essencialmente apresentam as mesmas características. O que está em todos os fenômenos de um mesmo grupo, o que seria a essência de todo esse grupo de fenômenos, é o geral.

Breve nota histórica
Na Idade Média (Cheptulin,p.7) houve uma discussão teológica sobre as categorias. Se formaram dois grandes correntes de discussão: os realistas e os nominalistas. Os realistas seguiram a linha platônica, e consideravam as categorias como " "essências ideais autônomas, existindo independentemente dos homens e das coisas". Os nominalistas não aceitavam essa concepção, e lhe negavam às categorias uma existência autônoma e independente nas coisas e na consciência". E, alguns filósofos, negaram a existência do geral. (p.7).
Kant (p.9-10) considerou as categorias como formas da atividade do pensamento, criadas a priori pela natureza. “O conteúdo é determinado pela consciência.”
Hegel (p.11), "interpretava a natureza das categorias no plano do idealismo objetivo ( Isto é, que existiria uma consciência geral fora da consciência individual do ser humano.para Hegel era o espírito absoluto; para Platão, a idéia. (Veja Triviños Introdução á pesquisa qualitativa em ciências sociais p.20 ).
Segundo Hegel, essas categorias apareciam no decorrer do processo do reflexo da realidade na consciência dos homens, porém em decorrência do desenvolvimento da idéia (espírito absoluto), que existe anterior e independentemente da existência do mundo.
“A idéia absoluta desenvolve seu conteúdo por meio das categorias que aparecem sucessivamente, e ela se transforma em natureza, em mundo material, se encarna nas formações materiais e nas coisas. Então, sem ter consciência de si mesma , ela sofre um certo desenvolvimento. Em seguida ,depois de rejeitar a forma do ser físico que lhe é estranha, a idéia absoluta volta novamente para seu elemento espiritual adequado; depois , por meio da tomada de consciência do caminho percorrido no decorrer do processo de desenvolvimento do conhecimento, regressa definitivamente para si mesma , para existir, em seguida, eternamente sob a forma de espírito absoluto(p.11)".
Para “Hegel as categorias representam "essências ideais " que exprimem os momentos correspondentes da idéia absoluta ,assim como os graus de seu desenvolvimento dialético” (p.12, grifo nosso).

Existem cinco tendências em relação das categorias.
Na história do pensamento filosófico existem cinco tendências em relação à idéia de categoria .
a) Realista : as categorias existem fora e independentemente da consciência humana,sob a forma de essências ideais particulares ( Idéia platônica )
b) Nominalista: essas categorias gerais não representam nada, não existem, são palavras vazias, puras ficções.
c) Kantiana: as categorias são formas de atividade do pensamento, existentes a priori, próprias à consciência do homem e constituindo suas características e suas propriedades inerentes
d) Aristotélica, de Locke, dos materialistas do século XVIII: as categorias são imagens ideais que se formam no decorrer do desenvolvimento da consciência da realidade objetiva e que refletem os aspectos e os laços correspondentes das coisas materiais.
e) A teoria materialista dialética das categorias: A diferença dos pré-marxistas que afirmam que o conteúdo dessas imagens coincide diretamente com as propriedades e os laços correspondentes das coisas, o marxismo considera que essas imagens são o resultado da atividade criadora do sujeito, no decorrer do qual este último distingue o geral do singular. Esse geral exprime as propriedades e as correlações internas necessárias. É por isso que a imagem ideal que representa o conteúdo dessa ou aquela categoria, sendo a unidade do subjetivo e do objetivo, não coincide imediatamente com os fenômenos com os quais se encontra na superfície das coisas. Pelo contrário, ela se distingue sensivelmente dos fenômenos e chega mesmo a contradizê-los, já que eles não coincidem com sua essência. O conteúdo das categorias deve coincidir e coincide até determinado ponto, não com o fenômeno, mas com sua essência, com esse ou aquele de seus aspectos (p.17-18).

004 – II. O PROBLEMA DA CORRELAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIALÉTICA.

4.1. p.19: " As formações materiais do mundo objetivo simplesmente existem e nada mais. Elas encontram-se em contínua interação. Nesse processo de interação manifestam-se suas propriedades, que as caracterizam como corpos isolados, determinados , fenômenos que, em certas circunstâncias , passam uns pelos outros.

4.2. O resultado disso é que todos os fenômenos da realidade se encontram em um estado de correlação e de interdependência universais.

4.3. Mas, nesse caso, os conceitos, pelos quais o homem reflete, em sua consciência, a realidade ambiente, devem ser igualmente interdependentes, ligados uns aos outros, móveis e, em determinadas circunstâncias , passar uns pelos outros e transformar-se em seus contrários, por que é somente dessa maneira que eles podem refletir a situação real das coisas".

4.4. p.19 “O que caracteriza o estudo dos conceitos, em geral, relaciona-se igualmente, é claro ao estudo das categorias, dos conceitos que refletem as formas universais do ser, os aspectos e os laços universais da realidade objetiva". Desvendar a riqueza das leis dialéticas é possível se analisarmos as categorias que as refletem em sua correlação e em sua interdependência, se fizermos um sistema no qual cada uma delas ocupará um lugar rigorosamente definido e no qual terá o relacionamento necessário com todas as outras". (p.20)

4.5.-p.20. RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA CORRELAÇÃO DAS CATEGORIAS NA FILOSOFIA PRÉ-MARXISTA.

4.5.1. p.20 Aristóteles foi o primeiro em realizar um estudo sistemático das relações das categorias. Mas ele se baseou nos princípios da lógica formal, não a correlação real das categorias. Também não considerava todas as categorias já existentes em seu tempo.
Kant fez uma tentativa de estabelecer uma correlação das categorias, mas também se baseou nos princípios da lógica formal.

4.5.2. Kant tratou de mostrar, porém, que a cada etapa correspondente um grau de conhecimento. Ex.: a percepção sensível dos fenômenos corresponde às categorias de espaço e tempo; o estágio do pensamento discursivo, às categorias de quantidade, qualidade, de relação e de modalidade.(p.20). Dizia Kant que as categorias estavam a consciência dos homens antes de qualquer experiência.

4.5.3. Hegel criticou Kant e apresentou os princípios dialéticos como base de seu sistema de categorias. Para Hegel ," As categorias são momentos ou graus do desenvolvimento da idéia existindo fora e independente do mundo material e do homem"(p.21)

4.5.4. Hegel parte do ser puro (p.21) , que é idêntico à nada. O " ser puro" agindo com o "nada", transforma-se num " vir -a -ser", criando um "ser aqui".(p.21) (Podemos observar que este "ser aqui" é resultado de um processo dialético, ou seja: movimento, qualidade). Com este procedimento, se originam todas as categorias hegelianas. Esse "ser aqui", se transforma, manifestando-se como " alguma coisa", e esta " alguma coisa " se transforma em "outra coisa". Assim segue até o infinito. E assim nasce a categoria de infinito. O infinito para Hegel não é um movimento eterno, mas "movimento graças ao qual alguma coisa original, no decorrer do processo da passagem de uma para outra, não se perde, não desaparece na série infinita de outras coisas ,mas pelo contrário, volta para si mesma, " em sua outra, regressa para si mesma".(p.23)

Desse modo se originam todas as categorias, segundo Hegel, até chegar à categoria de conceito, da idéia. Esta idéia se sente alheia nesse ambiente objetivo e regressa ao espírito absoluto, transformado. Assim, o espírito absoluto não é fixo, perfeito ,mas está sempre em movimento, transformando-se.
(Seria conveniente aprofundar mais este capítulo de Cheptulin no qual se refere à correlação das categorias de Hegel que vai até p.54). p.24. Hegel captou de maneira genial a Lei da correlação desses processos e, em particular, suas passagens de umas para as outras e de sua unidade. “(...) A passagem da qualidade para quantidade, a despeito de seu caráter artificial, reflete e exprime, em Hegel em traços gerais o processo real do desenvolvimento do conhecimento”. Categorias : quantidade, qualidade, medida.
Ex: MEU PROJETO:
Processo de formação do técnico em viticultura e enologia começa quando a pessoa ingressa ao curso de Viticultura e Enologia e termina quando se forma como técnico. No momento em que começa o processo de formação do técnico começa também a categoria de Medida, e a medida se estende até o final do curso. No processo de desenvolvimento da medida , a quantidade e a qualidade ficam anuladas, implícitas, dentro do processo de formação do técnico.

A correlação é uma forma de oposição.Mas os opostos correlativos não se excluem mutuamente,inclusive podem permutar-se, interpenetrarem-se, um ser o outro ,e vice-versa. É o que passa quando a quantidade se transforma em qualidade, e vice-versa.

A relação, entretanto, se estabelece quando algo se comporta de determinada maneira frente ao outro.Por exemplo: a água com o calor se evapora .Existe ai uma relação: a água não se evapora se não existe certo grau de temperatura, ao nível do mar, por exemplo,100°

Prigonine ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1977, por haver formulado a teoria do caos. Na teoria do caos a matéria está, inicialmente, em permanente estado de organização e de reorganização. Não existe nada definido. Não é primeiro nem a quantidade nem a qualidade.Ambas parecem simultaneamente ao criar-se um estado de organização ou de reorganização da matéria.

Num fenômeno material existem todas as categorias e leis do materialismo dialético: realidade, possibilidade, causa e efeito, de negação ,de conteúdo, de forma, de estrutura, prática, teoria, matéria, consciência e outras.

Neste capítulo, p.36, são apresentadas teorias relativas à correlação de categorias, categorias que têm um valor objetivo que se denominam de constitutivas( principais e secundárias) e categorias que um valor representativo que se denominam de reflexivas. A categoria de identidade e de diferença ”estão indissoluvelmente ligadas e não podem funcionar uma sem a outra” e são ditas como lógicas. (p.36).


4.6. DO PRINCÍPIO DE PARTIDA E DOS PRINCÍPIOS DE EDIFICAÇÃO DO SISTEMA DAS CATEGORIAS DA DIALÉTICA.

4.6.1. p.55: "Uma boa solução para o problema da correlação das categorias supõe, antes de tudo, uma escolha correta do princípio de partida, das categorias das quais se parte (Hegel partiu do espírito absoluto, Aristóteles da substância, Platão da idéia ) para que permitam no processo de sua análise, que se efetue a passagem de uma categoria
à outra e por ela mesma, a colocação em evidência das leis de sua relação recíproca e, por meio delas, as leis da relação recíproca das ligações e das formas universais do ser que as refletem".

“As categorias da matéria e da consciência devem necessariamente ser relacionadas com as categorias fundamentais e determinantes e a análise deve começar por elas. “ (...) o materialismo dialético estuda os aspectos e as relações universais da realidade objetiva”.

4.6.2.-Não é fácil encontrar o princípio de partida de um sistema de categorias.

4.6.3.-Está o problema da relação do ser com o pensamento.É um problema básico da filosofia. O que é primeiro, o ser, a matéria (para marxismo), ou o pensamento, a idéia? Sua resolução determina a essência da filosofia.

4.6.4..-O materialismo dialético tem as categorias de matéria ( ser) e a consciência (pensamento) .E portanto, essas categorias, a matéria e a consciência devem ser consideradas no sistema de categorias do materialismo dialético.

4..6.5. Para o materialismo dialético a matéria é primeiro.A consciência seria uma propriedade da matéria mais altamente desenvolvida.

4.6.6. p.55: mas também " o materialismo dialético estuda os aspectos e as relações universais da realidade objetiva.". Mas alguns desses aspectos são determinantes, porém importantes nessa realidade objetiva. Desta maneira, haveria que considerar as categorias que "estão ligadas à lei da unidade e da luta dos contrários"(p.56) como um dos princípios deste sistema de categorias do marxismo.

4.6.7.-Por outro lado, os clássicos do marxismo consideravam que a prática social "era fator determinante do conhecimento (p.56).

4.6.8.-Se pensamos que são a matéria e a consciência constituem a cabeça do sistema de categorias, estabeleceremos "que as categorias são produtos da consciência, que elas se formaram no processo desenvolvimento do conhecimento, que seu conteúdo é emprestado da realidade objetiva,que elas são cópias ,fotografias de certos aspectos e ligações do mundo exterior (p.56)"

4.6.9.- O que passa (p.57) se colocamos a lei da unidade e a luta dos contrários à cabeça do sistema de categorias marxistas , isto é, colocando ênfase no fator que se relaciona com realidade objetiva? Mas, rapidamente poderíamos perceber que mediante essa lei não podemos estabelecer com clareza a correlação e interdependência, a ordem, das categorias.

4.6.10.- p.57: "Desenvolvendo-se com base na prática, o conhecimento representa um processo histórico, no decorrer do qual o homem penetra cada vez mais profundamente no mundo dos fenômenos". Nesse processo, as categorias aparecem em uma ordem determinada cada uma delas em um estágio rigorosamente determinado do desenvolvimento do conhecimento. Fixando os aspectos e as ligações universais colocadas em evidência pelo conhecimento em um estágio dado de desenvolvimento,as categorias refletem as particularidades desse estágio e são , de certa maneira, graus e pontos de apoio para a elevação do homem acima da natureza , para o conhecimento desta. Em outros termos, as categorias, refletindo as ligações e os aspectos universais do mundo exterior,são, ao mesmo tempo, graus do desenvolvimento do conhecimento. Momentos que fixam a passagem do conhecimento de certos estágios do desenvolvimento a outros.(p.58)

4.6.11.- p.60: "Assim, as categorias de partida, na análise das categorias,devem ser aquelas que refletem o fator fundamental e determinante do desenvolvimento do conhecimento,isto é , as categorias da prática. Seguindo o desenvolvimento desse fator determinante (prática social), reproduzimos as categorias na ordem que elas aparecem mo processo de evolução do conhecimento e, assim, nós os apresentamos em sua correlação e em sua independência naturais e necessárias.."

"Mas tomando como ponto de partida, nesse estudo das categorias, os fatores que se referem ao domínio do conhecimento, não podemos e também não devemos ignorar a importância primordial da questão fundamental da filosofia (o que é o primeiro, a matéria ou espírito?). Pelo contrário, o estudo das categorias deve começar pela análise da questão fundamental da filosofia e, depois de haver determinado a ordem de análise das categorias a partir da ordem de seu aparecimento, devemos analisar cada uma delas à luz desta questão, no plano da relação da matéria e da consciência” (p.61).

4.5.12.-"p.61:" A decorrência do que acaba de ser dito é que o ponto de partida, no estudo das leis e das categorias do materialismo dialético, devem ser as categorias de

MATÉRIA, CONSCIÊNCIA E DE PRÀTICA.

Os princípios diretivos da construção do sistema devem ser: primeiramente, a concepção das categorias como graus do conhecimento, exprimindo a unidade do histórico e do lógico e, segundo lugar, o princípio da identidade da dialética, da lógica e da teoria do conhecimento. (p..61).





005. III. MATÉRI A E CONSCÎENCIA

5. 1. A MATÉRIA.

5.1. p.62. O conceito de matéria se encontra em todos os sistemas filosóficos, com as mais diversas acepções. Porém, os idealistas negam a existência da matéria, e negam também sua objetividade.

5.2. Entre os materialistas existem concepções da matéria.
p.64: “Todos concordam em reconhecer a existência objetiva da matéria, uma existência independente da consciência ou do espírito, sejam o que eles forem” (sejam).

5.3. p.64: Na antigüidade grega, os materialistas consideravam a matéria como esse ou aquele corpo concreto sensível, a substância mais expandida, que eles consideravam como princípio de todas as coisas .Thales( água); Anaxímenes ( ar); Heráclito(fogo);Empedocles (água, ar, fogo e terra);Anaxágoras ( inumeráveis sementes de coisas); Democrito (o átomo).

5.4.-O materialismo dialético, porém (p.66) não reduz nem jamais reduziu a matéria aos átomos nem a alguns outros elementos imutáveis, e nenhuma essência imutável,mas sim que o materialismo considera o mundo infinito em sua diversidade”.

5.5.-" É errado identificar a matéria com suas formas ou aspectos concretos (o fracasso escolar; um morro; os jovem que trabalha e estuda; Magda; gargantilha; vinho; calopcita; enólogo; uma videira e outros. Essas são formações materiais). A matéria é a realidade objetiva, tudo que fica fora da consciência, e que existe independentemente da consciência humana(p.67)"

5.6.-p.68: "A matéria não é uma realidade objetiva concreta qualquer, mas uma realidade objetiva em geral. Desse modo se diferencia o marxismo dos gregos materialistas que indicavam coisas concretas ( fogo, por exemplo) como matéria.

2. MATÉRIA E FORMAÇÃO MATERIAL .ASPECTOS DA MATÉRIA. (p.73).

5.7. "p.73:" Sendo uma realidade objetiva, a matéria existe não sob o aspecto de uma massa homogênea, mas representa um todo desmembrado, do que todas as partes, encontrando-se em correlação universal, estão em um certo isolamento e, em decorrência disso, manifestam-se como formações materiais autônomas. As formações materiais estão ligadas a conceitos como o "corpo", a "coisa", "o fenômeno". Cada formação material representa assim uma parte da matéria, um de seus elos. Juntas, elas constituem a matéria". As formações materiais não são eternas (p.74) . Neste sentido , o conceito de matéria, no sentido estrito do termo, é inaplicável às formas materiais particulares ( corpos, cosias, fenômenos).

3. DA SUBSTANCIALIDADE DA MATÉRIA.

5.8. p.76: "Na qualidade de substância a matéria opõe-se não à consciência, mas às suas manifestações, entre as quais figura também a consciência. Enquanto substância , a matéria é a base de todo sendo".

4. O REFLEXO.

5.9. O reflexo representa a faculdade de uma formação material reagir de uma maneira determinada, sob a influência de uma outra forma material, e, através das modificações correspondentes de certas propriedades ou estados, a faculdade de representar ou de reproduzir as particularidades desta outra formação material."(p.78).

5.10. p.83:"O reflexo é uma propriedade universal da matéria, que consiste na capacidade de reproduzir ,das formações materiais ,as particularidades de outras formações materiais agindo sobre elas,nessas ou aquelas modificações de seu estado ou de uma propriedade
qualquer ".

6. O PSÍQUICO E O FISIOLÓGICO.

5.11 p.85: O reflexo psíquico é um sinal, uma imagem dos objetos do mundo exterior que agem sobre o organismo".
Psicólogo soviético Rubinstein diz p.78: “reflexo significa que a sensação e os fenômenos psíquicos têm em sua base e suas premissas no mundo material”.

7. A CONSCIÊNCIA.

5.12. p. 88: "A atividade psíquica dos animais superiores, a um certo grau de desenvolvimento de seu sistema nervoso, do cérebro, transforma-se necessariamente em uma forma qualitativamente de reflexo da realidade, transforma-se em consciência
Desde modo a consciência é uma forma de reflexo da matéria mais altamente desenvolvida, o cérebro.
A consciência é um aspecto da forma social do movimento da matéria. A consciência é um produto social (p.90)
p.93: " Sendo uma propriedade da matéria altamente desenvolvida, que se formou a partir do trabalho e das relações sociais surgidas entre os indivíduos no decorrer da produção dos meios necessários para a vida, a consciência representa uma forma nova, mais elevada do reflexo psíquico da realidade. Ela é uma fotografia, uma cópia , uma imagem particular desta. E como qualquer outro fenômeno psíquico, ela também possui uma natureza ideal"
(p.93): "A idealidade da consciência exprime-se no fato de que suas imagens constitutivas não possuem nem as propriedades dos objetos da realidade refletidos nela, nem as propriedades dos processos nervosos partir dos quais essas imagens nasceram". (p..94) “Elas não encerram nem um grão de substância , característica da realidade refletida e do cérebro. São além disso,privadas de peso, de características espaciais e de outras propriedades físicas".(p.94).

5.13. p.99: " A consciência é a compreensão do que se produz na realidade ambiente".

5.14. p.99:"Mas a compreensão do que se produz não representa nada além de seu saber. O mundo exterior é apresentado na consciência sob a forma de imagens reproduzidas no cérebro humano pela interação do homem com esse mundo. O conjunto dessas imagens que refletem a realidade ambiente constitui o saber do homem. Utilizando essas imagens e a informação que elas contém sobre essas ou aquelas propriedades e ligações dos objetos e fenômenos do mundo exterior , o homem chega à compreensão do que se produz em torno dele. Assim o saber é uma forma da existência da consciência .

5.15. p.99. Ainda que a consciência manifesta-se como saber, ela está longe de lhe ser idêntica. A consciência existe não só em forma de conhecimento, mas igualmente sob a forma de emoções, sentimentos, vontades. Por outro lado, todo o saber não constitui a consciência (...) A consciência não é todo o saber, mas somente aquele do qual o homem utiliza-se a cada momento dado, que nasce de seu cérebro, quando da compreensão dessa ou daquela situação concreta".


005. IV. AS CATEGORIAS COMO GRAUS DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E DA PRÁTICA.

005. p.124:" Com o surgimento da consciência, o reflexo da realidade, pelo sujeito, adquire um caráter consciente e manifesta-se antes de tudo, sob a forma de conhecimento, chamado para assegurar à sociedade, os conhecimentos necessários para a organização e o desenvolvimento da produção, assim como a transformação do meio ambiente no interesse do ser humano".

05.1. p.124: "Estando ligado organicamente à atividade laboriosa dos seres humanos e à prática, o conhecimento, como já fizemos observar, funciona a partir da prática e desenvolve-se da intuição viva ( concreto sensível ) ao pensamento abstrato,( análise do concreto sensível ) e do pensamento abstrato à prática ( ação ) como critério de verdade. Repetindo um número infinito de vezes o ciclo: intuição vida-pensamento abstrato prática, o conhecimento desenvolve-se , descobre novos aspectos e ligações e, em certo estágio de seu desenvolvimento, começa a captar e a distinguir as propriedades e ligações universais e a tomar consciência das leis universais da realidade e das formas universais do ser".

“Os aspectos e as ligações universais conhecidos exprimem-se, como já dissemos, nas categorias que, sendo formas do reflexo universal, são também, a o mesmo tempo, pontos centrais, graus do movimento do conhecimento inferior ao superior".

"Em que ordem realizou-se o conhecimento das formas universais do ser, das propriedades e das ligações universais da realidade? Em que ordem surgiram as categorias filosóficas e qual a relação existente entre elas, enquanto graus do desenvolvimento do conhecimento social? "

5.2. p.125. 1.A relação entre as categorias da dialética enquanto graus do desenvolvimento do conhecimento.

5.2.1.-p.125: "A forma primeira e mais simples do aparecimento da consciência, é a tomada de consciência, pelo homem, de sua existência, a separação de si com relação à natureza e à compreensão de sua relação com ela."

5.2.2 EM QUE ORDEM SURGIRAM AS CATEGORIAS FILOSÓFICAS ?
Seguindo Cheptulin, posso dizer que a ordem de aparecimento das categorias como graus do conhecimento é a seguinte (Com todas as dúvidas que possa ter, especialmente em relação a algumas categorias. Não coloco nessa ordem as categorias de matéria, consciência e prática social, porque as considero básicas do marxismo, do materialismo dialético.Mas isso poderia ser discutido, debatido).

Segundo o que captei de Cheptulin a ordem de aparecimento das categorias seria a seguinte:
a) Movimento; b) Espaço; c) Tempo d) Particular; e) Singular; f) Geral; g) Universal;
h) Qualidade; i) Quantidade; j) Causa; k) Efeito; l) Necessidade; m) Contingência; n) Lei; o) Conteúdo; p) Forma; q) Essência; r ) Fundamento; s) Contradição; t)Negação; u)Realidade; v)Possibilidade.

Tudo isto está explicado por Cheptulin. E a ele devemos seguir. Porém, é conveniente ressaltar que, à primeira olhada, e pensando em nosso problema de pesquisa, essas categorias, nos estarão indicando: qual deverá ser o caminho que devemos caminhar. Não devemos esquecer que todas as categorias estão correlacionadas, estão em correlação. Isto significa que nosso fenômeno de pesquisa apresenta uma realidade histórica (movimento) e que está dentro de um certo espaço, tempo, que é particular e, ao mesmo tempo geral, universal, que apresenta certa qualidade e certa quantidade.

Não tenho muito claro, mas sinto que até aqui, (estou olhando meu problema de pesquisa) constitui uma parte do conhecimento do fenômeno. Isto não quer dizer que posso avançar na etapa de projeto noutras categorias. Creio que se trata, para fazer isto, o tipo de problema que estamos apresentando como tese. O que desejo dizer: que a dialética entranha um processo natural do pensar, um processo natural que deve ser disciplinado, consciente. Noutras palavras, quero dizer que não é natural pensar a realidade em forma fragmentada, ao modo positivista, ainda que ela apareça a nossos olhos dessa maneira. Na verdade, tudo está correlacionado, em movimento.

Creio que devemos ter um pensamento dialético disciplinado.Para isso, entre outros livros, devemos estudar Cheptulin. Depois podemos chegar a O Capital, onde tudo aparece dialeticamente. Como entender O capital sem dialética? No mínimo que saibamos como Marx movimenta seu pensar sobre o que testemunhou em suas investigações.

Nesse esquema de Cheptulin, não aparece a categoria de totalidade. Mas ela, segundo meu ponto de vista, surge naturalmente quando olhamos dialeticamente nosso fenômeno de pesquisa. O importante é distinguir que a totalidade marxista, não é o todo metafísico, ou universo. A totalidade marxista encontra- se, magistralmente, mostrada em O Capital, quando Marx reduz toda a realidade econômica, da história, a um fato concreto sensível, que é o capitalismo inglês, que é o que lhe interessa. Isso, para explicar a categoria de totalidade, é como, se podendo, tomar a formação de professores no mundo, tomássemos só a formação de professores no Brasil. Este seria no objeto sensível que estaria vinculado historicamente a uma realidade concreta, a do Brasil; mas poderíamos comparar, analisar, em relação com uma realidade mais ampla, histórica. Creio que temos dois livros para definir com clareza a categoria de totalidade marxista: História e consciência de classe de Lukács e a Dialética do concreto, de Kosik. Podemos ir também ao Bottomore, Dicionário do pensamento marxista, livros que conhecemos muito bem.

A seguir, tratarei, em forma sucinta, as definições e caracterizações de cada uma das categorias de Cheptulim, além das já desenvolvidas: Matéria, Consciência e Prática social que são mais conhecidas por nós, porque foram desenvolvidas em nossas aulas de metodologia da pesquisa e nos seminários avançados.


5.2.2.01. p.125: " A separação em si, com relação à natureza, supõe a tomada de consciência pelo homem da espacialidade , da existência dos objetos fora dele e, ao mesmo tempo, de aparecimento da representação , depois de conceito de espaço , das características espaciais. O conhecimento das particularidades das transformações intervindo na realidade ambiente, em decorrência da atividade laboriosa, conduz à formação do conceito de tempo, como medida de toda modificação e de todo movimento concreto”.

5.2.02.-p.125-6: " Confrontando-se no processo do trabalho e na vida cotidiana com o
particular, isto é, com os objetos , fenômenos , processos particulares , o homem” toma contato com o singular.

Mas a medida que conhece outros objetos particulares, singulares, se realiza a passagem do singular ao geral, e , em seguida, através da prática, o universal.

5.2.03.- p.126: "Tomando consciência do particular ( objeto, processo, fenômeno o homem) o homem julgava- o sob o ângulo de sua qualidade , e se esforçava para elucidar o que representava esse objeto”.

“À medida que homem passava de um objeto para vários, e comprando-os na prática e em sua consciência ressaltava suas semelhanças ,isto é o geral e o diferente ( particular ) ele começava a tomar conta das características de quantidade , sua grandeza”. Todas estas características, entre a qualidade e a quantidade pareciam como coexistentes e independentes. O conhecimento posterior da quantidade e qualidade conduz à descoberta da correlação e da interdependência orgânicas das características qualitativas e quantitativas, de sua interpenetração e de sua passagem de uma a outra.

5.2.04.- p. 126: “O conhecimento da correlação entre os diferentes aspectos da qualidade, as características quantitativas e a passagem recíproca da quantidade e da qualidade, permitiu tomar consciência ao homem, que a transformação de uma aspecto, de uma propriedade de um fenômeno , é condicionado por uma certa modificação de um aspecto, uma outra propriedade, um outro fenômeno. O que engendra o outro e condiciona sua aparecimento reflete-se no conceito de causa; e que é engendrado e condicionado reflete-se no conceito de efeito.”

5.2.05.p.127: “ O estudo da ligação de causa e efeito, mostra que a ligação, entre certos fenômenos, entre causa e efeito possui um caráter necessário”. E aí nasce o conceito de necessidade. Quando não existe essa relação necessária entre a ligação de causa e efeito, então aparece o conceito de contingência.

p.127: “as ligações necessárias estáveis, ou seja que apenas aparece a causa surge o efeito, repetindo-se, começam a ser consideradas como leis, a ser concebidas mediante o conceito de Lei, especialmente criada pelo seu reflexo ".

p.127: " A medida que vão se acumulando conhecimentos sobre as propriedades e ligações (leis) necessários no domínio estudado da realidade ,surge a necessidade de reunir todos esses conhecimentos em um todo único e de considerar todos os aspectos (propriedades) e ligações( leis) necessárias do objeto em sua interdependência natural. A reprodução, na consciência e no sistema, de imagens ideais (conceitos) do conjunto dos aspectos e ligações necessários próprios ao objeto representa o conhecimento de sua
essência”.

Noutras palavras, a essência está constituída por conceitos (categorias) e leis (juízos) que são necessários próprios do objeto. Isto é, por aspectos e ligações que formam parte da essência.

p.127. “O movimento em direção à essência começa com a definição do fundamento, do aspe4cto determinante, da relação, que desempenha o papel de célula original na tomada de consciência teórica da essência de todo o estudado.”

O estudo que constitui a essência do objeto supõe a “análise do fundamento( do aspecto determinante, da relação ), em seu movimento,em seu aparecimento e seu desenvolvimento que o fundamento faz nascer e transforma outros aspectos e relações do todo( que é o fundamentado e assim forma sua essência. A representação da célula original ( do fundamento) de todo o estudado em movimento e em desenvolvimento presume a descoberta de tendências contraditórias que lhe são próprias, da luta dos contrários que condicionam sua passagem de um estado qualitativo a outro. Assim, o conhecimento,desenvolvendo-se , chega finalmente à necessidade formação das categorias de "contradição", de "unidade" e de "luta dos contrários".

p.128: " Colocando em evidência a contradição, própria do fundamento e seguindo seu desenvolvimento e sua resolução, assim como a resolução do objeto, o sujeito descobre que a passagem do objeto de um estado qualitativo a outro, efetua-se mediante a negação dialética de certas formas do ser por outros, a manutenção do que é positivo no negativo e a repetição do que já passou sobre uma nova base superior. Os conceitos de negação dialética e de negação da negação surgiram para repetir essa lei” ( lei da contradição ).

“O conhecimento do objeto não termina com a reprodução da essência na consciência. Ele vai muito mais longe: por um lado da essência ao fenômeno (as propriedades e as ligações contingentes exteriores explicam-se a partir dos aspectos e das ligações interiores, por outro lado, da essência da ordem primeira à essência segunda, e assim sucessivamente”.

2. ORDEM DE APARECIMENTO E DE APLICAÇÃO DAS CATEGORIAS DA DIALÉTICA NO CURSO DO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO.

p. 128: A pergunta que devemos responder neste capítulo, pode ser formulada assim: Que categoria é a primeira no desenvolvimento do conhecimento científico? Qual é a segunda categoria no desenvolvimento do conhecimento científico e assim por diante, até chegar ao conhecimento completo do objeto? Assim entendemos que as categorias são graus do conhecimento social.

Cheptulin, da um exemplo para explicar esses graus de desenvolvimento: o estudo dos fenômenos elétricos. É necessário ler esse capítulo para captar claramente a idéia.

Nós apenas podemos afirmar que, segundo nosso parecer, o primeiro grau de conhecimento que os seres humanos tiveram sobre esse fenômeno ( eletricidade), foi de suas existência particular. O ser humano descobriu que o âmbar, friccionado, atraia outros corpos e essa interação produzia modificações nos objetos, isto é, havia movimento. Tudo isto se produzia num espaço determinado.Então os homens concluirão que friccionado o âmbar era capaz de manifestar propriedades elétricas. Mas tarde o homem descobriu que havia outros corpos capazes de ter propriedades elétricas. E assim surge a categoria do geral E comparando todos os objetos chegaram a estabelecer as propriedades essenciais do objeto, e assim apareceu a categoria de qualidade. Depois de haver determinado a qualidade, os científicos procuram determinar a quantidade.
Depois os científicos descobriram (já no século XIX) a correlação entre o quantitativo e o qualitativo. E este conhecimento serviu de base para estabelecer o laço de causa e efeito. Os laços de causa e efeito forma considerados como necessários (necessidade) E assim, descobrindo as ligações necessárias entre causa e efeito, se estabeleceu a lei. Com todas estas informações se tratou em seguida, de reuni-los em uma teoria única, isto é de reproduzir na consciência a essência da eletricidade (p.131).
Deste modo o conhecimento partindo do particular, que era considerado como singular, passou ao geral, e em seguida, finalmente, para o universal. (p.132 ).


3. A RELAÇÃO DAS CATEGORIAS COMO PONTOS CENTRAIS CONSIDERADAS SOB O ÁNGULO DO DESENVOLVIMENTO FILOSÓFICO.

p.133: Três interrogações faríamos neste capítulo as quais nos serviriam para orientar-nos na compreensão do que trata esta parte do livro de Cheptulin, seria a seguinte:
quando e que filósofos se preocuparam, e em que ordem, em geral, fixaram seu pensamento nos conceitos como forma de categorias?

1. Os primeiros filósofos (Thales,Anaxímenes e Anaximandro) deram singular importância às categorias de "ligação " e " movimento". O estudo das categorias de correlação e movimento estabeleceram os conceitos de espaço e tempo. Mas foi Aristóteles quem transformou estes conceitos em categorias de espaço e tempo.

p.134: Nesse mesmo período se elaboraram as categorias de "singular" e do" geral"
(Os filósofos de Mileto). Aí, Platão expressou que o único real era o geral, que, o singular e o particular eram sombras do geral. Aristóteles estabeleceu a dialética entre o singular e o geral, e do geral e o particular.

Todos esses filósofos estudavam os fenômenos, o ângulo de sua qualidade. Foram os pitagóricos que estabeleceram a categoria de quantidade como essencial. Em seguida, se estabeleceu a correlação entre quantidade e qualidade ( Empédocles, Anaxágoras). E, Aristóteles como categorias, a correlação entre quantidade e qualidade. Aristóteles também desenvolveu as categorias de causalidade e de "forma" Na evolução das categorias a Idade Média nada acrescentou.

Aristóteles = espaço e tempo, dialética entre singular e particular, correlação entre quantidade e qualidade, causalidade e forma.

p.135: Bacon ( século XVI) deu um grande passo adiante quando afirmou que a causa, não estava fora do fenômeno, como dizia Aristóteles, mas no interior do fenômeno.
Bacon pressentiu, ao analisar a casualidade, a ligação com as categorias de forma e de lei.
(necessidade) Esse período de Bacon se caracteriza pôr o desejo de pôr em evidência a ligação entre causa e efeito.

p.136: Spinosa afirmou a causalidade e sua ligação com a necessidade. Spinosa colocou o problema da casa primeira, isto é, o fundamento (célula original o fenômeno ). O fundamento era a substância, mas esta era imutável, infinita, eterna, o que não permitia explicar as modificações do fundamentado (o objeto ).
Kant tratou de resolver o problema que apresentou Spinosa com sua idéia de uma substância, infinita, eterna. E, kant diz que nos fenômenos existem forças opostas, atração e repulsão.Isso permitiu dar um passo adiante, estabelecendo-se a correlação ente o fundamento e o fundamentado.
Hegel prestou atenção ás categorias do necessário, do contingente, do conteúdo e da forma.

Hegel estuda as leis do movimento em direção à essência. Hegel mostrou, baseado na natureza contraditória do fenômeno material, como o fundamento (substância) desenvolve
seu conteúdo e origina a diversidade do fenômeno. Todo esse processo, Hegel desenvolvia a partir da idéia absoluta. Mas, posteriormente, com uma base materialista científica, apresentou as leis da formação e do conhecimento da essência,aplicada à formação capitalista (p.137).


4. AS CATEGORIAS ENQUANTO GRAUS DO DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA SOCIAL.


p.137: " O conhecimento das formas universais do ser dá-se no decorrer da atividade prática, no processo da transformação , orientada em direção a uma meta e à realidade".
A pergunta que poderíamos fazer aqui, talvez seja a seguinte: como podemos perceber, compreender, que as categorias surgem através da prática e, que essas categorias revelam graus do conhecimento, considerando que cada categoria compreende um grau do conhecimento?

Vamos a tratar dar respostas a estas perguntes seguindo as idéias de Cheptulin.
Como, por exemplo: as modificações que se observaram os fenômenos (movimento) transformaram na categoria do movimento?
Cheptulin enfrenta ao homem à natureza. O homem deseja transformar a natureza para aproveitar essa natureza transformada em favor próprio. O homem se empenha em transformar a terra e para isso usa ferramentas.
Vamos pensar, o homem usando uma pedra e com essa pedra, ele trata de modificar a terra. E nesse fazer descobre que existe uma ligação entre um objeto ou fenômeno e o outro objeto. Esse momento representa, segundo Cheptulin, um grau de conhecimento, que se apresenta num objeto particular, singular. Pouco a pouco, o ser humano vai conhecendo, através de sua prática que outros fenômenos sempre estão ligados para sobreviver, para existir. Descobrirá por exemplo, que a semente necessita de umidade, de calor. Sempre está observando que existem relações entre fenômenos e desse modo pode chegar à categoria, com valor universal. Disse Cheptulin: p.138: "observando milhares de vezes esse fenômeno, ele conclui, inevitavelmente, que tudo na realidade, o ambiente encontra-se em correlação, em interação e que tudo leva a modificações e transformações de um e outro.

No capítulo anterior, que Cheptulin apresentou o âmbar e o desenvolvimento da eletricidade, fica claro que: através da prática, se foi avançando desde um tipo de conhecimento particular, em seguida ao geral, e depois ao universal, quando se estabeleceu a essência do fenômeno.
É interessante ressaltar que a ligação da “teoria de Aristóteles sobre as quatro tipos de causa - final, formal, material e produtiva - na prática é bastante evidente. Aristóteles expõe a base de sua teoria da causalidade, tomando como exemplo, a construção de uma casa."(p.139).

p.140: " O resultado disso é que as categorias não são apenas graus de desenvolvimento da consciência, mas também graus do desenvolvimento da prática social dos homens, de suas relações entre eles e deles com a natureza".

p.140: "... as categorias refletem não apenas as formas universais do ser, as propriedades e as ligações universais da realidade e suas leis universais, mas também as leis do movimento do conhecimento do inferior ao superior , as leis do funcionamento e do desenvolvimento do pensamento".

5. DESENVOLVIMENTO DAS FORMAS DO PENSAMENTO NO PROCESSO DO MOVIMENTO DO CONHECIMENTO DE UMA CATEGORIA A OUTRA.

Antes de iniciar o desenvolvimento deste capítulo, será bom lembrar: o que se entende por juízo, em lógica.
Em lógica se denomina juízo a relação entre dois termos (sujeito e predicado) para afirmar ou negar algo. Por ex: A pobreza é grande no mundo. (Pobreza: sujeito; grande no mundo: predicado). O juízo não expressa a necessidade de verdade. Pode ser falso.

p.142: Na lógica formal, as formas do pensamento não foram consideradas nem movimento nem desenvolvimento. Eram fixas, e seguem sendo. A lógica formal nasce com Aristóteles. Ela se desenvolveu muito na Idade Média, com Kant e modernamente.
Há muitas formas de juízo.

Juízo segundo Laeng1 é o ato de dar unidade aos conteúdos múltiplos da experiência. A teoria das formas de juízo possíveis pertence à lógica, ao passo que a sistemática de sua exposição é estudada pela lingüística geral; as modalidades de gênese e formação do juízo são objeto da psicologia.
Esclarece Laeng: no uso corrente, juízo designa não só o ato, mas também a faculdade de o realizar: “ter juízo”, “ser ajuizado”, equivale a ter critério, discernimento” e, portanto, maturidade de pensamento. Educar o juízo significa, neste sentido, exercitar a capacidade crítica ( ver), desenvolver a tendência do pensar.
Juízo segundo Becker2 é o ato mental no qual, afirmamos, unimos dois conceitos e, negando, os separamos. Elementos do juízo: sujeito, predicado e cópula. A cópula é o próprio ato mental de unir ou separar o sujeito do predicado. Proposição é a expressão oral ou escrita do juízo. Divisão de proposição e do juízo: quantidade (universal, particular e singular. Ex. Universal: a pobreza é grande no mundo. Ex. particular: alguns pobres trabalham. Ex. Singular: Este pobre trabalha); qualidade(afirmativa/ negativa) e veracidade ( verdadeira ou falsa).

Para Aurélio Juízo: é ato de julgar; parecer, opinião., conceito; foro ou tribunal onde se processam ou julgam os pleitos, se administra a justiça; mente, pensamento; segundo Kant, juízo cuja afirmação ou negação é considerada como real. Ex: a alma humana é mortal.; juízo categórico; juízo coletivo; juízo de atribuição, juízo de realidade; juízo de relação; juízo de Salomão ( bom senso); juízo universal, juízo de deus; etc.

Hegel fez a tentativa de apresentar por primeira vez as formas de pensamento em movimento. Hegel pensou que o ponto de partida do pensamento em desenvolvimento era o conceito, a idéia. Hegel chamou à idéia espírito absoluto.Neste sentido, lembra Platão e seu mundo, as idéias eternas, perfeitas, imodificáveis, fixas.
Para o marxismo, o ponto de vista de Hegel não era correto.O marxismo pensou, pelo contrário, que o pensamento até chegar ao conceito, passou por muitas formas de pensamento, como o juízo e o raciocínio.

Para o marximso, o juízo é a forma mais simples do pensamento (p.146).
De maneira que pelo juízo devemos começar a descrever o movimento e o desenvolvimento do pensamento. E seguir pelo raciocínio. O conceito é a negação do juízo e do raciocínio.

p.146: Quando começar a conhecer o ambiente, consideramos o particular como singular. Isso se expressa nos chamados juízos singulares, que corresponde ao esquema lógico "O particular é o singular " ( "P é S "). Ex: O âmbar adquire propriedades magnéticas pelo friccionamento".

p.146: todos esses juízos se apresentam como juízos singulares indeterminados ( não sabemos se as propriedades que caracterizam o âmbar pertencem também a outros corpos). Mas posteriormente, verificamos que não existem outros corpos que tenham as mesmas propriedades que o âmbar. Neste caso o juízo indeterminado transforma-se em juízo determinado. E se expressa assim: p.146:" Dentre todos os objetos estudados desse grupo ,apenas esse objeto possui propriedades, até então desconhecidas". Se expressa assim: "Dentro todos os S um único S dado é P".

p.146: mas o conhecimento avança e descobre que as propriedades expressas em num juízo singular determinado não pertence aos objetos de um grupo dado,nem aos de outros grupos, o juízo singular determinado , desenvolve-se num juízo singular seletivo: "Apenas este particular, e unicamente este, possui esta propriedade anteriormente desconhecida: "Apenas o S dado é, unicamente ele, ´P".

p.147: mas descobrimos que outras formações materiais apresentam as mesmas características que o âmbar, o juízo singular indeterminado se transforma num juízo que tem a seguinte estrutura: " O particular é o geral: " O âmbar (mas não apenas o âmbar) adquire, pelo friccionamento, a propriedade de atrair outros corpos. Isto quer dizer que esse objeto particular estudado, âmbar,tem uma propriedade geral, isto é que caracterizam a outras formações materiais.

Por isso, esse juízo singular desse tipo se transforma necessariamente num juízo particular:"Certos objetos particulares possuem essa propriedade. "Certos S são P": "Certos alunos do PÓS são profundamente estudiosos".
Mas o pensamento segue em desenvolvimento e pode se descobrir que outros fenômenos do grupo possuem as mesmas propriedades : " O juízo particular indeterminado torna-se um juízo geral: "Todos os S são P:" todos os alunos do PÓS são profundamente estudiosos.

p.147 : "O juízo geral manifesta-se, antes de tudo, como juízo indeterminado, porque não sabemos se a propriedade indicada pertence exclusivamente aos alunos do Pós e não a todos os alunos da FACED e do ensino médio, que estes últimos, não possuem a qualidade indicada. Neste caso o juízo geral indeterminado transforma-se em um juízo geral determinado: " Dentre todos os grupos de objetos estudados, apenas o grupo considerado possui a propriedade em questão;" Dentre todos os S,apenas os S dados são P"
Ex.: Dentre todos os alunos estudados só os alunos do PÒS são profundamente estudiosos. (148).
Se a propriedade indica está ausente em todos os outros grupos, o juízo geral determinado, desenvolve-se num juízo geral seletivo. " Apenas os S em questão e unicamente eles ,são P.
p.148: Pode ocorrer que a propriedade fixada num juízo geral indeterminado pertencem a outros objetos que se relacionam com outros grupos. Neste caso , o juízo geral transforma-se num juízo mais geral: Todos os S ( mas não apenas eles,são P : "Todos os alunos do Pós, mas não somente eles são estudiosos.
(p.148) “Esse juízo mais geral se desenvolverá, por sua vez, em dois sentidos: pó rum lado, ele se desenvolverá no Plano Horizontal, isto é, pode transformar-se em um juízo seletivo, e, por outro lado, ele se desenvolverá no Plano Vertical, transformando-se em um juízo ainda mais geral e assim sucessivamente, enquanto não forem evidenciadas as propriedades universais, isto é, as propriedades que são as próprias a todos os objetos do grupo estudado ou todos os objetos em geral.

V. O PARTICULAR , O MOVIMENTO, A RELAÇÃO.

1. O PARTICULAR

(p.157): " para o Materialismo Dialético, o movimento e o repouso relativo, compreendidos com o um dos momentos do movimento, são, por sua natureza, próprias à matéria”. O movimento é a "corrente", o repouso é o "parar". E quando o movimento está em repouso, surgem as formações materiais ( idéia de "corpo", de "coisa", e de "objeto").

2. O MOVIMENTO.

a) O conceito de Movimento.

(p.158): O movimento foi analisado pelos filósofos gregos.Consideraram "algo", como início de todas as coisas. ( Esse algo se desenvolvia, se movia de algo para ser outras coisas). Assim temos " o apeiron " uma matéria indetermianda (Anaximando3); Thales( o princípio primeiro é a água); Anaxímes (ar); Heráclito ( o fogo ).
p.159: Estes filósofos gregos concebiam o movimento como um processo de destruição, de um e do surgimento (sobre a mesma base) do outro. Mais tarde surgiam a idéia de estabilidade. Parmênides acreditava que só existia a estabililidade, e negavava o movimento.
“Empédocles retoma o conceito de movimento, mas conserva também a estabilidade. Suas quatro raízes de todas as coisas (a terra, a água, o ar e o fogo), são eternas e imutáveis”. (p.160): De acordo com Anaxágoras, as coisas não aparecem, se misturam, e não desaparecem, se desintegram. Para Demócrito a base de todas as coisas estava no átomo, que eram imutáveis,este se uniam e se separavam. Aristóteles tomou a teoria do movimento como aparecimento de alguma coisa e a destruição de outra.
(p.161): Aristóteles distinguiu seis formas de movimento: a geração, a corrupção, o crescimento, a diminuição a alteração e a modificação local. Inclusive, disse Aristóteles:
"...não há movimento fora das coisas".

Nos séculos XVII e XVIII dominou a idéia mecanicista do movimento da matéria. Assim, está no pensamento de Descartes e em Holbach: o movimento como mudança de lugar do objeto.

(p.162): Engels define o movimento como toda modificação em geral que se produz no universo desde a simples mudança de lugar até o pensamento".
(p.162): “O movimento é uma tributo da matéria , sua propriedade fundamental”.
A lei de correspondência da massa e da energia é testemunha desse laço indissolúvel entre a matéria e o movimento .Segundo essa lei, a cada quantidade determinada de massa, corresponde uma quantidade precisa de energia".A matéria não é energia; a energia é uma forma de matéria. ( De acordo com a definição de matéria: é tudo o que está fora da consciência).

b) O movimento e o repouso.

(p.163): "Quando apresentamos o movimento como uma propriedade fundamental da matéria, não podemos nos esquecer de indicar sua outra propriedade - uma certa estabilidade e invariabilidade. A matéria "flui" continuamente, transforma-se mas, mesmo se transformando a esse ou àquele grau, ela permanece imutável, em repouso"

(p.164):" Sendo o contrário do movimento, o repouso representa ,entretanto, não a ausência de movimento, mas sua forma particular, ou seja, o movimento em equilíbrio”. “... o átomo de uma substância, enquanto formação material, possui o repouso não porque ele está imóvel,.assim como suas partes, mas porque é um sistema de movimento relativamente estável das partículas "elementares" um sistema de equilíbrio".
" Se o repouso é igualmente movimento, movimento em equilíbrio, então as teses do materialismo dialético, assim como o " repouso é um movimento do movimento" e o repouso é um caso particular do movimento,tornam-se perfeitamente claras".

c) O movimento e o desenvolvimento.

(p.165): Qual é o sentido do movimento?
Esta pergunta é válida se consideramos que o movimento condiciona a passagem constante da matéria de um estado estável a outro, a destruição contínua de formações materiais e o aparecimento de novas formações que as substituem, a questão que se coloca é a de saber: “qual é a tendência de todas essas transformações?”

p.166: "Segundo a teoria do movimento circular todas as transformações observadas no mundo transpõem os mesmos estágios ,voltando cada vez à posição de partida, isto é ,elas descrevem um círculo" Esta é a idéia de alguns dos antigos filósofos gregos (Thales, Anaximandro,pitagóricos,Anaxímenes) .

p.166: Segundo outra teoria, " as transformações que se produzem no mundo não se fazem segundo um círculo, mas têm uma tendência à destruição,à morte, a ir ao encontro do que é cada vez menos perfeito". É a teoria da regressão.

p.166-7: O MD reconhece tanto o movimento em círculo como o regressivo ( regressão). Mas não considera estas tendências dominantes. A " tendência dominante, no mundo material é o movimento progressivo, as transformações que conduzem à passagem do inferior ao superior, do simples ao complexo, isto é, o desenvolvimento. Esta tese do MD é confirmada pela ciência contemporânea. Observamos a sociedade: sociedade primitiva a escravagista , a feudal , o capitalista e o socialista. Realidades sociais cada vez mais complexas.(p.167) O reconhecimento do desenvolvimento é um dos princípios de partida fundamentais do MD".(p.168).

(p.171): É conveniente compreender claramente "que as mudanças regressivas e os movimentos circulares não se relacionam ao desenvolvimento, mas que o desenvolvimento é apenas o movimento do inferior ao superior.

(p.172): A especificidade do desenvolvimento o é constituída não pela integridade, o caráter lógico ou a espontaneidade das mudanças das formações materiais, mas pelo caráter progressivo das mudanças , pela passagem do inferior ao superior, do menos perfeito ao mais perfeito".

(p.174): "O desenvolvimento é uma propriedade universal da matéria , necessariamente própria a todas as formações materiais”.
Para que o desenvolvimento exista, porém, necessita que se ofereçam as condições apropriadas para sua realização.

(p.174): "Onde essas condições reúnem-se, há necessariamente mudança do inferior ao superior, do simples ao complexo; onde essas condições não são criadas, há um movimento circular, ou mudanças regressivas".

Engels afirma (p.175):"A matéria move-se num ciclo eterno: ciclo que, é bem verdade,só se executa sua revolução nas durações pelas quais nosso ano terrestre é apenas uma unidade de medida suficiente, ciclo no qual a hora do supremo desenvolvimento, a hora da vida orgânica e, ainda mais a hora em que vivem os seres que têm consciência deles mesmos e da natureza é medida com tanto mais parcimônia quanto o espaço no qual existem a vida e a consciência de si".


3. A RELAÇÃO.

(p.176): "As diferentes formações materiais, sendo sistemas de movimento relativamente estáveis, não coexistem simplesmente, mas agem umas sobre outras, provocando mudanças mútuas e encontrando-se, assim, em correlação, e interdependência determinadas."

(p.176):"A ligação é a relação entre os objetos da realidade .Mas em toda relação é ligação. O "conceito de relação é muito mais amplo que o da ligação. "Esse conceito engloba não apenas a ligação entre os fenômenos da realidade, mas igualmente seu isolamento, sua separação, não apenas sua interdependência, mas também uma certa independência, uma relativa autonomia. A ligação é uma relação entre dois fenômenos s quando a modificação de um supõe uma certa transformação do outro,quando essa ou àquela modificação em um correspondem essas ou aquelas modificações no outro."
E.x: as ferramentas de trabalho estão em correlação com o objeto de trabalho. Muda a ferramenta muda também o objeto de trabalho.A sua vez se muda o objeto de trabalho muda também a ferramenta.

(p.176): O isolamento ( a separação ) é uma relação entre os fenômenos da realidade feita de tal modo que as mudanças de um deles não afetam os outros fenômenos, não acarretam mudanças neste últimos."Por ex: os princípios morais estão em isolamento em relação à natureza exterior. Se mudam os princípios morais não muda a natureza, e vice-versa.(p.177)
]p.177: No mundo ,todos os fenômenos estão ao mesmo tempo, ligados e isolados.

4. O ESPAÇO E O TEMPO.

(p.181)
Conceito de espaço: O espaço é extensão das formações materiais particulares e a relação entre cada uma delas com as outras formações materiais.
Conceito de tempo: O tempo é a duração da existência das formações materiais e a relação de cada uma delas com as formações anteriores e posteriores.
VI. O SINGULAR, O PARTICULAR E O GERAL.

1. CRÍTICA DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS E METAFÍSICAS DO SINGULAR E DO GERAL.

(p.191): "O problema do singular e o geral nasceu ao mesmo tempo que a filosofia.
Na história da filosofia distinguem duas tendências em relação à resolução a esse problema: a realista que afirma que o geral existe em forma autônoma, independente do singular; e a tendência nominalista que diz que é o singular e não geral o que tem existência real.

Ainda na tendência realista alguns filósofos pensam que o geral existe sob a forma de idéia, de essências ideais, enquanto que outros declaram-no material,existindo fora e independentemente da consciência.

Para Platão, o geral é uma forma ideal de existência, eterna, imitáveis e perfeitas.
(p.192): “Os elatas (Xenofontes,Parménides, Zenon) acreditavam que o geral é material, que ele é "um", uma massa única imutável,idêntica a ela mesma. O singular, para essa tendência que não existia e se existia era secundário, dependendo geral e sendo por ele engendrado. Além disso era temporário, transitório. Platão considerava as coisas singulares como o mundo das sombras”.

Para os nominalistas entretanto, o geral é produto da atividade da consciência dos homens existe nada mais que em sua consciência, sob a forma de nomes gerais designando objetos singulares. Para alguns nominalistas, o singular existe na forma de objetos isolados, ou só a forma de sensações ( Berkeley). Para Leibniz, o singular existe sob a forma de "mônadas", átomos s espirituais únicos em seu gênero. Alguns filósofos trataram de superar os defeitos e estreiteza das concepções realistas e nominalistas.(Aristóiteles,Duns, Scotus,Banco,Locke e Feuerbach).Mas chegaram a uma solução válida, por que reconheciam só a existência do singular. A filosofia marxista superou o problema dos realistas e nominalistas.


2. A RELAÇÃO DO SINGULAR E DO GERAL

(p.194): As formações materiais estão em correlação, em interação e modificando-se mutuamente. Cada formação material tem suas próprias modificações, por que cada uma delas tem seu próprio ambiente, diferentes do das outras, sua própria série de estados qualitativos, que diferem as séries anteriores, e sua própria história presente nela sob uma forma anulada. Tudo isso condiciona em cada formação material a existência de propriedades e ligações que são próprias apenas a ela mesma. Por isso, penso que seja fundamental delimitar com precisão, no possível, o fenômeno de pesquisa, porque é nele onde estão presentes todas as categorias e leis da dialética.

O que é o singular? O singular se caracteriza por possuir um conjunto de propriedades e ligações que são próprias apenas a uma formação dada ( coisa, objeto, processo) e que não existem em outras formações materiais. (p.194).

O singular para cada coisa é, por exemplo, que ela ocupa um determinado lugar no espaço, que tenha dentadura carnívora,etc.
O singular é o que não se repete. O que se repete nas coisas é o geral.

(p.194):"As propriedades e ligações que se repetem nas formações materiais (coisas, objetos, processos) constituem o geral. O que é geral nessa ou aquela coisa é, por ex., o fato de que ela existe objetivamente, independentemente de uma consciência qualquer, que ela está em movimento, que possui características espaciais e temporais. O geral no ser humano é o fato que ele é um ser vivo, que vive em sociedade, que sua essência é determinada pelas relações de produção correspondentes, que ele é dotado de uma consciência, reflete o mundo ambiente por meio de um sistema de imagens ideais, e outras propriedades. (p.194).
Isto significa que o singular e o geral não existem de maneira independente, mas por meio de formações materiais particulares (coisas, objetos, processos) que são momentos, aspectos destes últimos.".
p.195: O singular e o geral estão organicamente ligados um ao outro.interpenetrando-se e só podem ser separados no estado puro de abstração. A correlação do singular e do geral no particular ( formação material, coisa, processo) manifesta-se como correlação de aspectos únicos em seu gênero,que são próprios apenas a uma formação material dada, e a aspectos que se repetem nesse ou naquele grupo de outras formações materiais.
p.195: A correlação do singular e do geral no particular manifesta-se igualmente na transformação do singular em geral e, vice-versa, no processo do movimento e do desenvolvimento das formações materiais.

Cheptulin na p.195, da o exemplo no campo biológico, vegetal, de plantas que transplantadas a outro ambiente climático perdem se suas propriedades singulares e tornam-se gerais. E vice - versa.

(p.195): Além da correlação entre o singular e o geral existe a correlação entre o particular e o geral. Se o singular é uma propriedade que não se repete e que é própria apenas de uma formação material dada (coisa, objeto, processo), o particular é a própria formação material, a própria coisa, o próprio objeto, o próprio processo. O particular é simplesmente o singular, mas igualmente o geral. O particular é a unidade do singular e do geral. A correlação do particular e do geral representa uma correlação do todo e da parte, em que o particular é o todo e o geral é a parte. Sendo uma parte do particular, "todo o geral engloba, apenas, aproximadamente, todos os objetos particulares."(p.196).

(p.196): Toda formação particular pode se transformar noutra formação material particular porque "todo particular é religado, por milhões de passagens, a particulares de outro gênero ( coisas, fenômenos, processos) e existe apenas nessa ligação, que conduz ao geral."

3. O GERAL E O PARTICULAR.

p.196: "Se estudamos um objeto dado ,do ponto de vista das categorias de "singular" e de "geral", colocamos em evidência, por um lado, as propriedades e ligações de caráter único, próprias somente a esse objeto e, por outro lado, as que se repetem, e que são próprias a toda uma série de objetos. “Mas freqüentemente na prática , não se trata de evidenciar o que é único ( não repetitivo), mas estabelecer a identidade ( semelhança ) e a diferença entre os objetos confrontados.Torna-se portanto, necessário opôr o geral ao particular, e não ao singular”, (p.197).

(p.197): “O que distingue os objetos confrontados constitui o particular e o que exprime sua semelhança é o geral."

(p.197): o singular apresenta-se sempre como particular, porque sendo própria apenas a uma formação material dada, ela a distingue de qualquer outra formação material. Por ex.: o sabiá de teu jardim, de tua floresta, é um único, é o singular, mas ele representa a todos os sabiás que existem no mundo. E ele é particular, por que em si como única formação material (quando digo única me refiro ao conjunto de sabiás que existem) e assim tem as características próprias de todos os sabiás, que é o particular, e as características de todas as aves, que é o geral. Este geral , pode ser ainda mais geral, quando expressamos por exemplo, uma propriedade mais geral ainda, que é vertebrado. O comportamento desse sabiá é seu comportamento comum a todos os sabiás, mas também tem comportamentos próprios a outras formações materiais, (outras aves), é o geral.

O CEFET-BG é singular, representa o singular, mas é um particular também e como tal reúne as características que o distinguem de outros CEFET,( forma profissionais de nível médio e de nível superior em viticultura e enologia, por exemplo) mas, também é geral porque apresenta uma característica geral, a de ser uma instituição de formação profissional. Existem gerais que não podem assumir o papel de particular. Por ex.: se expresso que o CEFET é um fenômeno material , esse material não serviria para distinguir o CEFET de outros fenômeno materiais. De toda maneira, deve ficar claro que toda forma material apresenta ao mesmo tempo o particular e o geral. (p.198)

4. A CORRELAÇÃO DO GERAL E DO PARTICULAR NO MOMENTO DO MOVIMENTO DA MATÉRIA DO INFERIOR PARA O SUPERIOR.

(p.199): "O movimento da matéria, de suas formas inferiores para suas formas superiores, faz nascer propriedades e ligações novas, consecutivas ao aparecimento de novas correlações, que constituem a essência de uma forma nova, superior, do movimento da matéria".

(p.199): Devemos destacar que cada formação superior encerra nela mesma sua forma inferior modificada, e que por isso tem muitos traços comuns ( o geral) com ela Mas isto não sucede entre as formações que existem na mesma etapa de desenvolvimento e que são refratados mediante a especificidade das formas superiores do movimento e só podem ser compreendidos na qualidade do elo que liga o inferior ao superior..


VII. A QUALIDADE E A QUANTIDADE.

1. OS CONCEITOS DE QUALIDADE E DE QUANTIDADE.


(p.208): Conceitos de qualidade e quantidade: Qualidade é o conjunto das propriedades que indicam o que uma coisa dada representa, o que ela é; quantidade é o com junto das propriedades que exprimem suas dimensões, sua grandeza".

(p.203): Cada coisa representa a unidade do geral e do particular, o que indica sua semelhança com outras coisas e o que as distingue. Mas o que distingue uma coisa das outras , ou que indica sua semelhança , é uma propriedade.

(p.208): O conjunto das propriedades que indicam o que uma coisa dada representa e o que ela é constitui sua qualidade.

(p.209): A qualidade inclui não apenas as propriedades que distinguem uma coisa das outras ,mas também o que indicam sua semelhança com ela
(p.204): A qualidade de toda coisa representa a unidade do singular e do geral, do geral e do particular.

(p.205): “Assim, embora a categoria de qualidade reflita o que distingue uma formação material dada de outras formações materiais, esse traço não constitui seu conteúdo específico, da mesma forma como a categoria de “quantidade” o reflexo do geral nas coisas não constitui seu conteúdo específico.”

(p.205): As duas categorias refletem tanto a semelhança como a diferença das coisas. O reflexo da diferença entre as coisas é o conteúdo específico das categorias do "particular" e do "singular", e não categoria da " qualidade" O reflexo da semelhança é o conteúdo específico das categorias do "geral", da "identidade", e não da categoria da "quantidade".

(p.207): O principal critério de dependência dessa ou daquela propriedade à qualidade de uma coisa não é seu caráter essencial, mas sua capacidade para caracterizar essa coisa,partindo do que ela representa, e indica r o que ela é".

(p.208): "Falando da qualidade e da quantidade, temos em vista aspectos, propriedades e características determinadas das coisas. Entretanto, a qualidade e a quantidade são próprias apenas às coisas, embora pertençam igualmente às suas propriedades.
Ex: cada ângulo é um a propriedade do triângulo, mas possui igualmente uma qualidade e uma quantidade rigorosamente definidas”.

2.O PROBLEMA DA MULTIPLICIDADE DAS QUALIDADES DAS COISAS.

(p.208): Uma coisa, tem uma ou várias qualidades?
Tem várias qualidades (p.209). Em diferentes relações e sob diferentes condições concretas, a coisa manifesta propriedades diferentes , rigorosamente determinadas, específicas de cada concreto. E assim, em certas relações e sob certas condições, a coisa apresentará isso e, em outras ,aquilo, e em certas condições e em certas relações ela terá uma qualidade,e, em outras, uma outra ".Ex.: a água, pode ser sólida ou líquida, ou ser vapor de água, em certas e dadas condições.

(p.211): "... as características qualitativas existem em forma objetiva , fora e independentemente da consciência humana e que elas são as relações e as propriedades universais das formações materiais, formas universais de seu ser”.

3. LEI DA PASSAGEM DAS MUDANÇAS QUANTITATIVAS AS MUDANÇAS QUALITATIVAS E VICE-VERSA.

(p.212): "As mudanças qualitativas aparecem apenas no momento em que as mudanças quantitativas saem dos limites de uma medida dada".
Isto significa que as coisas sempre tem quantidade e qualidade, que só muda a qualidade de uma coisa quando se rompe a medida, devido às mudanças quantitativas. O gelo se transforma em água a 0° C
"Noutros termos (p.212) a transformação de um estado qualitativo em outro é a passagem de uma media a uma outra”.
(p.213):" Toda mudança qualitativa é o resultado de mudanças quantitativas e por elas são provocadas.
(p.213): O desenvolvimento faz-se por meio da mudança de quantidade e de qualidade, mediante a passagem das mudanças quantitativas às mudanças qualitativas, e vice-versa.

(p.215): No processo de conhecimento avançamos desde a qualidade à quantidade. Mas, no aparecimento das coisas na realidade elas surgem primeiro como formas quantitativas e em seguida aparecem as mudanças qualitativas. (Para conhecer avançamos do efeito à causa; na realidade aparecem primeiro as mudanças quantitativas, numa passagem da causa ao efeito). A qualidade não pode existir sem a realidade, há uma correlação de quantidade e qualidade.







4. SALTO. TIPOS DE SALTOS.

(p.216): "As mudanças quantitativas são habitualmente, lentas, progressivas, dissimuladas e contínuas; as mudanças qualitativas, pelo contrário ,são bruscas evidentes, constituindo uma ruptura de gradação e de continuidade " Por isso as mudanças qualitativas são chamadas de saltos. O salto é o processo de passagem de uma coisa de um estado qualitativo a um outro de passagem de uma coisa de um estado qualitativo a um outro que é acompanhado por uma ruptura de continuidade.”

(p.216): "A forma concreta de realização do salto, seu ritmo dependem da natureza da formação material". Existem muitas, infinitas formas de saltos. Apenas podem se classificar em dois tipos de saltos:
a) Os saltos que se produzem sob a forma de ruptura e aqueles que se desenvolvem, gradualmente, sob a forma de acumulação gradual dos elementos da nova qualidade e do enfraquecimento dos elementos da antiga qualidade.".
b) O salto-ruptura se produz impetuosamente, brutalmente, e afeta toda a qualidade em seu conjunto.(Dinamite)
O salto por acumulação gradual dos elementos se produz lentamente. ( língua).Existem saltos que alteram a essência do fenômeno. Esse salto é revolucionário. Quando o salto não altera a essência do fenômeno, trata-se uma forma evolucionista de mudar o fenômeno.Exemplo:
Espanhol = Cid campeador
Francês = Chanson de Roland
Italiano = Livros dei Frate sole
Português = Cancioneiro da ajuda



VIII. A CAUSA E O EFEITO.

1. A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS DA CAUSALIDADE NA FILOSOFIA PRÉ-MARXISTA.

(p.224): Nos primeiros filósofos a causa não se distinguia do princípio primeiro da matéria. A causa era a água, o ar, a terra, o fogo, o átomo, o apeiron. Platão, mais tarde: matéria informe, uma idéia determinada, a relação matemática e a idéia de "bem supremo".

Aristóteles fala de quatro causas da existência das coisas:a material, a formal, produtiva e a finalista; para explicar as causas coloca Aristóteles coloca a fabricação de uma casa..este idéia de Aristóteles se conservou até a Renascença.(p..225).

Bacon ( XVI) seguiu o ponto de vista de Aristóteles, mas produziu uma mudança fundamental: para Bacon a causa formal não estava afora, mas dentro do fenômeno. Spinosa também pensou que as quatro causas eram externas.Mas recomendava que devia estudar-se, pesquisar esse problema.
Hegel propôs uma solução dialética ao problema.Segundo Hegel, a causa e efeito estão em interação dialética (.228).

2. CONCEPÇÃO MARXISTA DE CAUSALIDADE.

(p.231): "Parece mais correto definir a "causa como a interação de dois ou mais corpos ou, ainda,como a interação de elementos ou aspectos de um mesmo corpo acarretando
Certas mudanças nos corpos, elementos ou aspectos ,agindo uns sobre os outros, em decorrência de sua interação."
Engels (p.231): "A ação recíproca é a verdadeira causa finalis das coisas".

(p.232): "O conteúdo do conceito de efeito é constituído pelas mudanças que aparecem nos corpos, elementos e aspectos em interação, em decorrência de sua interação.A causa
acarreta mudanças nos corpos, elementos e aspectos.

3. CAUSALIDADE E NECESSIDADE.

(p.232): "O laço entre a causa e o efeito que acarreta , é necessário. O laço de causa e efeito representa, portanto, uma das forças da existência da necessidade”.

(p.238): " A essência do princípio de causalidade , na realidade, é o reconhecimento do fato de que todo fenômeno pode ser condicionado de forma causal e de que o laço de causa e efeito é necessário.A previsão do comportamento futuro do objeto é a conseqüência do reflexo mais ou menos completo do laço de causa e efeito na consciência, assim como nas teorias elaboradas , e a evidenciação de toda uma série de momentos que marcam de forma suficientemente exata o estado inicial do objeto e o caráter de sua interação com o meio ambiente, no processo de movimento”.

(p.240): "O materialismo dialético não entende por causa o objeto, a coisa, mas a interação dos objetos, das coisas, ou dos elementos e dos aspectos que formam o objeto, a coisa; e por efeito, as mudanças surgidos nos corpos, nos elementos e nos aspectos em interação".

IX. O NECESSÁRIO E O CONTINGENTE.

1. OS CONCEITOS DE NECESSIDADE E DE CONTIGÊNCIA.

(p.245): " A idéia segundo a qual o geral ,determinado por leis internas, pela essência interna dos fenômeno, é necessário , e é uma idéia em si justa.Mas disso não se segue absolutamente que todo o geral é necessário. O geral pode manifestar-se ao mesmo tempo sob a forma de necessário e são a forma de contiNgente, porque a repetição é condicionada não apenas pela presença de uma grande quantidade de formações materiais, de fenômenos tendo uma essência comum, submetidos as mesmas leis internas, mas igualmente pelo fato de que as diferentes formações materiais, os diversos fenômenos surgem e existem freqüentemente em condições semelhantes, que imprimem nelas suas impressões".

Ex.:(p.245): várias gotas de água podem mostrar, através da análise, que em todas elas a presença de sal. É o geral. Mas, é contingente essa propriedade da água geral, porque as águas atravessaram uma camada salina e tenha dissolvido o sal, isso é contingente, e não necessário. Um traço do contingente é ser condicionado pelas circunstâncias. Se partimos da categoria de causalidade, veremos que o necessário e o contingente, estão ligados à causalidade (p.246).

2. A CRÍTICA DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS E METAFÍSICAS DA CORRELAÇÃO DA NECESSIDADE E DA CONTINGÊNCIA.

(p.246): Os filósofos idealistas subjetivos negaram a existência objetiva da necessidade, que eles a situavam unicamente na esfera da consciência ".

(p.248): Os pré materialistas negaram a existência da contingência. Spinosa dizia que: o contingente revelava nossa falta de conhecimento.

3. A CONCEPÇÃO MARXISTA DA CORRELAÇÃO DO NECESSÁRIO E DO CONTINGENTE.

(p.250): " A necessidade e a contingência não existem de forma separada , uma ao lado da outra. Elas encontram-se em ligação orgânica e em interdependência e pertencem aos mesmos fenômenos. Cada fenômeno - cada formação material - é ao mesmo, tempo, necessário e contingente. Algumas de suas propriedades traduzem a natureza de seus elementos formadores , outras são condicionadas por suas causas externas, por sua interação com o meio ambiente. Ex.: cada organismo vivo, no decorrer de seu desenvolvimento e de sua existência, manifesta uma série de propriedades que o caracterizam como representante de uma certa espécie. Essas propriedades são condicionadas por sua natureza, por seus aspectos e ligações internos e são também programadas neles e constituem o necessário”.

(p.250): As propriedades necessárias do organismo vivo existem nele, não ao lado das propriedades contingentes, mas nelas mesmas, e manifestam-se por meio delas. As propriedades e as ligações contingentes são uma forma de manifestação das propriedades e das ligações necessárias.A necessidade cria seu caminho pôr meio de uma massa de desvios contingentes que, exprimindo-a como uma tendência, introduzem no processo o fenômeno concreto, e uma grande quantidade de novos elementos que na decorrem da necessidade, mas que são condicionados por circunstâncias exteriores. Ex.Dependência do preço da mercadoria da quantidade de trabalho socialmente necessário, gasta para produzi-la, existe não ao lado da dependência do preço em relação a outros fatores e, em particular, com relação à correlação entre oferta e a procura existente no mercado,mas manifesta-se nela, sob a forma de tendência, mediante uma grande quantidade de desvios nesse ou naquele sentido, que acompanham as operações de trocas.(p.251)

(p.251): "A contingência, sendo uma forma da manifestação da necessidade é, ao mesmo tempo,seu complemento, porque ela encerra não somente a natureza específica da formação material estudada ,mas igualmente as particularidades de outras formações materiais com as quais ela entra em interação.".


X. A LEI

1. O CONCEITO DE LEI.

(p.253): "A necessidade existe sob forma de propriedades e ligações dos fenômenos. Algumas relações e ligações necessárias são chamadas de lei. A lei é, portanto, o que se manifesta, necessariamente, nas condições apropriadas. Ex: a lei do valor , que exprime a dependência do preço da mercadoria da quantidade de trabalho socialmente necessária para sua produção e que age necessariamente em qualquer lugar em que haja uma produção mercantil".

(p.253): Porém, "nem todas as ligações necessárias são leis. Ex.: ligações necessárias, singulares ( individuais) não podem desempenhar o papel, de leis. A lei é unicamente uma ligação necessária geral, isto é, uma ligação própria a vários fenômenos.

(p.254): "Sendo uma ligação geral e iterativa, a lei é, ao mesmo tempo,uma ligação estável.

2. AS LEIS DINÂMICAS E ESTATÍSTICAS.

(p.254): Existem dois tipos de leis
a) Algumas leis agem em cada um dos fenômenos (ou formações materiais) que representam esse ou aquele domínio da realidade. São as leis chamadas dinâmicas;
b) Outras leis agem na massa dos fenômenos.São as leis estatísticas.

(p.255): “As leis da mecânica quântica, relacionando-se com o movimento das microparticulas são igualmente estatísticas; não podem definir o movimento de cada uma das partículas, mas determinam o movimento dos grupos de partículas dessa ou daquela multiplicidade".

As leis dinâmicas têm a particularidade distintiva de permitir a previsão, de forma bastante precisa, do surgimento do fenômeno correspondente e a modificações de suas propriedades e estados.

As leis estatísticas não permitem que se preveja com exatidão, o aparecimento ou não aparecimento de algo denominado concreto, nem a direção e o caráter da mudança dessas ou daquelas de suas características. Baseados nas leis estatísticas, não podemos definir o grau de probabilidade, nem o do surgimento ou da modificação do fenômeno correspondente." (p.255)


3. AS LEIS GERAIS E AS LEIS ESPECÍFICAS , SUA RELAÇÃO.

(p.256): "Embora todas as leis sejam ligações ( relações) gerais,nem todas agem nos mesmos círculos de fenômenos. Algumas dentre elas abarcam um grande círculo de coisas e, outras, um círculo mais restrito.

(p.256): As leis que agem em um grande círculo de fenômenos são, com relação às leis que agem em um círculo mais restrito, leis gerais, enquanto que as segundas são leis específicas ou particulares. Mas estas denominações são relativas, porque uma mesma lei, em diferentes condições pode ser geral ou particular.

(p.256):" Ao lado dessas leis que, em função de relações concretas, podem agir como gerais ou como particulares, há outras leis que, sob qualquer relação, são gerais. Essas leis são chamadas de universais. E são próprias a todos os domínios da realidade. Em relação a ela, todas as outras leis são particulares, pelo fato de que elas estão ligadas a alguns domínio da realidade". As leis universais são estudadas pela Filosofia. E as leis ligadas a essa ou aquela forma de movimento, de matéria, são estudas pelas ciências particulares”.

(p.259): "A correlação entre as leis gerais e específicas, decorre das leis universais do desenvolvimento da matéria”.

(p.259): “Quando da passagem das formas de vida não celular par aos organismos celulares, estes últimos conservam algumas relações e ligações próprias aos primeiros e, ao mesmo tempo, formam um novo sistema de ligações e de relações. A mesma coisa acontece quando da passagem, na sociedade, de uma formação econômica outra ".

(p.260): Consideremos a relação das leis gerais e específicas. As leis da dialética são universais e só se manifestam por meio de outras leis que são particulares em relação a elas. Ex.:a lei da passagem das mudanças quantitativas para as qualitativas não se manifestam fora das leis particulares concretas de correlação das mudanças qualitativas e quantitativas, próprias às formas concretas do movimento da matéria e aos fenômenos concretas, mas age somente pôr meio deles".

(p.261): "As leis da dialética sendo leis universais, agem em todas as esferas do movimento da matéria e têm, seu conteúdo particular, que permite distingui-las das outras leis menos gerais .Entretanto, elas não agem de forma autônoma, mas somente por meio de outras leis que são, em relação a ela, específicas."

(p.261): "Se as leis da dialética existem e se manifestam unicamente por meio de leis específicas estudadas pelas ciências concretas, o método geral de conhecimento e de ação elaborado a partir delas deve ser aplicado, em cada caso concreto, de forma particular e somente por meio de leis específicas eu estão a seu serviço nos fenômenos estudados".

XI. O CONTEÚDO E A FORMA.

1. OS CONCEITOS DE CONTEÚDO E DE FORMA.

Entende-se por conteúdo o processo no qual todos os elementos e aspectos encontram-se constantemente em interação, em movimento, mudam-se um no outro e manifestam às vezes, uma ,às vezes outra de suas propriedades".

(p.265): " A especificidade, para a categoria de "conteúdo", é a de refletir o conjunto dos processo próprios da coisa. Uma parte dentre eles é concernente ao domínio interior e a outra ao domínio exterior. Ex.: no conteúdo desse ou de aquele organismo vivo entram não apenas os processos que se desenrolam no interior do organismo, todas as ações que ele produz em resposta aos fatores exteriores correspondentes.O conteúdo do homem , na qualidade de ser social, será constituído não somente pelos processos que se desenvolvem nele, como sujeito, mas também por aqueles ( e essencialmente por estes ) que estão ligados à ação finalista sobre o mundo exterior e à sua interação com outros homens .O conteúdo desse ou daquele objeto é formado não somente pelas interações que existem entre os elementos e os aspectos que o constituem ,mas também pelas ações que ele exerce sobre os outros objetos ao seu redor"

(p.265): "O específico para a categoria de " forma " é refletir o laço entre os elementos, os momentos que a constituem o conteúdo da estrutura do conteúdo e não da manifestação, não da expressão do interior no exterior. Sendo uma estrutura do conteúdo que inclui tanto os processos internos, como os externos da coisa, do objeto, a forma penetra tanto no domínio interior, como no domínio exterior, tanto na essência ,como no fenômeno "

2. CRÍTICA DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS E METAFÍSICAS DE CONTEÚDO E DE FORMA.

(p.265):"Alguns autores separam metafisicamente o conteúdo da forma. Aristóteles pensava que o conteúdo e a forma existiam antes independentemente, antes de formar uma coisa determinada. Deste modo um conteúdo puro, desprovido de qualquer forma ,será "a primeira matéria", a matéria que se encontra na base de todas as coisas existentes "(p.266).

(p.267): "No mundo real não existe nenhuma forma pura".Toda figura é organicamente ligada a um certo conteúdo, do qual ela é a estrutura".


3. EIS DA CORRELAÇÃO DO CONTEÚDO E DA FORMA.

(p268):"Toda forma está ligada organicamente ao conteúdo, é uma forma de ligação dos processos que o constituem. A forma e o conteúdo estando em correlação orgânica depende um do outro, e esse dependência não é equivalente.O papel determinante nas relações conteúdo-forma é desempenhado pelo conteúdo. O conteúdo determina a forma, suas mudanças mudam a forma.

O conteúdo está ligado ao movimento absoluto, que é uma característica de toda formação material. A forma está ligada ao repouso relativo, e pode existir durante um longo período.O sistema relativamente estável começa a entravar o desenvolvimento do conteúdo. Explode o conflito entre conteúdo e forma.O novo conteúdo rejeita a antiga forma. Da luta surge um novo nível qualitativo".

(.269): “A matéria desenvolve-se por meio da luta do conteúdo e da forma, de rejeição da antiga forma e da criação de uma nova forma".


4. PARTE E TODO, ELEMENTO E ESTRUTURA.

(p.270): “Quando analisamos a coisa do ponto vista de seu conteúdo, este aparece como um todo, como um conjunto de todos os processos que lhe são próprios. E que incluem um sistema relativamente estável de ligações, no quadro do qual esses processos se desenvolvem"

(p.270): " O conteúdo decompõe-se em partes qualitativamente isoladas, e análise dessas partes conduz à necessidade de colocar em evidência as leis de sua correlação mútua com o todo, essas leis da correlação das partes isoladas ,com o todo que as contém, refletem-se nas categorias de "todo", e de "parte"; as leis da correlação das partes entre elas, no quadro do todo, refletem-se nas categorias de "elementos" e de "estrutura"."

(p.270): "A parte é objeto ( processo, fenômeno, relação) que entra na composição de um outro objeto( processo, fenômeno,relação ) e que se manifesta na qualidade de momento de seu conteúdo.

(p.270): O todo representa o objeto ( processo e fenômeno) incluindo em si, na qualidade de parte constitutiva, outros objetos organicamente ligados entre eles ( fenômenos,
processos, relações) e possuindo propriedades que não se reduzem às propriedades das pares que o constituem".

Ex: a molécula de água é um todo constituído por um átomo de oxigênio e por dois átomos hidrogênio.

(p.271): “Na molécula da água, ao redor do núcleo do oxigênio, gravitam dez elétrons, sendo que a primeira camada conta com dois elétrons e a segunda camada com oito. Dentre desses oito elétrons, quatro gravitam unicamente ao redor do núcleo do oxigênio e os quatro outros são comuns: dois com um átomo do hidrogênio, dois com o outro; eles gravitam não somente ao redor do núcleo do átomo de hidrogênio. Em decorrência disso, na molécula da água os átomos de oxigênio e de hidrogênio estão organicamente ligados e forma um todo único que possui uma nova qualidade distinta da aquela do oxigênio e do hidrogênio.

Cada átomo e cada elétron que entra na molécula da água, sendo uma parte do todo, não se perde nesse todo, não se funde com sua qualidade,mas conserva seu determinismo qualitativo específico, possui uma certa autonomia e independência , o que lhe permite ocupar um lugar determinado no todo e desempenhar um papel bem definido. A molécula representa por tanto um todo desmembrado complexo que inclui certas partes, tendo seu próprio conteúdo específico. Mas seu conteúdo específico, seu papel específico no todo é determinado não somente pela sua natureza específica, mas igualmente pela natureza geral do todo. É por isso que eles não se manifestam no papel específico de forma independente, mas como uma parte do todo. Por outro lado, a natureza geral do todo, no caso da molécula, depende da natureza específica de suas partes constitutivas e, em particular dos átomos.

(p.271): "Por isso, o desmembramento da formação material em partes, é uma condição necessária de sua existência enquanto todo, possuindo uma natureza e uma essência próprias, enquanto que a correlação de suas partes com o todo é uma condição necessária de sua existência enquanto partes, tendo uma essência específica.

(p.271):"Assim, cada formação material manifesta-se ao mesmo tempo como alguma coisa de dividido em partes e como um todo organicamente ligado."

(p.272):"A correlação do todo com a parte é a conseqüência de uma certa correlação das partes, em seu conjunto, que forma a estrutura do todo. Sem estrutura não existe o todo.

(p.272): Assim “o conceito de estrutura designa a forma de união e de correlação dos elementos do todo”.

(p.272): “O conceito de elemento designa os componentes do todo que se encontram entre eles em uma certa correlação e interdependência”.

(p.272):" A correlação desses ou aqueles objetos ( processos ,fenômenos, relações ), que forma o todo e torna-se sua estrutura transforma-se simultaneamente em partes do todo e em elementos da estrutura correspondente. Entretanto, os conceitos de "elemento" e "parte" não são idênticos.

(p.273): " Dizer que esse ou aquele objeto ( processo, fenômeno) torna-se elemento somente depois de sua entrada em uma parte ligação correspondente que forma o todo é exato. Mas o objeto não é parte antes de entrar numa ligação. Só antes de entrar numa ligação, as noções de " elemento" e "parte", nesse caso coincidem.

(p.273): Então o que é o elemento e o que é parte?
Os "elementos" manifestam seu conteúdo específico na relação com a estrutura, com um certo sistema de ligações que se estabelece entre eles. Entretanto o conteúdo específico das partes manifesta-se não em sua relação com a ligação existente entre elas, mas em sua relação como o todo.

(p.274): O conceito de " parte " é portanto, mais extenso do que o de "elemento".

(p.274): "Sendo a concretização do conteúdo da categoria de "forma", o conceito de "estrutura" entretanto, exprime não apenas as leis da correlação do conteúdo e a forma, mas igualmente as leis da correlação dos elementos do conteúdo entre eles, quando ele se manifesta em relação ao conceito de "elemento".



XII. A ESSÊNCIA E O FENÔMENO.

1. OS CONCEITOS DE ESSÊNCIA E O FENÔMENO.

(p.276): Conceito de Essência e o Conceito de Fenômeno. A essência é o conjunto das ligações e aspectos internos e o fenômeno como a manifestação exterior da essência, isto é, como exterior, devemos elucidar o conteúdo das categorias de "interior" e de "exterior".

(p.276): A designação do que está na coisa, do que é inseparável dela, do que é, nela, necessário e específico para a categoria de "interior". O "exterior" é o que não é condicionado pela natureza interna da coisa, o que lhe é contingente

(p.277): "O aspecto interior da coisa não é somente a essência, mais igualmente a causa, a necessidade , a lê”i.

(p.277): “ Não podemos admitir a redução da essência ao fundamento. O fundamento constitui uma parte da essência, representa as ligações e os aspectos necessários e principais e determinantes da coisa, enquanto que a essência a inclui ainda as ligações e os aspectos necessários não fundamentais, não principais”.

2. AS LEIS DE CORRELAÇÃO DA ESSÊNCIA E DO FENÔMENO.

(p.278): "Embora sendo uma forma de expressão da essência, o fenômeno não coincide com ela, mas dela distingue-se e chega a deformá-la. A deformação se produz pelo fato que a essência do objeto manifesta-ser mediante a interação desse último, com outros objetos que o rodeiam, que têm influência sobre o fenômeno, introduzem certas modificações em seu conteúdo e, exatamente por isso, o enriquecem. Em decorrência disso o fenômeno aparece como a síntese do que vem da essência, do que é condicionado por ela e do que é introduzido do exterior, do que é condicionado pela ação da realidade que rodeia o objeto, isto é, de outros objetos que lhe estão ligados."

(p.279): "O fenômeno não pode nunca ser "como a essência", já que ele distingue-se sempre dela e, de uma forma ou de outra, a deforma. E é por isso que a percepção dos fenômenos não nos fornece nunca um conhecimento verdadeiro da essência".

(p.279): o conteúdo do fenômeno é flutuante, devido às influências externas.

(p.279): A essência não permanece imutável. Ela se modifica, embora o faça mais lentamente do que o fenômeno.

(p.280): Ex.: No período pré-monopólista , a livre concorrência domina no capitalismo, mas no período imperialista ainda que a livre concorrência ainda exista, mas está enfraquecida, e ao invés da exportação de mercadorias que era dominante no período pré monopolista, deixou espaço para a exportação de capitais.


3. O FUNDAMENTO E O FUNDAMENTADO.

(p.280) " O fundamento, como aspecto ou relação determinante, representa o interior do todo estudado, é o momento mais profundo de sua essência; entretanto, o sujeito conhecedor procura a essência primeiramente no nível do exterior, do fenômeno,Para representá-lo sob a forma de aspectos e de traços determinados deste último. O fundamento assim representado é o fundamento formal, que é totalmente idêntico ao fundamentado (o objeto). Só se distingue em que o fundamento formal como determinante e o fundamentado como determinado.

(p.282): " O fundamento formal está ligado aos graus iniciais do desenvolvimento do conhecimento, quando o sujeito conhecedor evidencia e fixa as características, propriedades e relações singulares e gerais qualitativas e quantitativas e as considera como coexistentes”.

(p.282): Com a passagem da coexistência à causalidade e à evidência das causas dos fenômenos estudados, se modifica a concepção do fundamento. E se transforma em fundamento real.

O fundamento real (p.282), reflete a causa real que condiciona o aparecimento do fundamento, e podemos a partir dele, explicar e destacar o fundamentado extrair o fundamentado de um fundamento real dado, nada mais é do que estabelecer a identidade entre o fundamento e o fundamentado.
O fundamentado é idêntico ao fundamento por que a forma de manifestação e de existência de seu conteúdo". (p.282)

(p.282): Entretanto não tudo o conteúdo do fundamentado é extraído do fundamento. Podem Ter influência os fatores exteriores.

(p.282): o fundamentado, porém pode possuir muitos fundamentos reais. A partir daí é que as coisas concretas podem receber muitas definições diferentes.Partindo do fundamento real é impossível determinar qual é a essência do fundamentado.

(p.283). Quando se descobre a causa do fenômeno, e de um o outro de seus aspectos e ligações necessárias, se realiza a passagem do fundamento formal ao fundamento real. Mas ocorre que o fundamentado pode ter muitos fundamentos reais. Porém ainda não temos a essência do fenômeno. Cabe então reunir todos os fundamentos reais, para ignorar uns e aceitar outros. E deste modo se passa a um fundamento mais profundo. Este fundamento que constitui um todo único, e explica todo o conteúdo do fundamentado ( o fenômeno ) é um fundamento completo, (p.283).

(p.283): O fundamento completo é constituído pelos aspectos ( ligações) essenciais do todo estudado.

(p.284): Se consideramos um elemento químico, "seu fundamento completo" será a carga do núcleo atômico.

(p.284): " Para a sociedade em geral, o papel desse fundamento completo é desempenhado pelo modo de produção e para a sociedade capitalista em particular, pela mercadoria, apropriação privada do produto do trabalho social.

(p.284): O fundamento completo ao contrário do fundamento real, determina não somente a identidade do fundamentado, mas igualmente sua diferença. "A categoria de "fundamento completo" exprime de maneira mais ou menos adequada , o fundamento do objeto estudado.



XIII. A CONTRADIÇÃO COMO UNIDADE E LUTA DOS CONTRÁRIOS.


1. A CONTRADIÇÃO COMO UNIDADE E LUTA DOS CONTRÁRIOS.

(p.286): "Para extrair do fundamento todos os outros aspectos e ligações necessários que caracterizam a essência do objeto estudado é necessário considerar o fundamento ( o aspecto determinante, a relação) e a própria formação material, em seu aparecimento e em seu desenvolvimento. Isso supõe a evidenciação da fonte do desenvolvimento da força motora, que faz avançar e condiciona sua passagem de um estágio do desenvolvimento ao outro. Essa fonte é a contradição, a unidade e a "luta" dos contrários.

(p.286): "São chamados contrários, os aspectos cujos sentidos de transformação são opostos, e cuja interação constitui a contradição ou a "luta" dos contrários.

(p.286): Ex: o singular e o geral, numa formação particular, são opostos, por que o singular tem a tendência a não se repetir, o geral se repete sempre. O conteúdo e a forma também são opostos. O conteúdo está mudando sempre; a forma tem uma imutabilidade relativa."

(p.287): Os opostos não existem em forma separada.Sempre estão organicamente unidos.O singular não pode existir sem o geral, e este sem o singular. O mesmo ocorre com o conteúdo e a forma sempre estão em ligação indissolúvel. Esta característica representa a unidade dos contrários. E por isso,tem a mesma essência. Os opostos se excluem ,mas também coincidem.A identidade dos contrários também é importante em determinado momento da contradição.O mesmo que a equivalência aparece quando existe estado de equilíbrio entre os opostos.

(p.288): "A identidade ( coincidência) dos contrários encontra sua expressão , a mais completa , no momento da passagem dos contrários um no outro. É a resolução da contradição.
(p.289): "A unidade dos contrários é sempre relativa,enquanto que a "luta" deles é absoluta.".


2. CONTRADIÇÃO E DIFERENÇA.

(p.290): "As diferenças constituem a forma geral do ser, a partir da que se desenvolvem-se as contradições.
Todas as contradições são diferenças, começam com uma diferença. Mas, não todas as diferenças são contradições.

(p.291): O caráter contraditório é universal, mas ele não é a única forma de ligação. Na realidade objetiva, existem também relações de harmonia, de concordância, de correspondência.

(p.291): "na realidade, há diferenças essenciais e internas que não são contraditórias, e vice-versa, há diferenças não essenciais e externas que são contradições.

3. OS GRAUS DO DESENVOLVIMENTO DA CONTRADIÇÃO.

(p.293)."A contradição começa a partir de uma diferença não essencial e a passa em seguida ao estágio de diferença essencial. Em condições adequadas, as diferenças essenciais tornam-se contrários. Ex.: o desenvolvimento entre o proletariado e a burguesia. Começou de uma diferença não essencial entre o contramestre ( patrão ), por um lado, e os ajudantes e aprendizes, por outro lado. Os aprendizes, de acordo com suas aptidões poderiam chegar a contramestres, e ter seu própria oficina Mas no desenvolvimento da produção num atelier, o aprendiz começo a receber salário pelo trabalhado realizado. Desse modo , o aprendiz se tornou um assalariado, e aí as possibilidades a ser contramestre se tornaram precárias.E essa diferença não essencial entre ajudantes e contramestres se tornou essencial. Quando a manufatura substituiu o artesanato, essa contradição passou de um estado das diferenças essenciais aos contrários. Assim os interesses do operário e do patrão se tornaram contrários, opostos.


4. A CONTRADIÇÃO COMO FORMA UNIVERSAL DO SER.

(p.296): "A contradição existe não apenas sob a forma de inconseqüência do pensamento, ela existe, e antes de tudo, sob a forma de aspectos e de tendências contrárias, próprias às coisas e aos fenômenos do mundo exterior e a seu reflexo no conhecimento.

(p.297): "O reconhecimento da contradição das coisas e da necessidade de levar isso em conta no processo de conhecimento, do pensamento, não somente não contradiz a exigência de que os pensamentos correspondam a verdade ,mas , pelo contrário, é uma das condições mais importantes para atingir essa correspondência.

(p.297): " A exatidão dos juízos depende não do fato de que eles se encontrem ou não em contradição, ou em concordância, mas do fato de que eles reflitam ou não a situação real das coisas".

(p.300)." Ao contrário do materialismo metafísico,o materialismo dialético não somente reconhece a existência das contradições, mas acredita que a contradição é uma condição universal da existência da matéria, uma forma universal do ser.

p.300: " Sendo uma forma universal da existência da matéria , a contradição- unidade e luta dos contrários - é a lei fundamental da realidade objetiva e do conhecimento ,assim como uma das leis fundamentais da dialética.


5. A CONTRADIÇÃO COMO ORIGEM DO MOVIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO.

(p.301): "O materialismo dialético, ao contrário do materialismo metafísico, considera as contradições, a luta dos aspectos e das tendências próprios da formação material como a origem do movimento e do desenvolvimento. A idéia da contradição como origem do movimento foi enunciada, sob uma forma geral, pelo filósofo grego Heráclito e posteriormente desenvolvida e generalizada por Hegel que a aplicou ao conhecimento. Hegel dizia: " A contradição .... é a raiz de todo movimento e de toda vitalidade".


6. AS LEIS DO COINHECIMENTO DA CONTRADIÇÃO.

(p.302): A evidência da natureza contraditória das coisas, começou com a colocação em evidência as características qualitativas e quantitativas.

(p.303): "O momento primeiro, inicial, do conhecimento da contradição é a descoberta, no objeto estudado, de fenômenos diferentes e contrários que, no começo, são considerados, fora de sua correlação e de sua interdependência,como completamente autônomos e coexistindo independentemente." Em seguida se estabeleceu sua ligação legítima. O ex. da história da eletricidade ilustra tudo esse processo (p.303).


7. OS TIPOS DE COINTRADIÇÕES E SUA IMPORTÃNCIA PARA A PRÁTICA.

(p.307): Todas as contradições, próprias a essa ou àquela formação material, podem ser divididas em internas e externas, essenciais e não essenciais, fundamentais e não fundamentais, principais e secundárias.

(p.307):" As interações das tendências ou dos aspectos opostos de uma única e mesma formação material são contrárias, internas . As interações de tendências e aspectos opostos próprios a formações matéria diferentes são contradições externas.

(p.308): As contradições internas para a formação material são muito mais importantes que as contradições externas. As primeiras tem que ver diretamente com o desenvolvimento do fenômeno e da passagem de um fenômeno a outro. A importância das contradições externas dependem de sua correspondência ou não com as contradições internas.

(p.308): As interações entre aspectos e tendências contrários ,característicos da essência da formação material são contradições essenciais.

(p.308): As contradições que se apresentam num domínio do fenômeno, ou entre ligações relações contingentes não são essenciais..

(p.309):As contradições essenciais se dividem em fundamentais (determinam o estado o desenvolvimento dos aspectos mais ou menos essenciais da formação material); e em não-fundamentais ( caracterizam um dos aspectos da formação material e condicionam o funcionamento e o desenvolvimento de um domínio qualquer do fenômeno )

(p.309): A contradição principal (age num estado dado do desenvolvimento e está ligada à contradição fundamental)

(p.310): " Todos os tipos de contradições consideradas são universais , isto é, se produzem em todas as formas de existência da matéria” .

(p.310): cada contradição tem sus próprias s características, já se trate do mundo inanimado, do mundo vegetal e animal.Outras são próprias da vida social.

(p.310): Existem as chamadas contradições antagônicas, nas quais sua resolução exige o desaparecimento e na destruição da unidade, do estado qualitativo ao qual elas são próprias.

(p.311): Nas contradições não antagônicas a resolução não exige a destruição da unidade ou estado qualitativo,mas ,ao invés disso, reforça-os



XIV. A NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO.

1. A NEGAÇÃO DIALÉTICA.

(p.313): Num estado dado de desenvolvimento da formação material, os contrários mudam seja um pelo outro, seja pelas formas superiores, condicionando a resolução da contradição, se elimina um estado qualitativo e aparece um novo estado qualitativo. O aparecimento deste resulta, portanto, da negação do antigo estado qualitativo que já está anulado.O resultado disso é que a negação é um momento necessário do desenvolvimento.

(p.313): Mediante a negação de uma formação material por outra, observa-se a passagem não somente do inferior ao superior, mas igualmente um movimento circular e uma regressão. É necessário distinguir a negação que se produz na passagem do inferior ao superior, da negação que se produz no curso do movimento circular ou de regressão.
A negação dialética nasceu unida à idéia de evolução.Mas, a dialética como estuda o movimento, estuda também o movimento não dialético, ou metafísico

(p.315): Uma característica da negação dialética que distingue da negação não dialética é o fato de que a primeira desempenha o papel de elo de ligação entre o inferior e o superior.


2 A NEGAÇÃO DIALÉTICA E O MOVIMENTO DO ABSTRATO AO CONCRETO.

(p.316): Toda negação dialética que se produz na passagem de uma formação material inferior para outra formação material superior, realiza uma formação material mais rica, mais perfeita que a inferior, porque conserva, a formação material superior, todo o positivo que tinha a formação inferior. Esta passagem do inferior ao superior, representa também uma passagem do abstrato ,em certo sentido, para algo mais concreto, porque o concreto apresenta maiores propriedades ( a formação material superior ) que as que apresenta a formação material inferior.

(p.317): Hegel descreveu esta passagem do inferior ao superior. O ser puro, está desprovido de qualquer conteúdo. O vir-a -ser já possui um certo conteúdo, e o ser-aqui, já é algo determinado, tem qualidade.E assim pôr diante até chegar ao conceito passando por "alguma coisa,"a quantidade até chegar ao conceito.Claro que este desenvolvimento feito de negações de alguma coisa inferior a outra superior, mais rica, o faz como desenvolvimento da idéia, do espírito absoluto.

(p.320): O movimento ( no processo de evolução ) indo das formações menos ricas a outra mais rica, isto é, do abstrato, ao concreto, é uma lei universal.


3. A LEI DA NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO.

(p.328): Observamos no curso da negação dialética a passagem do inferior ao superior, com conteúdos mais ricos, mas também notamos " uma volta para trás, a repetição do que já foi transposto sobre uma nova base". A "volta aparente ao antigo", não é um fenômeno contingente, mas uma lei universal necessária do desenvolvimento."

(): A repetição, sobre uma nova base, superior do que já foi transposto no curso da negação dialética constitui a essência da lei da negação da negação".

(p.329): A forma elementar de manifestação da lei da negação da negação é retorno ao ponto de partida,a repetição do que já foi transposto, sobre uma base nova, por meio de duas negações. Isso se produz quando a transformação do fenômeno em seu contrário efetua-se no curso de uma única negação. Em decorrência da primeira negação, o fenômeno se transforma-se em seu contrário e, em decorrência da segunda negação, esse novo fenômeno transforma-se por sua vez, em seu contrário, repete (sobre uma nova base) o primeiro, o inicial. Ex: grão-planta-grão.


XV. A POSSIBILIDADE E A REALIDADE.

1. AS CONCEPÇÕES IDEALISTAS E METAFÍSICAS DA POSSIBILDIADE E DA REALIDADE.

(p.334): Alcançada a essência do fenômeno, o conhecimento não para. Busca outras essências das formações materiais. E ai que usar nova categorias.
Primeiro, se busca o passado da formação material, e em seguida se pensa no futuro e descobre novas formas e ligações universais. Sabendo como surgiu uma coisa, conhecendo seus estados evolutivos, podemos prever no que ela pode se transformar.

(p.335): " Se conhecemos a essência de uma formação material, conhecemos tanto seus estados reais como seus estados possíveis. O estado real não é idêntico ao estado possível, e isso é importante para a prática humana.

(p.335): É necessário o separar o real do possível. O problema da realidade e da possibilidade é um problema antigo da filosofia. Para Platão a possibilidade não pode transformar-se em realidade. O real e a possibilidade para ele estão separados por uma fronteira que não se pode atravessar. Aristóteles nega a existência dessa fronteira.Crê que a realidade e a possibilidade tem existência independente.

(p.336): Hobbes :mostrou a correlação orgânica da possibilidade e da realidade, elas seriam da mesma natureza, concernem aos mesmos fenômenos.

(p.337): Para Kant a possibilidade e a realidade não eram próprias das coisas, mas eram características da razão humana

Hegel (p.337): mostrou a ligação orgânica da possibilidade e da realidade e a dialética da transformação de uma pela outra.


2. A CONCEPÇÃO DIALÉTICA E MATYERIALISTA DA POSSIBILDIADE E DA REALIDADE.

(p.337): O materialismo dialético seguiu o ponto de vista de Hegel.para o Materialismo Dialético a realidade é que existe realmente e a possibilidade é o que pode produzir-se quando as condições são propícias.

(p.338): “A possibilidade tem existência real”, mas somente como propriedade: capacidade da matéria de transformar-se em condições correspondentes, de uma coisa ou de um estado qualitativo em um outro. A possibilidade é um momento da realidade, como existência real.

(p.338): Conceito de possibilidade: "entendemos as formações materiais ,propriedades, estados, que não existem na realidade ,mas que podem manifestar-se em decorrência da capacidade das coisas materiais ( da matéria) de passar umas nas outras".

A possibilidade, realizando-se, transforma-se em realidade , e é por isso que podemos definir a realidade como uma possibilidade já realizada e a possibilidade como realidade potencial.

3. TIPOS DE POSSIBILIDADE E EU ALCANCE NA PRÁTICA.

(p.341): Possibilidade real: são condicionadas pelos aspectos e legações necessários, pelas leis do funcionamento e do desenvolvimento do objeto .
Possibilidade formal: está constituída por ligações formais que são condicionadas pelas ligações e as relações contingentes.
(p.342): As possibilidades reais, dividem-se de acordo com suas ligações necessárias para sua realização em abstratas e em concretas.

Uma possibilidade concreta é a possibilidade para cuja realização podem se reunidas, no momento presente, as condições correspondentes.
Uma possibilidade abstrata é uma possibilidade para cuja realização não há , no momento presente, condições necessárias. Para que essa última se realize a formação material que a contém deve transpor vários estágios de desenvolvimento.(p.342);



XVI. DA REALAÇÃO DAS LEIS E DAS CATEGORIAS DA DIALÉTICA.

01. As leis e as categorias da dialética marxista refletem as leis universais do ser, as ligações e os aspectos universais da realidade objetiva.(p.345)

02. As leis e as categorias apresentam diferenças importantes que são concernentes, antes de tudo, ao objeto do reflexo. As leis da dialética refletem as ligações e as relações universais, enquanto que as categorias refletem, além disso,as propriedades e os aspectos universais da realidade objetiva, o que faz com que o conteúdo das categorias revele-se mais rico do que o das leis.

03. A diferença entre as leis e as categorias concerne igualmente ás formas do reflexo.As leis da dialética, assim como as leis de qualquer outra ciência, são juízos , enquanto que as categorias são uma forma particular de conceitos

04.As categorias refletem: aspectos, propriedades e correlações dessas entre si.

05.As leis da dialética são fundamentais e determinam as outras ligações e relações universais.



1 Mauro Laeng. Dicionário de Pedagogia. Lisboa: Publicações Don Quixote, , p.202.
2 BECKER, Fernando, LARA E SCHEID. Manual de lógica e metodologia. São Leopoldo: UNISINOS, 1978, p.75.
3 Anaximnadro dizia que: “o infinito é o primeiro princípio do existente, porque pe dele que tudo nasce e nele tudo se destrói.

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