terça-feira, 10 de abril de 2012

A opressão da mulher trabalhadora

A opressão da mulher trabalhadora como experiência
de classe: da formalidade da lei a debilidade das políticas públicas.

Anézia Viero[1]
Fabiana Sanguiné[2]
Sonia
Ribas de Souza Soares[3]
"O
proletariado não pode atingir a liberdade completa sem conquistar a plena
liberdade para a mulher".
Lênin
Resumo: Este artigo discute a opressão da
mulher trabalhadora na EJA como experiência de classe, as políticas de combate
a opressão da mulher no Estado Brasileiro no governo atual. Na sociedade
brasileira a opressão da mulher possibilita dupla exploração no momento que
exercem no plano público, seu trabalho produtivo e no universo da vida privada
consome horas no trabalho doméstico, contribuindo para reprodução do capital. O sistema capitalista oportunisticamente
aproveita-se da naturalização dos aspectos culturais que coloca a mulher como sendo capaz de melhor suportar
sacrifícios, ao mesmo tempo que a
diferenças salariais entre homens e mulheres expressam a desvalorização das
tarefas “femininas”, mesmo para trabalhos iguais. As conquistas femininas ainda não são
asseguradas em todos os países, e mesmo onde são a formalidade da lei leva a
uma fragilidade das políticas públicas contra a opressão da mulher.
Palavras-chave:
opressão, experiência de classe, mulher
1.
Introdução
Este artigo busca
discutir a opressão da mulher trabalhadora como experiência de classe, as
políticas voltadas ao combate à opressão da mulher no Estado Brasileiro no
governo atual.
Partimos
da concepção materialista da história, a partir do ponto de vista da mulher
trabalhadora, classista, presente no “mercado de trabalho” que lutam pela
sobrevivência, relutando e questionando os privilégios que reforçam todo tipo
de opressão por meio da busca pela sua formação. O capitalismo, ao revolucionar
as forças produtivas utiliza-se da opressão da Mulher, culturalmente anterior a
esse sistema, para explorar ainda mais as mulheres da classe trabalhadora, por
isso a da opressão da mulher não se resume a um problemas de gênero.
Segundo Toledo (2008,
15) tratar da opressão da mulher como um problema de gênero tem como
conseqüência a luta por políticas de gênero fora do marco da luta geral da
classe trabalhadora, sendo luta pela conquista do poder político que não deixa
claro contra quem se luta. Ou seja, ignora-se o vínculo indissolúvel da
opressão da mulher trabalhadora ao capitalismo e, portanto, o vínculo
indissolúvel que existe entre a luta por superar a opressão e a luta pelo socialismo.
A opressão da mulher como um fator cultural assume diversas
formas segundo o grau de desenvolvimento das forças produtivas e das relações
de produção em cada lugar e em cada período histórico. Por isso extrapola os
marcos individuais e a questão de gênero e engloba toda a sociedade, visto que sua
submissão tem o poder de impedir a emancipação de toda a humanidade e não
apenas de uma parte dela.
Singularidade da
opressão da mulher na sociedade capitalista, entre todas as demais formas de
opressão, atinge mais da metade de toda a espécie humana (52% da população
mundial é feminina). Em graus e intensidade diferentes, a opressão atinge
burguesas e trabalhadoras. Dentro da classe trabalhadora, a mulher negra é
aquela que concentra o mais alto grau de opressão: por ser negra, mulher e
trabalhadora.
A dupla jornada de
trabalho da mulher é uma das formas mais gritantes da relação entre a opressão
e exploração da mulher trabalhadora, pois o trabalho doméstico consome horas da
mulher no universo da vida privada junto com o trabalho no plano público.
Outro
fator a ser considerado é o papel da mulher, como “objeto” por meio das várias
formas de mercantilização do corpo. Para
Gramsci (1984) a ação da ideologia burguesa sobre a mulher constrói um ideal
‘estético’ masculino sobre a mulher, no qual a sexualidade vira um esporte e a
mulher é um tipo de brinquedo de lazer. O ideal ‘estético’ da mulher oscila
entre a concepção de “procriadora” e de “brinquedo”. Essa concepção para o
autor faz parte da formação de um “novo homem” adaptado ao projeto burguês de
sociedade em que a hegemonia do processo de produção da fábrica é o parâmetro
para toda a sociedade e a formação da “personalidade feminina” é necessária
para consolidar essa hegemonia. Por conseguinte a regularização da prática
sexual do trabalhador tem a função de não desperdiçar suas energias nervosas
para não produzir “estafa” ou “exaustão” junto com a disciplina de seus
movimentos. É por meio da monogamia apoiada no puritanismo que a sociedade
burguesa educa os trabalhadores e as trabalhadoras para os hábitos necessários
à extração de mais-valia da classe trabalhadora.
Esses são aspectos que
naturalizam a violência contra a mulher no Brasil, retratada nos dados que
apontam que a cada quatro minutos uma mulher é estuprada, onde a própria casa é
o lugar mais perigoso.[4]
É
nesta realidade da mulher que o capitalismo exerce alguns dos mais perversos
mecanismos de opressão. Através de suas instituições e ideologias patriarcais -
entre as quais se destaca o papel repressor das Igrejas – que contribui para perpetuar
na consciência da humanidade ideologias geradoras de leis, moral e
comportamentos que anulam a mulher como ser consciente de si mesmo. No Brasil a
presidenta mulher por meio da “Carta ao
Povo de Deus” ao atender o apelo dos parlamentares da bancada evangélica,
retirando do seu programa a legalização do aborto, transforma em moeda de troca
uma bandeira histórica de luta das mulheres, numa realidade onde há um alto
índice de mortalidade e complicações devido às intervenções clandestinas sem
condições adequadas.
É
a cultura patriarcal que alicerça as ideologias machistas que serve aos
interesses do sistema no sentido de reproduzir gratuitamente sua mão-de-obra e
superexplorar à metade tida como “inferior”. A ideologia machista se traduz em:
superioridade dos indivíduos do sexo masculino;
função meramente reprodutora do sexo; negação do prazer sexual da
mulher; obrigação feminina de ter
filhos; família patriarcal como “célula mater” da sociedade; propensão
“natural” da mulher para a vida doméstica; incompatibilidade entre o trabalho
feminino e a maternidade, entre outros.
É
por meio da cultura patriarcal
que as características fisiológicas da mulher, passaram a ser utilizadas contra
ela colocando-a como inferior, mesmo na sociedade burguesa onde o avanço das
forças produtivas proporcionam processos de trabalho que não exigem força
física. Contudo o princípio burguês da igualdade formal dos indivíduos perante
a lei permite que as divisões sociais sejam naturalizadas em desigualdades
postas como inferioridades naturais. Dessa forma há um esvaziamento da gênese
histórica da desigualdade permitindo assim a naturalização de todas as formas
visíveis e invisíveis de violência, pois estas não são percebidas como tais(CHAUÍ.2001,
p. 90).
A
relação entre opressão e exploração expressa-se como duas categorias desiguais
e combinadas que embora
se combinem, são distintas. Pois a opressão atinge todas as mulheres,
envolvendo o seu desenvolvimento profissional, direito ao trabalho, sua
liberdade para decidir sobre a sua vida e dispor de seu próprio corpo, sendo cultural e social, gera uma
situação de discriminação que atinge mulheres de diversas classes sociais e
pode ter efeitos econômicos de maior ou menor peso. Já a exploração atinge a
mulher trabalhadora de forma historicamente específica, em especial na
sociedade de classes, a exploração é uma forma de acumulação de capital e nesse
sentido a opressão
é utilizada pela classe dominante para explorar ainda mais a classe
trabalhadora. É exatamente esse conceito que explica porque os setores
oprimidos sejam a parcela da classe trabalhadora mais explorada e que o
machismo é experimentado de maneira quantitativamente e qualitativamente
diferente por mulheres de classes diferentes
2 A opressão da
mulher trabalhadora no capitalismo.
No
capitalismo, a opressão - exploração se manifesta de várias formas: a
reprodução e manutenção da força de trabalho, através do trabalho doméstico não
remunerado, e a utilização da mão-de-obra feminina por salários mais baixos,
propiciando maior extração de mais-valia. As conquistas
femininas: direito ao voto, legalização do aborto e do divórcio, leis que punem
a discriminação no trabalho e na vida social e o abuso sexual praticado pelos
homens, ainda não são exercidas em todos os países e mesmo onde são asseguradas
pela lei, estão sempre ameaçadas.
A flexibilidade do capitalismo em se reestruturar
para gerar suas próprias crises se expressa em aproveitar em benefício próprio
toda a opressão que esteja histórica e culturalmente disponível, como é o caso
do machismo, que esconde a realidade estrutural do sistema capitalista e divide
a classe trabalhadora no momento que garante vantagens para parcelas dos
trabalhadores no mercado de trabalho. Por conseguinte as práticas de opressão mascaram a ordem
estrutural do sistema capitalista colocando trabalhadores e trabalhadoras em
competição entre si.
Contraditoriamente
o capitalismo tem uma tendência em diluir identidades, no momento que absorve
as pessoas no mercado de trabalho, reduzindo-as em mercadorias. Nesse sentido
há uma indiferença estrutural em relação às identidades específicas no momento
que transforma pessoas em unidades intercambiáveis de trabalho. Ao mesmo tempo
que sua história é marcada pelos mais violentos machismos, visto que aproveita-se
das opressões com base nas identidades específicas para intensificar a extração
de mais-valia. As formas de opressão existem, mas ao situar no contexto
material e histórico possibilita destacar mecanismos discriminatórios variados
que são fundamentais para o capitalismo, como sistema ( STABILE. 1999, p.
145-160).
Encontramos na análise de Marx, dados que apontam
como a sociedade industrial capitalista absorve as opressões como forma de
maximizar a exploração da classe trabalhadora. Segundo Marx (1996, p. 550-575)
a indústria capitalista reproduz a divisão do trabalho de maneira mais
monstruosa das formações sociais anteriores. Na fábrica capitalista
transforma-se o trabalhador no acessório consciente de uma máquina, e, fora
dela, por toda a parte, com o trabalho das mulheres, das crianças e dos
trabalhadores sem habilitação servem de nova base à divisão do trabalho.
No capitalismo atual, intensifica-se a exploração da
mulher, visto que por um lado elas se inserem no mercado de trabalho, por outro
continua realizando o trabalho doméstico que garante a reprodução da força de
trabalho necessária ao sistema.
Os dados apontam que a participação das mulheres no mercado de trabalho
não reduziu a jornada delas com os afazeres domésticos. Segundo IBGE/PNAD 2001 e 2005 na faixa etária
de 25 a 49 anos de idade o trabalho doméstico ocupa 94,0% das mulheres. No
Brasil 109,2 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade declararam realizar
tarefas domésticas; sendo que, deste conjunto, 71,5 milhões (65,4%) são
mulheres e 37,7 milhões (34,6%) são homens.
Desde a infância, o trabalho doméstico está relacionado a uma atividade
feminina. Em 2005, cerca de 83% das
meninas, de 10 a 17 anos de idade, realizaram tais afazeres, enquanto que entre
os meninos nesta mesma faixa etária a proporção foi de 47,4%. O tempo
despendido nessas atividades diferencia significativamente entre os sexos:
meninos 8,2 e meninas, 14,3 horas semanais.
Considerando a jornada do trabalho produtivo mais os
afazeres domésticos nos cinco dias úteis da semana, as mulheres, em média,
trabalham 11,5 horas por dia contra 10,6 horas para os homens.
Ao relacionar a dupla jornada, com a indistinção
cada vez maior da vida pública e privada o trabalho doméstico torna-se cada vez
mais mercadoria num sentido mais profundo, destacando-se o emprego doméstico.
Segundo dados do IBGE/2007, existem 6 milhões de brasileiras no desempenho
da função de domética, na sua maioria
mulheres negras, que recebem em média o salário mínimo. O número, porém, se
refere àquelas trabalhadoras com visibilidade no mercado, pois segundo dados do
IBGE, apenas 25% das trabalhadoras
têm carteira assinada. Porém dados do Departamento de Qualificação do
Ministério do Trabalho pode haver mais 2 milhões de pessoas não contabilizadas,
trabalhando em residências. São crianças e jovens que passam por afilhadas,
sobrinhas, mas que, na realidade, arrumam, lavam, cozinham e sofrem
humilhações.
Segundo pesquisa da Federação Nacional das
Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), estima-se que no Brasil existam cerca de 500 mil crianças e
adolescentes trabalhando de forma irregular no cenário doméstico. As meninas são as
mais exploradas. O perfil dessas crianças e adolescentes
trabalhadoras domésticas no Brasil é quase sempre o mesmo: 93% são meninas e
mais de 60% são negras.
As pesquisas de
Antunes(2001, 108) mostram que o trabalho feminino no mundo fabril tem
desenhado uma nova divisão sexual do trabalho. O trabalho feminino tem sido
reservado as áreas de trabalho intensivo, com níveis ainda mais intensificados
de exploração, sendo o trabalho mais precarizado reservado as mulheres. Com
o regime de part-time, marcado por
uma informalidade ainda mais forte, os desníveis salariais entre homens e
mulheres continuam acentuados. Nesse sentido, no
universo do mundo produtivo e reprodutivo a divisão sexual do trabalho
possibilita que os capitalistas se apropriem do trabalho de forma desigual,
beneficiando-se.
Segundo pesquisa
realizada via Internet com 300.000 mulheres, de 24 países, publicada em 2009 –
(Des)igualdade de gênero no mercado de trabalho - Confederação Internacional
dos Sindicatos (ITUC/CSI), as mulheres
ganham em média 22% a menos que os homens, sendo que as trabalhadoras
brasileiras são as que sofrem com uma diferença salarial em relação aos homens
com diferença de 38,8% entre o salário dos homens e mulheres.
Esses dados
exemplificam como a opressão da mulher culturalmente anterior ao capitalismo intensifica a exploração das
trabalhadoras, visto que elas exercem no plano público, seu trabalho produtivo
e no universo da vida privada consomem horas no trabalho doméstico,
possibilitando a reprodução do capital, mesmo na esfera do trabalho não
diretamente mercantil. Por conseguinte o trabalho doméstico cria as condições
indispensáveis para a reprodução da força de trabalho dos maridos, filhos e de
si própria.
3. A origem da
opressão da mulher trabalhadora.
A história do
marxismo é marcada pela luta contra concepção de que as “mulheres são por
natureza inferiores”, colocando a opressão desde um fundamento social e
histórico.
É no “lar” que
se reproduz a ideologia da sociedade burguesa patriarcal, onde toda criança
nasce aprendendo a respeitar “a autoridade paterna” e ver na mulher um ser
destinado a servir os demais, em todos os sentidos. Esta ideologia vem
justificando uma desigualdade dos sexos e uma posição degradante das mulheres
desde o surgimento de formas mais ou menos estruturais de exploração dos seres
humanos.
Estudos
antropológicos demonstram que em sociedades primordiais (período que compreende
cerca de 90% da historia da humanidade) quando ainda não existia a propriedade
privada sobre os meios de produção, o conceito de masculino / feminino e os
papeis sociais eram diferenciados da lógica dos recentes 6000 anos de história
“oficiail”.
Milhares de
achados arqueológicos dão conta de que as mulheres chegaram, inclusive, a serem
consideradas deusas num mundo onde a procriação e o fato de um corpo possuir o
alimento necessário para a sobrevivência da espécie era reverenciado por seu
valor material/mágico.
Engels,(1980, 56)
entre outros, demonstrou como a opressão
sexual/política das mulheres surgiu com a apropriação individual do trabalho
coletivo (sociedade de classes). Nas sociedades primordiais, além das mulheres
serem consideradas seres dotados de atribuições físicas que permitiam a
perpetuação da espécie, o modelo de família era completamente diferente. A
liberdade sexual e a possibilidade de relacionamentos livres vinham
acompanhados da linhagem matrilinear. As comunidades eram mães e pais
coletivos.[5]
O excedente de
produção, o fato de que os homens detivessem os instrumentos de guerra (armas
de caça) foi paulatinamente obstruindo a liberdade sexual das mulheres em
função do direito de herança. É o surgimento da herança que instaurará ao longo
dos tempos/lugares um local domesticado e controlado para a perpetuação da
propriedade privada. Os filhos “legítimos”, o controle da natalidade passou,
então, dos ventres das mulheres para os homens senhores da guerra. (Viero,
Colombo 2011)
Segundo Toledo (2008, 29) foi somente com o advento
da indústria que a produção social foi novamente aberta à mulher sem que sua
dominação pelo patriarcado fosse resolvida. No moderno sistema fabril, a
relação familiar não deixou de ser uma relação de poder. As mulheres como
trabalhadoras assalariadas, participam da produção social, do domínio do
trabalho coletivo, e adquirem assim, maior independência diante do homem.
Kolontai (2008, 15) expressa que esse novo momento da mulher adquirindo maior
independência do homem, produz modificações psicológicas, que muitas vezes não
são percebidas, mas que na realidade a sua inserção no mercado de trabalho,
nada mais é, que uma grande reserva de
mão de obra necessária ao capitalismo. A monogamia e o patriarcado não só se
mantiveram como foram agravados com o advento da indústria moderna. Aquele que
poderia ter sido o passo decisivo para a emancipação da mulher – sua entrada na
produção coletiva foi transformado pelo capitalismo em mais uma forma de
opressão e super-exploração da mulher.
A origem da opressão
da mulher esta, portanto, ligada as transformações ocorridas nas relações
humanas desde as primeiras sociedades que se conhece. As descobertas
antropológicas permitem afirmar, que a mulher não nasceu oprimida, mas passou a
sê-lo devido a inúmeros fatores dentro os quais foram decisivos os fatores econômicos,
que determinaram toda a superestrutura de sustentação desta opressão: as
crenças, os valores, os costumes, a cultura em geral. Em especial, a opressão
da mulher esta vinculada a Propriedade privada dos meios de
produção. Esse fato mostra que a opressão só
poderá ser superada com o rompimento total deste modo de organização das
relações sociais.

4. A
opressão das mulheres trabalhadoras no Brasil atual: da formalidade da lei a
debilidade das políticas públicas de combate a opressão.
As políticas
públicas para mulheres dos países semi-coloniais, em especial o Brasil, seguem
as orientações do imperialismo. Na medida que o Banco Mundial financia projetos
sociais, impõe aos governos a perspectiva de políticas focalizadas e
compensatórias para aliviar as possíveis tensões decorrentes da contenção de
despesas públicas na área social. Ao
seguir a cartilha do Banco Mundial o governo, implementa políticas compensatórias
na linha da economia de recursos para políticas sociais, a exemplo do corte de
50 milhões do orçamento do governo Dilma
que atingiu as várias áreas sociais.
Os programas de transferência de renda, em especial para o Brasil, foram
acompanhados de condições a serem implementadas. Estas foram apresentadas em
diversos documentos, discursos e entrevistas, e representam um retrocesso em
relação a conquista dos direitos sociais, pois são fundamentadas no Estatuto da
superação da pobreza e as mulheres são as responsáveis pela sua implementação.
Na década de
1970 as pesquisas apontam para a “feminização da pobreza,” ou seja, as mulheres
vêm se tornando, ao longo do tempo, mais pobres do que os homens. O Relatório
do Desenvolvimento Humano 1995 constatava que “a pobreza tem o rosto de uma
mulher”.
Nas décadas de
90 e primeira década de 2000, a mulher passou a ser imprescindível para a noção
de sustentabilidade do BM. Isso se expressa nas Conferência Educacionais que tiram diretrizes
para a educação mundial. A Conferência de Nova Delhi, realizada em 1993 enfatiza a importância da escolaridade feminina e sua participação
crescente no mercado de trabalho. Essas diretrizes são incorporadas no Brasil
pelos Planos Decenais das décadas de 90 e 2000, que enfatizam a produtividade
da mulher por meio aumento da escolaridade. Contudo é destinada a mulher
trabalhadora uma escolaridade aligeirada
e a baixo custo, implicando no rebaixamento da aspiração profissional,
limitando a expectativa da mulher aos
setores de trabalho mais precarizados.
Nessas mesmas
décadas se consolidam as políticas públicas com base na perspectiva de gênero,
as mesmas voltam-se para empoderamento das mulheres, por meio de programas
voltados a aumentar a auto-confiança das mulheres.
O Programa da
presidenta do Brasil, eleita em 2011, expressa a perspectiva do empoderamento das mulheres, configurando-se no aumento da presença
feminina nos ministérios. No Brasil não é um fato menor, pois segundo pesquisa
da Fundação Perseu Abramo, por ano, mais de um milhão de mulheres são vítimas
de violência doméstica. A cada três minutos, uma mulher sofre agressão física:
a maior causa de invalidez de mulheres entre 16 e 44 anos é a violência
doméstica. Dez mulheres são assassinadas por dia, e 70% dos agressores são
maridos, companheiros ou ex-companheiros. Um em cada cinco dias de trabalho
perdidos pelas mulheres decorre de algum problema de saúde causado por
violência doméstica.
Todavia
o projeto de empoderamento da presidenta
expressa a face feminina do
projeto de conciliação de classes, que atende as perspectivas do Banco Mundial. Nesse sentido uma mulher por ser mulher não combaterá
a opressão da mulher com um projeto de
Conciliação de classe. Ao contrário coloca de maneira distorcida o sentimento e
a esperança de ver mudanças, pois ao não
ter um projeto que atenda a classe trabalhadora não enfrenta o Estado opressor,
logo não enfrenta a situação de opressão da mulher e, ao criar programas focalizados para
mulheres pobres, que não resolvem a situação estrutural, atribui
à pessoa que se encontra em situação de pobreza a responsabilidade de superá-la
e as políticas publicas de combate a opressão não passam de formalidade.
O Plano Nacional de
Enfrentamento à violência contra às Mulheres elaborado a partir do Plano
Nacional para Proteção para as Mulheres (PNPM), formulado com base na I
Conferência Nacional de Políticas para às Mulheres, realizado em 2004, pela
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM-criada em janeiro de
2003, com estatus de Ministério) e pelo Conselho Nacional de Direitos da
Mulher, foi formulado ainda no primeiro
governo Lula tem o objetivo sistematizar as políticas públicas de enfrentamento
à violência contra a mulher e a atuação do Estado brasileiro neste sentido.
De 1985-2002 o eixo da política de proteção à Mulher vítima
de violência era basicamente a instituição de delegacias especiais para
mulheres e casas-abrigo de proteção à mulher em situação de risco de morte.
A Lei 10.778\2003 estabelece
a notificação compulsória nos sistemas
de saúde, pela rede Infoseg (rede nacional de informações que integra o sistema
de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização).
A
formalidade da Lei Maria da Penha (11.340/2006) que sem eu texto tem como
propósito caracterizar a violência doméstica e familiar como violação dos
direitos humanos da mulher e garantir proteção e procedimentos policiais e
judiciais para as vítimas, a criação do sistema nacional
de dados estatísticos sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, criminalizando
a violência contra a mulher, prevê a criação de juizado especial para julgar os
casos de violência contra a mulher, classifica os tipos de violência doméstica em
física, sexual, psicológica, patrimonial ou moral, passa a ser proibida a
aplicação de leis pecuniárias aos agressores e a penalidade que não passaria de
um ano pode agora chegar a três anos de prisão dando-se encaminhamento às
mulheres e seus dependentes aos serviços de proteção social.
Embora
essa lei contribua para desnaturalizar a violência doméstica e familiar que
garante a supremacia masculina e a subordinação feminina, não prevê gastos para
a sua implantação e não havendo determinação de
investimento público e nem direcionamento do orçamento para a aplicação de
políticas de prevenção (âmbito educacional, cultural, social, saúde e estrutural
da mão-de-obra feminina), assim como de políticas punitivas aos agressores,
pode-se dizer que a lei não passa de mera formalidade, já que as ações do Estado
não passam da criação de poucas delegacias especializadas, mas sem nenhuma
articulação de fato entre os sistemas de saúde, de segurança e de assistência
as vítimas e seus dependentes para proteger a vida e prevenir futuras
violências.
Uma outra face
da violência do Estado contra a mulher é a criminalização do aborto. A lei que
proíbe o aborto é reafirmada no governo de uma mulher. Com a carta ao povo de Deus, dirigido ao publico
religioso, Dilma reafirmou a criminalização do aborto, ignorando inúmeras
mulheres que morrem todos os dias
vítimas de procedimentos mal sucedidos. De acordo com a pesquisa Nacional de
Aborto uma em cada 7 mulheres até
quarenta anos realizaram aborto. Metade delas recorreram ao sistema de saúde e
foram internadas por complicações, além do aborto clandestino estar entre as
principais causas de morte de mulheres no Brasil, principalmente as mulheres
pertencentes a classe trabalhadora, que não tem condições de ir a uma clinica
clandestina, além disso o negócio do aborto é um dos mais lucrativos.
Outra
face da opressão do Estado é a negação dos
direitos básicos às mulheres como: o direito à maternidade quando a
licença-maternidade de seis meses não vale para todas, o não acesso a educação das crianças de 0 a 6 anos, para que as mães possam
trabalhar e estudar. Os dados oficiais apontam que no Brasil, o atendimento de
0a 6 anos está entre 10 a 16%. Isso significa que mais de 80% das crianças não
tem acesso a creches.
Ao mesmo que o
governo Dilma reforça as políticas focalizadas como o bolsa família para resolver a defasagem de vagas nas Creches públicas, corta 3
bilhões de Reais do orçamento destinado a educação. As políticas de bolsas para
a educação de 0 a 6 anos surgem na primeira década de 2000 obedecendo a lógica do
Banco Mundial expressa nas políticas do MEC, que cria incentivos por meio de bolsa
para as mães cuidarem de seus filhos de até 3 anos de idade fora das creches,
jogando para as mães a responsabilidade da educação infantil, reafirmando a
naturalização do papel da mulher como responsável exclusiva da educação dos
filhos, confinando-as como cuidadoras.
Os programas
focalizados são de baixo custo destinado a trabalhadores sob a perspectiva das políticas públicas de combate à pobreza. Desses destaca-se
o Programa Bolsa Família (PBF), implementado durante a presidência de Luis
Inácio Lula da Silva com continuidade na presidência Dilma. É um programa que
fornece transferência de renda às famílias consideradas em situação de extrema
pobreza e responsabiliza as mulheres para o cumprimento de suas condicionantes.
Por esta razão, são as mães de família as titulares que recebem as
transferências monetárias correspondentes, como forma de “dar poder as
mulheres”. Contudo as mulheres não participam dos processos decisórios
relativos à concepção, execução e avaliação do Programa. A responsabilidade do
Estado é substituída pela responsabilidade das mulheres em garantirem a
inserção nos serviços de saúde e educação, num contexto marcado pela
deterioração da educação e da saúde pública em face da retirada dos já poucos
recursos destinados a esses setores.
Neste ano a
presidenta lançou o programa Rede Cegonha, para ampliar o acesso e qualificar a
atenção a saúde da mulher antes durante a após o parto. Para isso prevê um
conjunto de medidas, para a construção de uma rede de cuidados primários ás
mulheres e crianças desde o pré-natal até os dois anos de idade das crianças.
No mesmo momento que a presidenta lança
o programa Rede Cegonha prevendo
investimento de 9. 397 milhões até 2014,
promoveu cortes de 1 bilhão dos recursos destinados a saúde, com a
justificativa de combate a inflação. Ou seja, os dados do governo em relação o
reajuste estrutural, apontam que os objetivos de programas como Rede Cegonha
não passam de formalidade.
O Bolsa Família, o Rede Cegonha e a Lei Maria
da Penha expressam que o governo Dilma
por meio da utilização da mídia fortalece a hegemonia para implementar o Plano
de Ajuste Estrutural que mantém as condições e pobreza por meio da implantação
de políticas voltadas às famílias, em especial para as mulheres, para formar
reserva de mão de obra. Esses programas
não incluem iniciativas estruturais que permitam as beneficiárias superarem a
situação de extrema pobreza em que se encontram. Logo são
programas que expressam a natureza opressora do Estado brasileiro reproduzindo
as experiências de classe das mulheres trabalhadoras.
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Opinião
Socialista. 100 dias de governo Dilma...
e as greves operárias. N.422, 22 de
abril a 3 de maio de 2011. P. 9
__________O Sombrio quadro da Educação no Brasil. N.424, de 24 de maio a 7 de
junho de 2011. P.8 e 9.
__________ O
que é Machismo. n.419 de 3 a 22 de março de 2011. P. 07
STABILE, Carol A. Pós-modernismo, feminismo e Marx: notas do abismo. In:WOOD, Ellen
Meiksins; FOSTER, John Bellamy (Orgs.)Em
defesa da historia: marxismo e pós-modernismo. Rio de Janeiro:Jorge Zahar
Ed.,1999.,145-160
TOLEDO, Cecília. Mulheres: O gênero nos une, a classe nos divide. São Paulo:
Sundermann. 2008
TOLEDO,
Cecília. Afinal o que querem as mulheres? in:
Correio Internacional. n 4, p. 32 São Paulo, 2011
[1]Doutora
em Educação na UFRGS, profª da Rede Municipal de Porto Alegre/ Centro Municipal
de Educação dos Trabalhadores Paulo
Freire, pesquisadora da Linha de Pesquisa: Trabalho, Movimentos Sociais e
Educação-FACED/UFRGS. viero.anezia@gmailcom
[2] Acadêmica
de pós-graduação, em nível de Especialização, em História do Brasil
Contemporâneo (FAPA). E-mail: fabisanguine@hotmail.com.
[3]
Doutoranda em Educação na UFRGS, profª da Rede Municipal de Porto Alegre e da
Rede Estadual do Rio Grande do Sul, pesquisadora da Linha de Pesquisa: Trabalho,
Movimentos Sociais e Educação-FACED/UFRGS
soniaribassoares@hotmail.com
[4] (“Injustiça Criminal - A
Violência contra a Mulher no Brasil”, relatório da Organização Norte-americana
de Direitos Humanos Américas Watch, 1.992).
[5][5] Engels estuda os trabalhos do
inglês Lorimer Fison sobre as formas de matrimônios por grupos. (p. 56)

KOSIK - DIALÉTICA DO CONCRETO cap 1 (eskema)

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Aluna Sonia Ribas
Fevereiro de 2010


KOSIK, Karel. DIALÉTICA DO CONCRETO. 2ed. Rio de Janeiro:Editora Paz e Terra,1976.230p.

1.capitulo O Mundo da
Pseudoconcreticidade e a sua Destruição

ALGUNS DESTAQUES BÁSICOS

01.p.9 A
dialética trata da “coisa em si”

02.p.9 a
compreensão é possível depois de um détur (rodeio). A coisa em si não se
manifesta imediatamente ao ser humano.

03.p.9 O
pensamento dialético distingue entre representação e conceito. São duas formas
e dois graus de conhecimento da realidade.

04.p.9 Esses
dois graus de conhecimento é importante em relação à praxis humana

05.p.9 ser
humano não examina a realidade especulativamente. É um ser histórico,
primeiramente, que age objetiva e praticamente em sua relação com a natureza e
outros seres humanos, de acordo com suas necessidades, interesses e fins.

06.p.10
“portanto a realidade não se apresenta ao ser humano, à primeira vista, sob o
aspecto de um objeto que cumpre intuir,
analisar e compreender teoricamente ,cujo pólo oposto e complementar seja
justamente o abstrato sujeito cognoscente que existe fora do mundo.”

07.p.10 “no trato prático utilitário com
as coisas, em que a realidade se revela como mundo dos meios,fins,instrumentos,
exigências, exigências e esforços para
satisfazer na estas ,o individuo em
“situação”crias suas próprias representações das coisas e elabora tudo um
sistema correlativo de noções que capta
e fixa os aspectos fenomênicos da realidade.”!

08.p.10 Todavia, “a existência real” e as
formas fenomênicas da realidade ,que se produzem imediatamente na mente de aqueles que
realizam uma determinada práxis históricas,como conjunto de representações ou
categorias “do pensamento comum ( que apenas por “hábito bárbaro” são considerados conceitos),
são diferentes muitas vezes absolutamente contraditórias com a lei do
fenômeno,com a estrutura da coisa e,portanto,com seu núcleo essencial e seu
conceito correspondente .”

09.p.10 Por
isso a praxis utilitária imediata (a que
surge exclusivamente com uma
captação da realidade originada mediante
representações, e não de conceitos,), e senso comum a ela correpondente colocam ao ser humano, em condições de
orientar-se no mundo,de familiarizar-se com as coisas e manejá-las,mas não proporcionam a compreensão das coisas e da realidade.
A práxis
a utilitária, é histórica, unilateral, e fragmentária dos indivíduos, baseada
na divisão do trabalho, na divisão da sociedade em classes e na hierarquia de
posições sociais que se ela, se ergue.”

10.p11
Nesta práxis se forma tanto o determinado ambiente material do individuo
histórico, quanto a atmosfera espiritual em que a aparência superficial da
realidade é fixada como o mundo da pretensa intimidade, da confiança e da
familiaridade em que o homem se move “naturalmente’.
Estes
penetram na consciência dos indivíduos agentes, assumindo um aspecto
independente e natural
11.p11 Constitui
o mundo da pseudoconcreticidade:
- o mundo dos F externos, à parte da essência;
- o mundo do trafico e manipulações, isto é, da práxis
fetichizada dos homens (não coincide com a praxis critica revolucionaria da
humanidade)
- o mundo das representações comuns,
são projeções dos F externos na consciência dos homens: produto da práxis
fetichizada, formas ideológicas de seu movimento.
- o mundo dos objetos fixados, que
dão a impressão de ser condições naturais e não reconhecem como resultado da
atividade social do homem.

12.p.11
O mundo da pseudoconcreticidade ... O seu elemento
próprio é o duplo sentido. O F
indica a essência, e ao mesmo tempo,
a esconde. A essência se manifesta no F, mas só de modo inadequado, parcial, ou
apenas sob certos ângulos e aspectos.
O F indica algo que não é ele mesmo e vive apenas graças a seu contrario. A essência não se dá
imediatamente; é mediata ao F e, portanto, se manifesta em algo diferente
daquilo que é. A essência se manifesta no F. O fato de se manifestar no F
revela seu movimento e demonstra que
a essência não é inerte nem passiva.

13.p.11
A manifestação da essência é precisamente a atividade do F.

14.p12
Captar o F de determinada coisa significa indagar e descrever como a coisa em
si se manifesta naquele F, e como ao mesmo tempo nele se esconde. Compreender o
F é atingir a essência.

15.p. 12 A realidade é a unidade do
F e da Essência. Por isso a essência pode ser tão irreal quanto o F, e o F
tanto quanto a essência , no caso em que se apresentem isolados, e em tal
isolamento, sejam considerados como a única ou “autentica” realidade.

16.p. 12
O F não é portanto, outra coisa senão aquilo que – diferentemente da essência
oculta – se manifesta imediatamente, primeiro e com maior freqüência.

17.p.13
A percepção imediata não capta a “coisa em si”, mas o F da coisa, dependerá,
talvez, do fato de que a estrutura da coisa pertence a outra ordem de
realidade, distinta da dos F.

18.p.13
Como a essência – ao contrario dos F – não se manifestam diretamente, e desde
que o fundamento oculto das coisas deve ser descoberto mediante uma atividade
peculiar, tem que existir a ciência e a filosofia.

19.p.13-14 A filosofia é uma atividade
indispensável, visto que a essência da coisa, a estrutura da realidade, a
“coisa em si”, o ser da coisa não se manifesta direta e imediatamente, a
filosofia pode ser caracterizada como um esforço sistemático e critico que visa
a captá-las e descobrir o modo de se do existente.

20.p.14
O conhecimento é que é a própria dialética em uma das suas formas; o conhecimento
é a decomposição do todo. O “conceito” e a “abstração”, em uma concepção
dialética, tem o significado de método que decompõe o todo para poder
reproduzir espiritualmente a estrutura da coisa, e portanto, compreender a
coisa.

21.p.14 O
conhecimento se realiza como separação de F e essência, do que é secundário e
do que é essencial, já que só através dessa separação se pode mostrar a sua
coerência interna, e com isso, o caráter específico da coisa. Esta decomposição
do todo, que é elemento constitutivo do conhecimento filosófico – com efeito,
sem decomposição não há conhecimento – demonstra uma estrutura análoga à do
agir humano: também a ação se baseia na decomposição do todo.

22.p. 15
O impulso espontâneo da práxis e do pensamento para isolar os F, para cindir a
realidade no que é essencial e no que é secundário, vem sempre acompanhado de
uma igualemnte espontânea percepção do todo, na qual e da qual são isolados
alguns aspectos, embora para a consciência ingênua esta percepção seja muito
menos evidente e muitas vezes mais imatura.

23.p.15
A práxis utilitária cotidiana cria “o pensamento comum” – em que são captados
tanto a familiaridade com as coisas e o aspecto superficial das coisas quanto a
técnica de tratamento das coisas – como forma de seu movimento e de sua
existência. O pensamento comum é a forma ideológica do agir humano de todos os
dias.

24.p.15 Todavia,
o mundo que se manifesta ao homem na práxis fetichizada, no trafico e na manipulação,
não é o mundo real, embora tenha a “consistência” e a “validez” do mundo real:
é o “mundo da aparência” (Marx). A representação da coisa não constitui uma
qualidade natural da coisa e da realidade: é a projeção, na consciência do
sujeito, de determinadas condições históricas petrificadas.

25.p.15
A distinção entre representação e conceito, entre o mundo da aparência e o
mundo da realidade, entre a práxis utilitária cotidiana dos homens e a práxis
revolucionária da humanidade ou, numa palavra, a “cisão do único”, é o modo
pelo qual o pensamento capta a “coisa em si”

26.p.15
- 16 A
dialética é p pensamento critico que se
propõe a compreender a “coisa em si’ e sistematicamente se pergunta como é
possível chegar à compreensão da realidade.
A
dialética não considera os produtos fixados, as configurações e os objetos,
todo o conjunto do mundo material reificado, como algo originário e
independente. Do mesmo modo como assim não considera o mundo ds representações
e do pensamento comum, não os aceita sob o seu aspecto imediato: submete-os a
um exame em que as formas reificadas do mundo objetivo e ideal se diluem,
perdem a sua fixidez, naturalidade e pretensa originalidade para se mostrarem
como F derivados e mediatos, como sedimentos e produtos da práxis social da
humanidade.

27.p.17
Hegel assim define o pensamento reflexivo: “A reflexão é a atividade que
consiste em constatar as oposições e em passar de uma para outra, mas sem
ressaltar a sua conexão e a unidade que as compenetra” (Nota de rodapé)

28.p.18
Entretanto a destruição da pseudoconcreticidade como método dialético-crítico,
graças à qual o pensamento dissolve as criações fetichizadas do mundo reificado
e ideal, para alcançar a sua realidade, é apenas o outro lado da dialética,
como método revolucionário de transformação da realidade.
Para que
o mundo possa ser explicado “criticamente”, cumpre que a explicação mesma se
coloque no terreno da “práxis” revolucionaria.

29.p.18
A realidade pode ser mudada de modo revolucionário só porque e só na medida em
que nós mesmos produzimos a realidade, e na medida de que saibamos que a
realidade é produzida por nós. A diferença entre a realidade natural e a
realidade humano-social esta em que o homem pode mudar de modo revolucionário a
realidade humano-social porque ele próprio é o produtor desta última realidade.

30.p.18-19
O mundo real, oculto pela pseudoconcreticidade, é o mundo da práxis humana. É a
compreensão da realidade humano-social como unidade de produção e produto, de sujeito e objeto, de gênese e
estrutura. ... É um mundo em que as coisas, as relações e os significados são
considerados como produtos do homem social, e o proprio homem se revela como
sujeito real do mundo social. ... é um processo no curso do qual a humanidade e
o individuo realizam a própria verdade, operam a humanização do homem... é o mundo
em que a verdade não é dade e predestinada, não está pronta e acabada, impressa
de forma imutável na consciência humana:

31.p19 A
pseudoconcreticidade é justamente a existência autônoma dos produtos do homem e
a redução do homem ao nível da práxis utilitária.
A
destruição da pseudoconcreticidade significa que a verdade não é nem
inatingível, nem alcançável de uma vez para sempre, mas que ela se faz, logo,
se desenvolve e se realiza.

32.p19 A
destruição da pseudoconcreticidade se efetua como:
1- Critica revolucionaria da práxis da
humanidade, que coincide com o devenir humano do homem, com o processo de
“humanização do homem”, do qual as revoluções sociais constituem as etapas
chave.
2- Pensamento dialético, que dissolve o
mundo fetichizada da aparência para atingir a realidade e a “coisa em si”.
3-
Realizações da verdade e criação da realidade humana em um processo ontogenético,
visto que para cada individuo humano o mundo da verdade é, ao mesmo tempo, uma
sua criação própria, espiritual, como individuo social-histórico.

33.p19 A
destruição da pseudoconcreticidade é o processo de criação da realidade
concreta e a visão da realidade, da sua concreticidade.


34.p19-20
As correntes idealísticas absolutizaram ora o sujeito, ora o objeto, ao
contrario delas, na destruição materialista da pseudoconcreticidade, a
liberação do “sujeito” coincide com a liberação do “objeto”, posto que a
realidade social dos homens se cria como união dialética de sujeito e objeto.

Livro sobre a Amizade

lendo o Texto da Colega Janes Siqueira lembrei mto dos amigose companheiros de luta da aula da 3.f... por isto postei p vcs...

bjos

Aos companheiros das 3.f e da Luta pela Vida

Para a Profª Carmem Machado e os colegas da
disciplina: Relendo Clássicos – Rosa Luxemburgo e Gramsci

Pois
reler Clássicos também é reler o significado da amizade, como valor histórico e
em movimento.
Texto de Janes Siqueira, livro
sobre a Amizade entre Marx e Engels

A amizade é uma relação necessária aos seres humanos. É um fenômeno que
se coloca em movimento se as pessoas assim o desejarem, em suas trocas, em seus
processos, em sua vida vivida e quiçá percebida.
O amigo é testemunha do passado. Divide amor, esperanças, fracassos.
Segura a ausência e sabe se colocar ao lado do amigo em situações difíceis.
Pode discordar e debater idéias, defender princípios constituídos. Respeito e
discordâncias não são incompatíveis, mas às vezes possibilidade de reorganizar
a amizade em nível mais elevado. A relação pode se desenvolver e tornar-se
capaz de suportar separações. Em geral, ficamos felizes com os reencontros e
desejamos contribuir com o outro para que o melhor aconteça em sua vida.
Pensamos que a amizade, ao aceitar
diferenças, separações, retornos e reorganizações, torna-se um movimento
importante na vida dos seres humanos. Ter amigos aumenta nossas possibilidades
de ser feliz. O amigo se alegra pelo e com o outro.
Lembrei da amizade de dois pensadores importantes para a história da
Humanidade: Marx e Engels. A singular amizade entre os dois inicia-se
justamente porque acreditavam na possibilidade de transformação da realidade
existente, para melhor e para todos.
A amizade entre eles teve como
propósito fazer a história. E nós estamos fazendo neste momento “histórico”
compartindo nosso conhecimento, pensamentos, teorias, carinhos,
espiritualidades, emoções, etc. Creio que ao sairmos deste espaço seremos
diferentes do momento em que adentramos, pois nossas materialidades criativas
estão desenvolvendo em sentido ascendente.
A amizade, como outro movimento, implica dialogo, experiência e troca. É,
portanto, um movimento também com contradições. Estas são, ao mesmo tempo,
obstáculos e condições de existência da amizade. Creio que estamos:
“Estimando-se e apreciando-se profundamente, tentando conhecer e ajudar as
nossas próprias fraquezas.
Como é bom saber que existe o outro
que se importa conosco, nos dá conforto e alegria. A experiência de uma amizade
contraria o vazio e a solidão humana. A alegria e o conforto de um amigo,
tornam a vida mais leve e saudável.
Obrigada pelo Carinho!! Sonia Ribas

Mercadoria - ficha de leitura

UFRGS/PPGEDU
Professor: Alceu Ravanello Ferraro
Seminário Avançado: Marx – construção do conhecimento
no confronto com a economia política
2010/2, Segunda-feira, horário: 18:00 a 21:40, sala:
703

Aluna: Sonia Ribas de Souza Soares

Ficha de Leitura: Mercadoria

MARX,
Karl. O capital: critica da economia
política: Livro I. Tradução de Reginaldo Sant`Anna. 22ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasieleira, 2004. p. 57-92.
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Este texto
inicia colocando que a mercadoria isoladamente é a forma elementar da riqueza,
mas que nas sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em “imensa
acumulação de mercadorias” (Marx, 2004, 57).
Marx
analisando a mercadoria coloca que ela pode ser considerada sob duplo aspecto,
segundo qualidade e quantidade. Pois cada objeto é um conjunto de muitas
propriedades e pode ser útil de diferentes modos. Constitui fatos históricos a
descoberta dos diferentes modos.
“As
mercadorias vêm ao mundo sob a forma de valores de uso, de objetos materiais,
como ferro, linho, trigo, etc. É a sua forma natural, prosaica. Todavia, só são
mercadorias por sua duplicidade, por serem ao mesmo tempo objetos úteis e
veículos de valor”. (Marx, 2004, 59).
O autor
coloca os dois fatores da mercadoria: valor-de-uso e valor (substancia e
quantidade de valor), mais tarde verifica que o próprio trabalho materializado
na mercadoria apresenta um duplo caráter: quando se expressa como valor, não
possui mais as mesmas características que lhe pertencem como gerador de valores-de-uso.
Em relação ao
valor de uma mercadoria, esta está para o valor de qualquer outra, assim, como
o tempo de trabalho necessário à produção de uma esta para o tempo de trabalho
necessário à produção de outra. “Como valores, as mercadorias são apenas
dimensões definidas do tempo de trabalho que nelas se cristaliza.” (Marx, 2004,
61).
Neste texto
aparece um elemento interessante que uma coisa pode ser útil e produto do
trabalho humano sem ser mercadoria. Quem, com seu produto, satisfazem a própria
necessidade gera valor-de-uso, mas não mercadoria. Para criar mercadoria, é
mister não só produzir valor-de-uso, mas produzi-lo para outros, dar origem a
valor-de-uso social. Por meio de troca. Então nenhuma coisa pode ser valor se
não é objeto útil; se não é útil, tampouco o será o trabalho nela contido, o
qual não conta como trabalho e, por isso, não cria nenhum valor.
Ao analisar a
mercadoria Marx descobre seu duplo caráter:
“A
mercadoria é valor de uso ou objeto útil e “valor”. Ela revela seu duplo
caráter, o que ela é realmente, quando, como valor, dispõe de uma forma de
manifestação própria, diferente da forma natural dela, a forma de valor de
troca; e ela nunca possui essa forma, isoladamente considerada, mas apenas na
relação de valor ou de troca com uma segunda mercadoria diferente.” (MARX,
2004, 82)
Buscando ajuda
em Bottomore (1988, 397), este coloca que o valor de uma mercadoria expressa a
forma histórica particular do caráter social do trabalho sob o capitalismo,
enquanto dispêndio da força de trabalho social. O valor não é uma relação
técnica, mas uma relação social entre pessoas que assume uma forma material
especifica do capitalismo, e, portanto aparece como uma propriedade dessa
forma. Isso sugere, em primeiro lugar, que a generalização do trabalho humano
como mercadoria é especifica do capitalismo e que o valor, como conceito de
analise, é igualmente especifico ao capitalismo. Em segundo lugar, sugere que o
valor não é apenas um conceito com uma existência puramente mental, mas que ele
tem existência real, constituindo as relações de valor sob a forma particular
assumida pelas relações sociais capitalistas. Como essa forma é a mercadoria,
isso determina o ponto de partida da analise de Marx. O valor é então definido
como a objetificação ou materialização do trabalho abstrato, e a forma de
aparência do valor é o valor de troca de uma mercadoria. Assim sendo, a
mercadoria não é um valor de uso e um valor de troca, mas um valor de uso e um
valor.
Analisando a
mercadoria, Marx trabalha neste texto as formas do valor ou o valor-de-troca, e
coloca que “as mercadorias, só encarnam valor na medida em que são expressões
de uma mesma substancia social, o trabalho humano; seu valor é, portanto, uma
realidade apenas social, só podendo manifestar-se, evidentemente, na relação
social em que uma mercadoria se troca por outra.” (Marx, 2004, 59). O autor
conceitua o trabalho como:
“Todo
trabalho é, de um lado, dispêndio de força humana de trabalho, no sentido
fisiológico, e, nessa qualidade de trabalho humano igual ou abstrato, cria o
valor das mercadorias. Todo trabalho, por outro lado, é dispêndio de força
humana de trabalho, sob forma especial, para um determinado fim, e, nessa
qualidade de trabalho útil e concreto, produz valores de uso.” “Apenas o
trabalho é a medida definitiva e real com que se avalia e compara o valor de
todas as mercadorias em todos os tempos” (Nota de rodapé 16) (MARX, 2004, 68)
Marx ao analisar
a forma simples do valor em seu conjunto, coloca que o valor de uma mercadoria
assume expressão fora dela, ao manifestar-se como valor-de-troca. No inicio do
capitulo ele colocara que a mercadoria é valor-de-uso- e valor-de-troca, mas a
rigor, isto não é verdadeiro. A forma ou a expressão do valor da mercadoria
decorre da natureza do valor da mercadoria, não sendo verdade que o valor e sua
magnitude se originem da expressão do valor da mercadoria; do valor de troca.
Só os mercantilistas que põem em relevo o aspecto qualitativo da expressão
valor. Em todos os estágios sociais, o produto do trabalho é valor-de-uso, mas
só um período determinado do desenvolvimento histórico, em que se representa o
trabalho despendido na produção, e que trasnforma o produto do trabalho em
mercadoria.

As 4 formas do trabalho alienado - ficha de estudo

UFRGS/PPGEDU
Professor: Alceu Ravanello Ferraro
Seminário Avançado: Marx – construção do conhecimento
no confronto com a economia política
2010/2, Segunda-feira, horário: 18:00 a 21:40, sala:
703

Aluna: Sonia Ribas de Souza Soares

Ficha de Leitura

MARX,
Karl. Trabalho alienado e superação positiva da autoalienação humana. In:
FERNANDES, Florestan (Org.) Marx-Engels (Historia). 3.ed. São Paulo: Atica,
1989. p. 146-181.
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Este texto é um texto
filosófico, parte dos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844, que não foi
publicado por Marx. Os conceitos alienado e estranhado (termos de Hegel) Marx
utiliza os dois e marca a fase jovem quando começa a romper com Hegel. Aqui
percebe a posição critica em relação à Economia Política clássica e a junção
dos conceitos de Hegel, mais adiante sua critica se torna mais sólida, mas
neste movimento apresenta elementos fundamentais onde Marx se posiciona e marca
suas diferenças. Neste texto já se tem presente o movimento da luta de classes,
quando ele coloca “que a sociedade
interia tem que se cindir nas duas classes dos proprietários e dos
trabalhadores sem propriedade”. (Marx, 1989, 147).
Marx trabalha neste texto as
quatro formas do trabalho alienado, enfatizando que parte dos pressupostos da
Economia Política, aceitando suas linguagens e leis, mas o seu ponto de partida
é um fato econômico-politico, presente:
“O trabalhador se torna tão mais pobre quanto mais
riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O
trabalhador se torna uma mercadoria tão mais barata quanto mais mercadorias
cria. Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a
desvalorização do mundo dos homens. O trabalho não produz só mercadorias;
produz a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e isto na proporção em
que produz mercadorias em geral.” (MARX, 1989, 148)
A 1ª forma do trabalho alienado esta presente na relação do
trabalhador com os produtos do seu trabalho, ou seja, o objeto que o
trabalhador produz, o seu produto, se lhe defronta como um ser alheio, como um
poder independente do produtor. O produto do trabalhador é o trabalho que se
fixou num objeto, se fez coisal, é a objetivação do trabalho. Segundo Calvez
(1959, 253) “O operário é alienado antes de tudo em relação ao seu produto.
Este lhe escapa, tão logo é criado; o operário é desapropriado”.
A 2ª alienação do trabalho se dá na relação do trabalho com o ato da
produção dentro do trabalho, ou seja dentro da atividade produtiva mesmo.
Segundo Marx é a própria exteriorização da atividade do trabalhador, significa
que seu trabalho é forçado, é um meio para satisfazer necessidade fora dele. É
um trabalho auto-sacrifício, de mortificação. Sua perda é a perda de si mesmo,
porque não te pertence. Calvez (1959, 255) coloca que esta 2ª alienação “o
operário não é menos alienado no ato mesmo da produção do que no seu
resultado”.
A 3ª forma de alienação do trabalho mostra que o “trabalho alienado
faz do ser genérico do homem, tanto da natureza quanto da faculdade genérica
espiritual dele, um ser alheio a ele, um meio da suas existência individual.
Aliena do homem o seu próprio corpo, tal como a natureza fora dele, tal como a
sua essência espiritual, a sua essência humana” (Marx, 1989,158). Resumindo, o
homem é um ser genético e esta inserido na natureza e também é natureza. Mas no
processo de produção capitalista o homem se anula enquanto natureza, e enquanto
produto de trabalho, pois ele passa a viver como alguém que usa e abusa com os
meios de produção, matéria prima, energia, etc. Calvez coloca:
“No fundo da alienação do produto, isto é, da alienação
do homem em relação ao seu produto, há uma alienação do homem em relação a
natureza. A natureza toda inteira assume diante do homem a figura inimiga.
(...) Quando o seu produto lhe é tirado, é a natureza toda inteira que deixa de
ser sua. (...) Para ele, a natureza não é mais que meio de subsistência, meio
de existência (lebensmittel), como ela é para o animal. Ele não se realiza mais
nela, ele não a reproduz mais verdadeiramente de maneira humana.” (CALVEZ,
1956, 257)
A 4ª alienação do trabalho se dá na relação do fato de o homem estar
alienado do produto de seu trabalho, da sua atividade vital, do seu ser
genérico, é o homem estar alienado do homem. Pois todas as suas produções não
lhe pertencem e sim a outros. Segundo Calvez (1956, 258) “dizer que o homem
esta alienado em relação à espécie, é dizer também, (...) que ele esta alienado
em relação à sociedade, portanto em relação ao outro homem.”
Em síntese
Marx coloca que a
alienação se dá na medida em que se torna um meio, meramente de necessidade,
para sobreviver. E é na Propriedade Privada (PP) que se tem a origem do
trabalho alienado. No 1º momento aparece a PP como causa da alienação, depois
fica claro, 1º a divisão de meios de produção e trabalho, para trabalhar para
outro, e neste processo que se desenvolve a PP. Um fato fundamental que produz
a alienação é a separação dos meios de produção do trabalhador. Pois se não
tiver trabalho alienado, não tem como ter lucro, no fundo a PP é a
sistematização do processo capitalista de produção.
O autor conclui com a necessidade da emancipação, não
só da classe trabalhadora, mas da humanidade universal. E que o grande desafio
teórico, prático e político a superar se materializarão através da
criatividade, o exemplo de Marx desafia a interpretar as formas da sociedade
capitalista que estão dadas e pensar em elementos que queiramos lutar para
apontar caminhos utópicos reais, para nos conduzir a uma direção, ou nos de uma
direção.

Definiçoes essenciais do "O Capital" de marx

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
Faculdade
de Educação - FACED
Programa
de Pós -Graduação
Seminário
Especial - Leitura dirigida do Capital
Aluna:
Sonia Ribas








O
CAPITAL – (KARL MARX)
“Definições”












Porto
Alegre, 28 de fevereiro de 2009


1-
Objetivo do estudo


Este trabalho tem como objetivo elaborar um
dicionário, em forma textual, como escreve Marx, para compreensão, em
especifico, das categorias e leis da Economia política marxiana, possibilitando
assim, um grau maior de entendimento do MD e do MH.

Esta forma de dicionário pode ser interessante para
o leitor ou pesquisador fazer uma consulta em meio à leitura de Marx e outros
textos mais aprofundados, pois as categorias estão todas inter-relacionadas,
tornando difícil sua compreensão de forma isolada.

2- Referencias Bibliográficas utilizadas

Marx Karl. O
Capital: crítica da economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de
Janeiro – Civilização Brasileira, 2004.

Marx Karl. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005.

Karl
Marx. O capital. O processo global de produção capitalista. Livro 3. Volume 6. 4ª ed. São Paulo: DIFEL.
1985.

Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988.






3- Definições das categorias cientificas da Economia
Política Marxiana

a) ACUMULAÇÃO DO CAPITAL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 728, p. 1º)
“Com a acumulação do capital, desenvolve-se o modo
de produção especificamente capitalista, e, com o modo de produção
especificamente capitalista, a acumulação do capital.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 667, p. 1º)
“...Quando o capitalista transforma parte de seu
capital em força de trabalho, aumenta ele o valor do seu capital global.”
“...Lucra não só com o que recebe do trabalhador, mas também com o que lhe dá.
O capital que fornece em troca da força de trabalho se converte em meios de
subsistência, cujo consumo serve para reproduzir músculos, nervos, ossos e
cérebro do trabalhador existente e para gerar novos trabalhadores. Dentro dos
limites absolutamente necessários, o consumo individual da classe trabalhadora,
portanto, transforma os meios de subsistência, proporcionados pelo capital em
troca de trabalho, em nova força de trabalho explorável pelo capital, produção
e reprodução do meio de produção mais imprescindível ao capitalista, o próprio
trabalhador.” “...A conservação, a reprodução da classe trabalhadora, constitui
condição necessária e permanente da reprodução do capital.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 827, p. 1º)
“A acumulação do capital pressupõe a mais valia, a
mais valia a produção capitalista, e esta, a existência de grandes quantidades
de capital e de força de trabalho nas mãos dos produtores de mercadorias.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 01, p. 1º, 2º, 3º, 4º e 5º)
“...Para Marx, um dos aspectos essenciais do capital
é o de que ele tem que ser acumulado, independentemente das preferências
subjetivas ou das convicções religiosas dos capitalistas tomados
individualmente.”
“A acumulação se faz por meio da transformação das
relações de produção para que se crie o trabalho assalariado, ao passo que os
métodos de produção continuam os mesmos.” “...A acumulação é necessária para
assegurar a expansão d força de trabalho, para proporcionar-lhe matérias-primas
e permitir economias de escala na supervisão do trabalho.”
“Para a manufatura, a acumulação é necessária de
modo a permitir emprego do trabalho em proporções adequadas na cooperação e na
divisão do trabalho. Com a maquinaria e a produção mecanizada, a acumulação
proporciona o capital fixo necessário e expande o uso das matérias-primas e do
trabalho associados a esse capital fixo.”
“Mas a acumulação não é simplesmente uma relação
entre a produção e a capitalização da mais valia. É também uma relação de
reprodução.”
“...Marx analisa a acumulação do ponto de vista da
distribuição da mais valia e do capital. Nas etapas iniciais de
desenvolvimento, a base da acumulação está na concentração do capital. Em
etapas posteriores, a centralização é o método predominante, pelo qual é
organizado o uso de quantidades cada vez maiores de capital. Isso pressupõe um
avançado sistema de credito. Enquanto o objetivo da acumulação é o aumento da
produtividade, o mecanismo para a sua realização opera por meio do acesso ao
credito.” ...”O processo de acumulação não é nunca apenas um processo econômico,
mas compreende também o desenvolvimento geral das relações sociais, ...”

b) ACUMULAÇÃO PRIMITIVA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 727, p. 2º)
“... o desenvolvimento da produtividade do trabalho
coletivo pressupõe a cooperação em grande escala; que apenas sob esse
pressuposto se pode organizar a divisão e a combinação do trabalho, economizar
os meios de produção através de sua concentração em massa, forjar instrumental
de trabalho, como o sistema de maquinaria que só se presta materialmente para a
utilização em comum, colocar a serviço da produção, imensas forças naturais e
transformar o processo de produção numa aplicação tecnológica da ciência. Na
base da produção mercantil – em que os meios de produção constituem propriedade
disseminada de indivíduos, de modo que o trabalhador manual produz mercadoria
de maneira isolada e independente ou vende como mercadoria sua força de
trabalho por não ter meios para explora-la -, apenas se realiza aquele
pressuposto da cooperação em grande escala ao crescerem os capitais individuais
ou na medida em que os meios de produção social e os meios de subsistência se
tornam propriedade”. particular de capitais. Só assumindo a forma capitalista
pode a produção de mercadorias tornar-se produção em grande escala. Certa
acumulação de capital em mãos de produtores particulares de mercadorias
constitui condição preliminar no modo de produção especificamente capitalista.
Por isso, temos de admiti-la na transição do artesanato para a exploração
capitalista. Pode ser chamada de acumulação primitiva, pois, em vez de
resultado histórico, é fundamento histórico d produção especificamente
capitalista.” “... ela constitui o ponto de partida. Mas todos os métodos para
elevar a força produtiva social do trabalho, surgidos sobre esse fundamento,
são ao mesmo tempo métodos para elevar a produção da mais valia ou do produto
excedente, que por sua vez é o fator constitutivo da acumulação.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 02, p. 5º)
“... Uma vez que as relações de produção
pré-capitalistas são predominantemente agrícolas, dispondo os camponeses dos
principais meios de produção, como a terra, o capitalismo só se pode afirmar
esbulhando os camponeses de sua terra. Assim sendo, as origens do capitalismo
encontram-se na transformação das relações de produção no campo. A separação
entre os camponeses e a terra é o manancial de onde provem os trabalhadores
assalariados, tanto para o capital agrícola como para a industria. É essa a
observação básica que Marx põe em evidencia com sua referencia irônica ao
“chamado segredo da acumulação primitiva”. Para muitos de seus contemporâneos,
o capital era criado pela abstinência, como fonte original da acumulação. A
tese de Marx é que a acumulação primitiva não é uma acumulação nesse sentido. A
abstinência só pode levar a acumulação do capital já existirem relações
capitalistas de produção. Para Marx, o “segredo” encontra-se na reorganização
revolucionaria e generalizada das relações de produção existentes e não numa
expansão quantitativa da provisão de meios de produção e de subsistência. Marx
ilustra sua observação referindo-se ao “cercamento dos campos” na Grã-Bretanha.
Ma s também examina as fontes da riqueza capitalista e a legislação que força o
camponês a se transformar em trabalhador assalariado e disciplina o
proletariado de modo a que este se adeque a um novo modo de vida.”

c) CAPITAL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 177, p. 1º e 3º)
“A circulação de mercadorias é o ponto de partida do
capital. A produção de mercadorias e o comercio, forma desenvolvida da
circulação de mercadorias, constituem as condições históricas que dão origem ao
capital.”
“Todo capital novo, para começar, entra em cena,
surge no mercado de4 mercadorias, de trabalho ou de dinheiro, sob a forma de
dinheiro que através de determinados processos, tem de transformar-se em
capital.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 186, p. 2º)
“Na realidade, portanto, D – M – D’ é a formula geral do capital conforme ele
aparece diretamente na circulação.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 46, p. 5º)
“...o capital é uma relação social coercitiva que
aparece como coisa, seja essa coisa mercadoria ou dinheiro, e, na sua forma de
dinheiro, compreende a mais valia não paga acumulada do passado e apropriada
pela classe capitalista no presente. É, assim, a relação dominante na sociedade
capitalista.”

“(...) o capital não é uma coisa, mas uma relação de
produção definida, pertencente a uma formação histórica particular da
sociedade, que configura em uma coisa e lhe empresta um caráter social
especifico (...) São os meios de produção monopolizados por um certo setor da
sociedade, que se confrontam com a força de trabalho viva enquanto produtos e
condições de trabalho tornados independentes dessa mesma força de trabalho, que
são personificados, em virtude dessa antítese, no capital. Não são apenas os
produtos dos trabalhadores transformados em forças independentes – produtos que
dominam e compram de seus produtores -, mas também, e sobretudo, as forças
sociais e a (...) forma desse trabalho, que se apresentam aos trabalhadores
como propriedades de seus produtos. Estamos, portanto, no caso, diante de uma
determinada forma social, à primeira vista muito mística, de um dos fatores de
um processo de produção social historicamente produzido. (O Capital III, Cap
XLVIII)”

d) CAPITAL CONSTANTE
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 244, p. 2º)
“A parte do capital, portanto, que se converte em
emios de produção, isto é, em matéria prima, materiais acessórios e meios de
trabalho não muda a magnitude do seu valor no processo de produção. Chamo-a,
por isso, parte constante do capital, ou simplesmente capital constante.”

e) CAPITAL MERCANTIL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 186, p. 1º)
“Comprar para vender, ou, mais precisamente, comprar
para vender mais caro, D – M – D’, parece ser certamente forma particular de
uma espécie de capital, o capital mercantil.”

f) CAPITAL VARIÁVEL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 244, p.3º)
“ A parte do capital convertida em força de
trabalho, ao contrario, muda de valor no processo de produção. Reproduz o
próprio equivalente e, além disso, proporciona um excedente, a mais valia, que
pode variar, ser maior ou menor. Esta parte do capital transforma-se
continuamente de magnitude constante em magnitude variável. Por isso, chamo-a
parte variável do capital, ou simplemente capital variável.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 349, p.3º)
“Mas o capital variável é a expressão monetária do
valor global de todas as forças de trabalho simultaneamente empregadas pelo
capitalista. Seu valor é, portanto, igual ao valor médio de uma força de
trabalho multiplicado pelo numero das forças de trabalho empregadas. Dando-se o
valor da força de trabalho, a magnitude do capital variável varia na razão
direta do numero de trabalhadores simultaneamente ocupados.”

g) CAPITALISTA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 183, p.1º)
“A circulação de dinheiro como capital, ao
contrario, tem sua finalidade em si mesma, pois a expansão do valor só existe
nesse movimento continuamente renovado. Como representante consciente desse
movimento, o possuidor do dinheiro torna-se capitalista. Sua pessoa, ou melhor,
seu bolso, é donde sai e para onde volta o dinheiro.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 45, p. 4º)
“O capitalista é o possuidor do dinheiro que é
valorizado, mas essa auto-valorização do valor é um movimento objetivo; só na
medida em que esse movimento objetivo se transforma no propósito subjetivo do
capitalista é que o possuidor de dinheiro se transforma em capitalista, em
personificação do capital.”


h) CENTRALIZAÇÃO DO CAPITAL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 729, p. 1º)
“ O que temos agora é a concentração dos capitais já
formados, a supressão de sua autonomia individual, a expropriação do
capitalista pelo capitalista, a transformação de muitos capitais pequenos em
poucos capitais grandes.” “O capital se acumula aqui nas mãos de um só, porque
escapou das mãos de muitos noutra parte. Esta é a centralização propriamente
dita, que não se confunde com a acumulação e a concentração.”


i)
CIRCULAÇÃO DAS
MERCADORIAS
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 139, p.1º e 2º)
“A circulação das mercadorias difere formal e
essencialmente da troca imediata de produtos.”
“O processo de circulação não se extingue, como se
dá com a troca direta de produtos, ao mudarem de lugar ou de mão os valores de
uso. O dinheiro não desaparece quando sai definitivamente do circuito das
metamorfoses de dada mercadoria. Ele se deposita em qualquer ponto da
circulação que as mercadorias desocupam.”

j)
COMPOSIÇÃO DO
CAPITAL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 715, p. 2º)
“A composição do capital tem de ser apreciada sob
dois aspectos. Do ponto de vista do valor, é determinada pela proporção em que
o capital se divide em constante, o valor dos meios de produção, e variável, o
valor da força de trabalho, a somo global dos salários. Do ponto de vista da
matéria que funciona no processo de produção, todo capital se decompõe em meios
de produção e força de trabalho viva; essa composição é determinada pela
relação entre a massa dos meios de produção empregados e a quantidade de
trabalho necessária para eles serem empregados. Chamo a primeira composição de
composição segundo o valor, e a segunda, de composição técnica. Há estreita
correlação entre ambas. Para expressá-la, chamo a composição do capital segundo
o valor, na medida em que é determinada pela composição técnica e reflete as
modificações desta, de composição orgânica do capital.”

k) CONCENTRAÇÃO DO CAPITAL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 730, p. 1º)
“Hoje em dia, portanto, é muito mais forte do que
antes a atração recíproca dos capitais individuais e a tendência para a
centralização. Mas, embora a expansão relativa e a energia do movimento de
centralização sejam determinadas, até certo ponto, pela magnitude que a riqueza
capitalista já atingiu e pela superioridade do mecanismo do mecanismo
econômico, o progresso da centralização não depende, de maneira nenhuma, do
incremento positivo do capital social. E é isto especialmente que distingue a
centralização da concentração, que é apenas outra expressão para a reprodução
em escala ampliada.”

l)
COOPERAÇÃO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 378, p. 2º)
“Chama-se cooperação a forma de trabalho em que
muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de produção
ou em processos de produção diferentes, mas conexos.”

m) COOPERAÇÃO SIMPLES
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 380, p. 2º)
“quando os trabalhadores se completam mutuamente,
fazendo a mesma tarefa ou tarefas da mesma espécie, temos a cooperação
simples.”

n) DINHEIRO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 121, p. 3º)
“Sendo as mercadorias, como valores, encarnação de
trabalho humano e, por isso, entre si comensuráveis, podem elas, em comum,
medir seus valores por intermédio da mesma mercadoria especifica, transformando
esta em sua medida universal do valor, ou seja, em dinheiro. O dinheiro,
como medida do valor, é a forma necessária de manifestar-se a medida imanente
do valor das mercadorias, o tempo de trabalho.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 143, p. 1º)
“Cabe ao dinheiro a função de meio de circulação
apenas poruqe é o valor das mercadorias, como realidade independente. Por isso
seu movimento, ao desempenhar o papel de meio de circulação, é apenas o
movimento das próprias mercadorias, ao mudarem suas formas.”

o) ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 101, 103 p. nota de rodapé)
“... no meu entender, a economia política clássica é
toda a economia que, desde W. Petty, investiga os nexos causais das condições
burguesas de produção...”
“Quanto ao valor em geral, a economia política
clássica não distingue, expressamente e com plena consciência, entre o trabalho
representado no valor e o mesmo trabalho representado no valor de uso do
produto.”

p) ECONOMIA VULGAR
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 103 p. nota de rodapé)
“... a economia vulgar, que trata apenas das
relações aparentes, rumina, continuamente, o material fornecido, há muito
tempo, pela economia cientifica, a fim de oferecer uma explicação plausível
para os fenômenos mais salientes, que sirva ao uso diário da burguesia,
limitando-se, de resto, a sistematizar pedantemente e a proclamar como verdades
eternas as idéias banais, presunçosas, dos capitalistas sobre seu próprio mundo,
para eles o melhor dos mundos.”

q) FETICHISMO DA MERCADORIA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 92, p. 5º)
“a primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial,
imediatamente compreensível. Analisando-a, vê se que ela é algo muito estranho,
cheio de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 93, p. 1º)
“O caráter misterioso da mercadoria não provem do
seu valor de uso, nem tampouco dos fatores determinantes do valor. E para isso,
há motivos. Primeiro, por mais que difiram os trabalhos úteis ou as atividades
produtivas, a verdade fisiológica é que são funções do organismo humano, e cada
uma dessas funções, não importa a forma ou o conteúdo, é essencialmente
dispêndio do cérebro, dos nervos, músculos, sentidos, etc. do homem. Segundo,
quanto ao fator que determina a magnitude do valor, isto é, a duração daquele
dispêndio ou a quantidade do trabalho, é possível distinguir claramente a
quantidade da qualidade do trabalho.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização Brasileira,
2004. pg 94, p. 2º e 3º)
“A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir
as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando-as como
características materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do
trabalho; por ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhos
individuais dos produtores e o trabalho total, ao refleti-la como relação
social existente, à margem deles, entre os produtos do seu próprio trabalho.
Através dessa dissimulação, os produtos do trabalho se tornam mercadorias,
coisas sociais, com propriedades perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos.”
“Esse fetichismo do mundo das mercadorias decorre,
conforme demonstra a analise precedente, do caráter social próprio do trabalho
que produz mercadorias.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 150, p. 2º e 3º)
“... a produção de mercadorias constitui uma relação
social entre produtores, relação essa que coloca diferentes modalidades e
quantidades de trabalho em equivalência mutua enquanto valores, Marx indaga
como tal relação aparece para os produtores ou, de modo mais geral, na
sociedade. Aos produtores, ela se apresenta como uma relação social que existe
não entre eles próprios, produtores, mas entre os produtos de seus trabalhos.”
“O fetichismo da mercadoria é o exemplo mais simples
e universal do modo pelo qual as formas econômicas do capitalismo ocultam as
relações sociais a elas subjacentes, como, por exemplo, quando o capital, como
quer que seja entendido, e não a mais valia, é tido como fonte de lucro. A
simplicidade do fetichismo da mercadoria faz dele um ponto de partida e uma boa
referencia para a analise das relações não-econômicas.”

r) FORÇA DE TRABALHO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 197, p. 2º)
“Por força de trabalho ou capacidade de trabalho
compreendemos o conjunto das faculdades físicas e mentais existentes no corpo e
na personalidade viva de um ser humano, as quais ele põe em ação toda vez que
produz valores de uso de qualquer espécie.”

s) JORNADA DE TRABALHO (DIA DE TRABALHO)
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização Brasileira,
2004. pg 266, p. 1º)
“ O dia de trabalho, a jornada de trabalho – é
contituida pela soma do trabalho necessário e do trabalho excedente, ou seja,
do tempo em que o trabalhador reproduz o valor de sua força de trabalho e do
tempo em que produz a mais valia.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 270, p. 1º)
a jornada de trabalho não é uma grandeza constante,
mas variável. Uma das suas partes é determinada pelo tempo de trabalho
necessário à reprodução da froça de trabalho do próprio trabalhador, mas sua
magnitude total varia com a duração do trabalho excedente. A jornada de
trabalho, é, portanto, determinável, mas, considerada em si mesma, é
indeterminada.”

t) JORNADA DE TRABALHO SOCIAL MÉDIA
(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 150, p. 2º e 3º) “... o dia
coletivo de trabalho de grande numero de trabalhadores simultaneamente
empregados, dividido pelo numero desses trabalhadores, é por si mesmo uma
jornada de trabalho social média.”

u) MAIS-VALIA
(Karl Marx. O
Capital: critica da economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de
Janeiro – Civilização Brasileira, 2004. pg 181, p. 1º)
“No final, se retira mais dinheiro
da circulação do que se lançou nela no inicio. O algodão comprado a 100 libras esterlinas
será vendido, por exemplo, a 100 + 10 libras, 110 libras esterlinas,
portanto. A forma completa desse processo é, por isso, D-M-D’, em que a somo de dinheiro originalmente adiantada
mais um acréscimo. A esse acréscimo ou o excedente sobre o valor primitivo
chamo de mais valia.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 229, p. 3º)
“... a mais valia total definida em termos de valor
é igual ao lucro total definido em termos de preço, mesmo que o preço de cada
mercadoria em dinheiro não seja igual ao seu valor. A possibilidade de que essa
igualdade ocorra simultaneamente com outros axiomas de Marx tem sido motivo de
polemica no contexto da teoria da transformação dos valores em preços. A teoria do
valor trabalho revela que a fonte da mais valia na produção no sistema
capitalista é o trabalho não remunerado dos trabalhadores. Em média, um
trabalhador produz em um dia (ou em uma hora, ou em qualquer unidade de tempo
de trabalho) um certo valor em dinheiro, mas o salário que recebe é o
equivalente apenas a uma fração desse valor. Assim, o operário recebe o
equivalente a apenas uma parte do dia de trabalho, e o valor produzido na outra
parte, não remunerada, é a mais valia. A forma do salário obscurece esse fato,
dando a impressão de que o trabalhador recebe por todas as horas trabalhadas,
mas, do ponto de vista da teoria do valor trabalho, uma fração de trabalho é
realizada sem que o trabalhador receba um equivalente e, portanto, não é paga.
A exploração dos trabalhadores no sistema capitalista de produção não é
contraria nem aos costumes, nem as leis da sociedade capitalista, que
consideram o trabalhador como o proprietário de uma mercadoria, a força de
trabalho, que está protegido enquanto puder obter o valor total dessa
mercadoria na troca realizada no mercado. Só que, mesmo quando os trabalhadores
recebem o valor total da força de trabalho, esse valor fica aquém do valor por
eles produzido, de modo que, do ponto de vista social, uma parte de seu
trabalho é apropriada pela classe capitalista como mais valia.”

v) MAIS-VALIA ABSOLUTA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 366, p. 1º)
“Chamo de mais valia absoluta a produzida pelo
prolongamento do dia de trabalho, ...”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 228, p. 1º)
“A extração da mais valia absoluta – envolve o
crescimento da taxa de mais valia através de um aumento do valor total
produzido por cada trabalhador sem alteração do montante de trabalho
necessário. Isto pode ocorrer devido a uma ampliação (intensiva ou extensiva)
da jornada de trabalho que, no entanto, se defronta com a resistência
organizada da classe operaria e atinge limites físicos, em que a saúde da
classe da qual o capital como um todo (ou mesmo capitalistas individuais)
depende deteriora-se devido às horas excessivamente longas ou à alta
intensificação do trabalho ou a salários insuficientes.”

w) MAIS-VALIA RELATIVA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 419, p. 1º)
“... e de mais valia relativa a decorrente da
contração do tempo de trabalho necessário e da correspondente alteração na
relação quantitativa entre ambas as partes componentes da jornada de trabalho.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 229, p. 3º)
“quando a extração da mais valia absoluta atinge
seus limites, a alternativa para o aumento do valor total do que cada
trabalhador produz é dividir a mesma quantidade em proporções mais favoráveis
ao capital, ou seja, manter a mesma duração da jornada de trabalho e
redividi-la de modo a obter mais valia a ser apropriada pelo capital. Isso
exige a redução do tempo de trabalho necessário, ou seja, uma redução no valor
da força de trabalho. Essa é a extração da mais valia relativa, que pode
ocorrer segundo dois modos: ou se reduz a quantidade de valores de uso
consumidos pelo trabalhador, ou se reduz o tempo de trabalho socialmente
necessário para produzir a mesma quantidade de valores de uso.”

x) MANUFATURA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 419, p. 1º)
“A cooperação baseada na divisão do trabalho, ou
seja, a manufatura, é, nos seus começos, uma criação natural, espontânea. Ao
adquirir certa consistência e base suficientemente ampla, torna-se a forma
consciente, metódica e sistemática do modo de produção capitalista. A historia da manufatura propriamente dita mostra
como sua divisão peculiar do trabalho, de inicio, através de tentativas e
experiências, sem haver, de certo modo, o controle consciente dos
participantes, atinge formas adequadas, procurando depois, como os oficio
corporativos, manter tradicionalmente as formas descobertas que, em alguns casos,
duraram mais de um século.”

y) MAQUINARIA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 429, p. 1º)
“Toda maquinaria desenvolvida consiste em três
partes essencialmente distintas: o motor, a transmissão e a maquina-ferramenta
ou maquina de trabalho. O motot é a força motriz de todo o mecanismo. Produz
sua própria força motriz, como a maquina a vapor, a maquina a ar quente, a
maquina eletromagnética etc., ou recebe o impulso de uma força natural externa
adrede preparada, como a roda hidráulica, o impulso da água; as asas do moinho,
a força do vento, etc. a transmissão é constituída de volantes, eixos, rodas
dentadas, turbinas, barras, cabos, cordas, dispositivos e engrenagens de
transmissão da mais variada espécie. Regula o movimento, transforma-o, quando
necessário, da forma por exemplo, perpendicular em circular, distribui-o e
transmite-o as máquinas-ferramenta. O motor e a transmissão existem apenas para
transmitir movimento à maquina ferramenta que se apodera do objeto de trabalho
e o transforma de acordo com o fim
desejado. É desta parte da maquinaria, a maquina ferramenta, que parte a
revolução industrial no séc. XVIII. E a maquina-ferramenta continua a servir de
ponto de partida, sempre que se trata de transformar um oficio ou manufatura em
exploração mecanizada.”

z) MATÉRIA-PRIMA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 212, p. 5º)
Toda matéria-prima é objeto de trabalho, mas nem
todo objeto de trabalho é matéria-prima. O objeto de trabalho só é
matéria-prima depois de ter experimentado modificação efetuada pelo trabalho.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 219, p. 4º)
“A matéria-prima pode ser a substancia principal de
um produto, ou contribuir para sua constituição como material acessório.”

aa) MÉDIA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 375, p. 3º)
“O trabalho que se objetiva em valor é trabalho de
qualidade social media, exteriorização de força de trabalho media. Mas uma
magnitude media é apenas a media de muitas magnitudes distintas da mesma
espécie.”

bb) MEIO DE TRABALHO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 213, p. 1º)
“O meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de
coisas que o trabalhador insere entre si mesmo e o objeto de trabalho e lhe
serve para dirigir sua atividade sobre esse objeto. Ele utiliza as propriedades
mecânicas, físicas, químicas das coisas, para faze-las atuarem como forças
sobre outras coisas, de acordo com o fim que tem em mira.”


(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 213, p. 1º)
“O Meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador insere entre si
mesmo e o objeto de trabalho e lhe serve para dirigir sua atividade sobre esse
objeto. Ele utiliza as propriedades mecânicas, físicas, químicas das coisas,
para faze-las atuarem como forças sobre outras coisas, de acordo com o fim que
tem em mira. A
coisa de que o trabalhador se apossa imediatamente – excetuados meios de
subsistência colhidos já prontos, tais como frutas, quando seus próprios
membros servem de meio de trabalho – não é o objeto de trabalho, mas o meio de
trabalho.”

cc) MERCADORIA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 57, p. 2º)
“A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto
externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas,
seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estomago ou da fantasia.
Não importa a maneira como a coisa satisfaz a necessidade humana, se
diretamente, como meio de subsistência, objeto de consumo, ou indiretamente,
como meio de produção.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 61, p. 2º)
“O valor de uma mercadoria está para o valor de
qualquer outra, assim, como o tempo de trabalho necessário à produção de uma
esta para o tempo de trabalho necessário à produção de outra. Como valores, as
mercadorias são apenas dimensões definidas do tempo de trabalho que nelas se
cristaliza.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 82, p. 1º)
“A mercadoria é valor de uso ou objeto útil e
“valor”. Ela revela seu duplo caráter, o que ela é realmente, quando, como
valor, dispõe de uma forma d manifestação própria, diferente da forma natural
dela, a forma de valor de troca; e ela nunca possui essa forma, isoladamente
considerada, mas apenas na relação de valor ou de troca com uma segunda
mercadoria diferente.”
(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 266, p. 6º)
“O conceito de mercadoria é usado por Marx para
analisar formas que surgem com base na produção e na troca de mercadorias já
bem desenvolvidas, mas que não são
propriamente mercadorias no sentido primitivo, isto é, produtos criados com o
propósito de circularem em um sistema de trocas.”

dd) PAPEL-MOEDA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 155, p. 1º)
“O papel moeda é um símbolo que representa ouro ou
dinheiro. O papel moeda representa simbolicamente as mesmas quantidades de ouro
em que se expressam idealmente os valores das mercadorias, e esta é a única
relação existente entre ele e esses valores. O papel moeda só é símbolo de
valor por representar quantidade de ouro, a qual é quantidade de valor como
todas as quantidades das outras mercadorias.”

ee) PREÇO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 122, p. 2º)
“Como forma do valor, o preço ou a forma dinheiro
das mercadorias se distingue da sua forma corpórea, real e tangível. O preço é
uma forma puramente ideal ou mental. O valor do ferro, do linho, do trigo etc.
existe nessas coisas, embora invisível; é representado por meio da equiparação
delas ao ouro, da relação delas com o ouro, relação que só existe, por assim
dizer, nas suas cabeças.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 266, p. 3º)
“A quantidade de dinheiro pela qual uma determinada
mercadoria pode ser comprada ou vendida é o seu preço. O preço das mercadorias
tomadas separadamente pode variar em relação aos seus valores, que são medidos
pela quantidade de
trabalho abstrato nelas contido”

ff) PRODUÇÃO CAPITALISTA
(Karl Marx. O
Capital: critica da economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de
Janeiro – Civilização Brasileira, 2004. pg 199, 200, p. 4º)
“A existência do produto como
mercadoria implica determinadas condições históricas. Para ser mercadoria, o
produto não deve ser produzido para satisfazer imediatamente as necessidades do
produtor. Se tivéssemos ido mais longe em nossas pesquisas, investigando as
circunstancias sob as quais todos os produtos ou a maioria deles tomam a forma
de mercadoria, ter-se-ia verificado que isto só ocorre num modo especial de
produção, a produção capitalista.”
“O que caracteriza a época
capitalista é adquirir a força de trabalho, para o trabalhador, a forma de
mercadoria que lhe pertence, tomando seu trabalho a forma de trabalho
assalariado. Além disso, só a partir desse momento se generaliza à forma
mercadoria dos produtos do trabalho.” (nota de Rodapé 41)

(Karl
Marx. O capital. 4ed. São Paulo: DIFEL. 1985. Livro 3. Volume 6. O processo
global de produção capitalista, pg. 706)
“O
modo capitalista de produção desapropria o trabalhador das condições de
produção e, do mesmo modo na agricultura subtrai a propriedade ao trabalhador
agrícola e subordina-o a um capitalista que explora a agricultura para conseguir lucro “

(Karl
Marx. O capital. 4ed. São Paulo: DIFEL. 1985. Livro 3. Volume 6. O processo
global de produção capitalista, pg. 998)
“O modo de produção capitalista, como qualquer
outro, não só reproduz sem cessar o
produto material, mas também as relações econômicas e sociais e as formas
econômicas específicas, adequadas para criar esse produto.Temos assim a
permanente ilusão: os resultados
parecem condições prévias, e
estas, resultados. E esta reprodução permanente das mesmas relações é o que o
capitalista individual preliba, considerando-a fato evidente, indiscutível.
Enquanto persistir a produção capitalista como tal, uma fração do trabalho
adicionado se reduzirá a salário, outra a lucro (juro e lucro do empresário ),
e a terceira a renda fundiária.”

(Karl
Marx. O capital. 4ed. São Paulo: DIFEL. 1985. Livro 3. Volume 6. O processo
global de produção capitalista, pg. 1002)
“Na base de modo capitalista de produção, decompor o
valor que representa o trabalho
adicionado nas formas de rendas, em
salário, lucro e renda fundiária, torna-se
tão natural que esse método (para não falar de períodos históricos
anteriores referidos em exemplos à propósito de renda fundiária) também se
aplica onde faltam de antemão as
condições daquelas formas de rendas. Em
suma, tudo por analogia se lhes assimila.”

(Karl
Marx. O capital. 4ed. São Paulo: DIFEL. 1985. Livro 3. Volume 6. O processo
global de produção capitalista, pg. 1005)
“...O modo capitalista de produção tem natureza
particular, especificidade historicamente definida; como qualquer outro modo
determinado de produção pressupõe, como condição histórica, dado estágio das
forças produtivas sociais e de suas formas de desenvolvimento; essa condição é
o resultado histórico e o produto de processo anterior, e dela parte e nela se baseia o novo modo de produção; as
relações de produção
correspondentes a esse modo
particular de produção historicamente
determinado, relações que os homens estabelecem no processo de vida
social, na formação da vida social, têm caráter específico histórico e
transitório; as relações de distribuição, na essência, se identificam com as
relações de produção, das quais são a
outra face, de modo que estas e aquelas participam do mesmo caráter
historicamente transitório.“

(Karl
Marx. O capital. 4ed. São Paulo: DIFEL. 1985. Livro 3. Volume 6. O processo
global de produção capitalista, pg. 1007, 1008)
“O modo
capitalista de produção se distingue, antes de mais nada, por dois
característicos:
Primeiro: Seus produtos são mercadorias.
Produzir mercadorias não o distingue de outros modos de produção, mas a
circunstância de seu produto ter, de maneira dominante e determinante, o
caráter de mercadoria .Isto implica, de saída, que o próprio trabalhador se
apresenta apenas como vendedor de mercadorias e por conseguinte, como
assalariado livre, aparecendo o trabalho em geral como trabalho assalariado.
(...) O fato que a mercadoria seja produto do capital, já acarretam todas as relações de circulação,isto é,
processo social definido ...”
Segundo “O que distingue particularmente
o modo capitalista de produção é a circunstância de a produção de mais
valia ser objetivo direto e causa
determinante da produção.O capital produz
essencialmente capital e só o faz se
produz mais valia.”

gg) PRODUTIVIDADE
(Karl Marx. O
Capital: critica da economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de
Janeiro – Civilização Brasileira, 2004. pg, 68 p. 1º)
“Produtividade é sempre
produtividade de trabalho concreto, útil, e apenas define o grau de eficácia da
atividade produtiva adequada a certo fim, em dado espaço de tempo. O trabalho
útil torna-se, por isso, uma fonte mais ou menos abundante de produtos, na
razão direta da elevação ou da queda de sua produtividade. Por outro lado, nenhuma mudança na
produtividade atinge intrinsecamente o trabalho configurado no valor. Qualquer
que seja a mudança na produtividade, o mesmo trabalho, no mesmo espaço de
tempo, fornece sempre a mesma magnitude de valor. Mas, no mesmo espaço de
tempo, gera quantidades diferentes de valores de uso: quantidade maior quando a
produtividade aumenta, e menor, quando ela decai.”

hh) PRODUTO EXCEDENTE
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 265, p. 3º)
“Chamamos de produto excedente à parte do produto
que representa a mais valia. Determina a mais valia não através da relação que
existe entre a mais valia e o capital global, mas pela que existe entre ela e o
capital variável; do mesmo modo, a dimensão do produto excedente se determina
não pela relação entre o produto excedente e o restante do produto total, mas
pela que existe entre ele e a parte do produto que representa o trabalho
necessário.”

ii) RENDA (REVENUE)
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 689, Nota de rodapé 33)
“...usamos a palavra renda em dois sentidos: para
designar a mais valia como rendimento periódico do capital e para designar uma
parte desse rendimento que o capitalista consome periodicamente ou adiciona a
seu fundo de consumo.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 305, p. 1º)
“Renda é a forma econômica das relações de classe
com a terra. Em conseqüência disso, a renda não é entendida como uma
propriedade da terra, embora possa ser afetada pelas variações da qualidade e
da disponibilidade das terras, mas como uma propriedade das relações sociais.”

jj) TAXA DA MAIS-VALIA
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 254, p. 3º)
“A taxa da mais valia é, por isso, a expressão
precisa do grau de exploração da força de trabalho pelo capital ou do trabalhador
pelo capitalista.”

kk) TEMPO DE TRABALHO EXCEDENTE
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 253, p. 2º)
“...quando o trabalhador opera além dos limites do
trabalho necessário, embora constitua trabalho, dispêndio de força de trabalho,
não representa para ele nenhum valor. Gera a mais valia, que tem, para o
capitalista, o encanto de uma criação que surgiu do nada. A essa parte do dia
de trabalho chamo de tempo de trabalho excedente.”

ll) TEMPO DE TRABALHO NECESSÁRIO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 253, p. 1º)
“Na parte do dia de trabalho na qual gera o valor
diário da força de trabalho, o trabalhador só cria o equivalente ao valor dela
já pago pelo capitalista, apenas substitui o valor desembolsado do capital
variável pelo novo valor criado, e essa criação de valor é mera
reprodução.Chamo de tempo de trabalho necessário a essa parte do dia de
trabalho na qual sucede essa reprodução.”

mm)
TEMPO DE
TRABALHO SOCIALMENTE NECESSÁRIO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 61, p. 1º)
“Tempo de trabalho socialmente necessário é o tempo
de trabalho requerido para produzir-se um valor de uso qualquer, nas condições
de produção socialmente normais existentes e com o grau social médio de
destreza e intensidade do trabalho.”

nn) TRABALHADOR
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 211, p. 1º)

“O comprador da força de trabalho consome-a, fazendo
o vendedor dela trabalhar. Este, ao trabalhar, torna-se realmente no que antes era apenas potencialmente: força
de trabalho em ação, trabalhador.”

oo) TRABALHO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 68, p. 2º)
“Todo trabalho é, de um lado, dispêndio de força
humana de trabalho, no sentido fisiológico, e, nessa qualidade de trabalho
humano igual ou abstrato, cria o valor das mercadorias. Todo trabalho, por
outro lado, é dispêndio de força humana de trabalho, sob forma especial, para
um determinado fim, e, nessa qualidade de trabalho útil e concreto, produz
valores de uso.”
“Apenas o trabalho é a medida definitiva e real com
que se avalia e compara o valor de todas as mercadorias em todos os tempos”
(Nota de rodapé 16)

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 211, p. 1º e 2º)
“A utilização da força de trabalho é o próprio
trabalho.”
“O trabalho é um processo de que participam o homem
e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona,
regula e controla seu intercambio material com a natureza. Defronta-se com a
natureza como uma de suas forças. Põe em
movimento as forças naturais de seu corpo – braços e pernas, cabeça e mãos -, a
fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida
humana. Atuando assim, sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo
modifica sua própria natureza. Desenvolve potencialidades nela adormecidas e
submete ao seu domínio o jogo das forças naturais.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 49, p. 4º)
“O trabalho enquanto tal é um elemento universal das
sociedades humanas. Mas é somente com a produção e a troca de mercadorias,
generalizadas sob a égide do capitalismo, que o trabalho ganha expressão como
uma propriedade objetiva de seus próprios produtos: como seu valor. Em outros
tipos de economia, tanto naquelas em que as relações de exploração, o trabalho
pode ser reconhecido diretamente pelo que ele é: um processo social. Ele é
abertamente regulado e coordenado como tal, seja por uma autoridade ou por
consenso. No capitalismo, ao contrario, os produtores individuais de
mercadorias trabalham independentemente uns dos outros, e a coordenação
porventura existente se faz impessoalmente – pelas costas dos produtores, por
assim dizer – via mercado.”

pp) TRABALHO EXCEDENTE
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 253, p. 1º)
“Quando o trabalhador opera além dos limites do
trabalho necessário, embora constitua trabalho, dispêndio de força de trabalho,
não representa para ele nenhum valor. Gera a mais valia, que tem, para o
capitalista, o encanto de uma criação surgida do nada. A essa parte do dia de
trabalho chamo de tempo de trabalho excedente, e ao trabalho nela despendido,
de trabalho excedente.”

qq) TRABALHO NECESSÁRIO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 252, p. 2º, continuação na pg 253)
“Na parte do dia de trabalho na qual gera o valor
diário da força de trabalho, digamos 3 xelins, o trabalhador só cria o equivalente ao valor dela já pago pelo
capitalista, apenas substitui o valor desembolsado do capital variável pelo
novo valor criado, e essa criação de valor é mera reprodução. Chamo de tempo de
trabalho necessário a essa parte do dia de trabalho na qual sucede essa
reprodução; e de trabalho necessário o trabalho despendido durante esse tempo.”

rr) TRABALHO ÚTIL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 63, p. 1º)
“Finalmente, nenhuma coisa pode ser valor se não é
objeto útil; se não é útil, tampouco o será trabalho nela contido, o qual não
conta como trabalho e, por isso, não cria nenhum valor.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização Brasileira,
2004. pg 64, p. 2º)
“Está, portanto, claro: o valor de uso de cada
mercadoria representa determinada atividade produtiva subordinada a um fim,
isto é, um trabalho útil particular. Valores de uso não podem se opor como
mercadorias quando neles não estão inseridos trabalhos úteis qualitativamente
distintos.”

ss) VALOR
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1, 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004. pg 69, p. 1º e 3º)
“As mercadorias vem ao mundo sob a forma de valores
de uso, de objetos materiais, como ferro, linho, trigo, etc. É a sua forma
natural, prosaica. Todavia, só são mercadorias por sua duplicidade, por serem
ao mesmo tempo objetos úteis e veículos de valor”
“As mercadorias, só encarnam valor na medida em que
são expressões de uma mesma substancia social, o trabalho humano; seu valor é,
portanto, uma realidade apenas social, só podendo manifestar-se, evidentemente,
na relação social em que uma mercadoria se troca por outra.”

(Bottomore,
Tom. Dicionário do pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
1988. pg 397, p. 1º e 3º)
“O valor de uma mercadoria expressa a forma
histórica particular do caráter social do trabalho sob o capitalismo, enquanto
dispêndio da força de trabalho social. O valor não é uma relação técnica, mas
uma relação social entre pessoas que assume uma forma material especifica do
capitalismo, e portanto aparece como uma propriedade dessa forma. Isso sugere,
em primeiro lugar, que a generalização do trabalho humano como mercadoria é
especifica do capitalismo e que o valor, como conceito de analise, é igualmente
especifico ao capitalismo. Em segundo lugar, sugere que o valor não é apenas um
conceito com uma existência puramente mental, mas que ele tem existência real,
constituindo as relações de valor sob a forma particular assumida pelas
relações sociais capitalistas. Como essa forma é a mercadoria, isso determina o
ponto de partida da analise de Marx.”

“O valor é então definido como a objetificação ou
materialização do trabalho abstrato, e a forma de aparência do valor é o valor
de troca de uma mercadoria. Assim sendo, a mercadoria não é um valor de uso e
um valor de troca, mas um valor de uso e um valor.”

tt) VALOR DA FORÇA DE TRABALHO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 2., 20ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2005, pg 591, p. 1º)
“Valor da força de trabalho é determinado pelo valor
dos meios de subsistência habitualmente necessários ao trabalhador médio.
Embora a forma desses meios possa variar, é determinada sua quantidade num
tempo dado de uma dada sociedade, justificando-se, nessas condições,
considera-la magnitude constante. O que muda é o valor dessa quantidade. Há
dois outros fatores que influem no valor da força de trabalho. Um, os custos de
sua formação, que variam com o modo de produção; outro, a diversidade natural,
a diferença entre as forças de trabalho dos homens e das mulheres, dos menores
e dos adultos. O emprego dessas diversas forças de trabalho, determinado por sua
vez pelo modo de produção, modifica bastante os custos de manutenção da família
do trabalhador e o valor do trabalho adulto masculino.”

(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1. 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004, pg 349, p. 1º)
“O valor da força de trabalho e, conseqüentemente, a
parte do dia de trabalho necessária para reproduzir ou manter a força de
trabalho são magnitudes determinadas, constantes.”

uu) VALOR DE USO
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1. 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização
Brasileira, 2004, pg 58, p. 1º)
“A utilização de uma coisa faz dela um valor de uso.
Mas essa utilidade não é algo aéreo. Determinada pelas propriedades
materialmente inerentes à mercadoria, só existe através delas.”
“... O valor de uso só se realiza com a utilização
ou o consumo. Os valores de uso constituem o conteúdo material da riqueza,
qualquer que seja a forma social dela.”
“O valor natural de qualquer coisa consiste em sua
capacidade de prover as necessidades ou de servir às comodidades da vida
humana.” (John Locke, 1777) (Nota de rodapé 4)

vv) VALOR DO CAPITAL VARIÁVEL
(Karl Marx. O Capital: critica da
economia política: Livro 1, Volume 1., 22ª Ed. Rio de Janeiro – Civilização Brasileira,
2004, pg 349, p. 3º)
“O capital variável é a expressão monetária do valor
global de todas as forças de trabalho simultaneamente empregada pelo
capitalista. Seu valor é, portanto, igual ao valor médio de uma força de
trabalho multiplicado pelo numero das forças de trabalho empregadas. Dano-se o
valor da força de trabalho, a magnitude do capital variável varia na razão
direta do numero dos trabalhadores simultaneamente ocupados.”