terça-feira, 10 de abril de 2012

Mercadoria - ficha de leitura

UFRGS/PPGEDU
Professor: Alceu Ravanello Ferraro
Seminário Avançado: Marx – construção do conhecimento
no confronto com a economia política
2010/2, Segunda-feira, horário: 18:00 a 21:40, sala:
703

Aluna: Sonia Ribas de Souza Soares

Ficha de Leitura: Mercadoria

MARX,
Karl. O capital: critica da economia
política: Livro I. Tradução de Reginaldo Sant`Anna. 22ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasieleira, 2004. p. 57-92.
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Este texto
inicia colocando que a mercadoria isoladamente é a forma elementar da riqueza,
mas que nas sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em “imensa
acumulação de mercadorias” (Marx, 2004, 57).
Marx
analisando a mercadoria coloca que ela pode ser considerada sob duplo aspecto,
segundo qualidade e quantidade. Pois cada objeto é um conjunto de muitas
propriedades e pode ser útil de diferentes modos. Constitui fatos históricos a
descoberta dos diferentes modos.
“As
mercadorias vêm ao mundo sob a forma de valores de uso, de objetos materiais,
como ferro, linho, trigo, etc. É a sua forma natural, prosaica. Todavia, só são
mercadorias por sua duplicidade, por serem ao mesmo tempo objetos úteis e
veículos de valor”. (Marx, 2004, 59).
O autor
coloca os dois fatores da mercadoria: valor-de-uso e valor (substancia e
quantidade de valor), mais tarde verifica que o próprio trabalho materializado
na mercadoria apresenta um duplo caráter: quando se expressa como valor, não
possui mais as mesmas características que lhe pertencem como gerador de valores-de-uso.
Em relação ao
valor de uma mercadoria, esta está para o valor de qualquer outra, assim, como
o tempo de trabalho necessário à produção de uma esta para o tempo de trabalho
necessário à produção de outra. “Como valores, as mercadorias são apenas
dimensões definidas do tempo de trabalho que nelas se cristaliza.” (Marx, 2004,
61).
Neste texto
aparece um elemento interessante que uma coisa pode ser útil e produto do
trabalho humano sem ser mercadoria. Quem, com seu produto, satisfazem a própria
necessidade gera valor-de-uso, mas não mercadoria. Para criar mercadoria, é
mister não só produzir valor-de-uso, mas produzi-lo para outros, dar origem a
valor-de-uso social. Por meio de troca. Então nenhuma coisa pode ser valor se
não é objeto útil; se não é útil, tampouco o será o trabalho nela contido, o
qual não conta como trabalho e, por isso, não cria nenhum valor.
Ao analisar a
mercadoria Marx descobre seu duplo caráter:
“A
mercadoria é valor de uso ou objeto útil e “valor”. Ela revela seu duplo
caráter, o que ela é realmente, quando, como valor, dispõe de uma forma de
manifestação própria, diferente da forma natural dela, a forma de valor de
troca; e ela nunca possui essa forma, isoladamente considerada, mas apenas na
relação de valor ou de troca com uma segunda mercadoria diferente.” (MARX,
2004, 82)
Buscando ajuda
em Bottomore (1988, 397), este coloca que o valor de uma mercadoria expressa a
forma histórica particular do caráter social do trabalho sob o capitalismo,
enquanto dispêndio da força de trabalho social. O valor não é uma relação
técnica, mas uma relação social entre pessoas que assume uma forma material
especifica do capitalismo, e, portanto aparece como uma propriedade dessa
forma. Isso sugere, em primeiro lugar, que a generalização do trabalho humano
como mercadoria é especifica do capitalismo e que o valor, como conceito de
analise, é igualmente especifico ao capitalismo. Em segundo lugar, sugere que o
valor não é apenas um conceito com uma existência puramente mental, mas que ele
tem existência real, constituindo as relações de valor sob a forma particular
assumida pelas relações sociais capitalistas. Como essa forma é a mercadoria,
isso determina o ponto de partida da analise de Marx. O valor é então definido
como a objetificação ou materialização do trabalho abstrato, e a forma de
aparência do valor é o valor de troca de uma mercadoria. Assim sendo, a
mercadoria não é um valor de uso e um valor de troca, mas um valor de uso e um
valor.
Analisando a
mercadoria, Marx trabalha neste texto as formas do valor ou o valor-de-troca, e
coloca que “as mercadorias, só encarnam valor na medida em que são expressões
de uma mesma substancia social, o trabalho humano; seu valor é, portanto, uma
realidade apenas social, só podendo manifestar-se, evidentemente, na relação
social em que uma mercadoria se troca por outra.” (Marx, 2004, 59). O autor
conceitua o trabalho como:
“Todo
trabalho é, de um lado, dispêndio de força humana de trabalho, no sentido
fisiológico, e, nessa qualidade de trabalho humano igual ou abstrato, cria o
valor das mercadorias. Todo trabalho, por outro lado, é dispêndio de força
humana de trabalho, sob forma especial, para um determinado fim, e, nessa
qualidade de trabalho útil e concreto, produz valores de uso.” “Apenas o
trabalho é a medida definitiva e real com que se avalia e compara o valor de
todas as mercadorias em todos os tempos” (Nota de rodapé 16) (MARX, 2004, 68)
Marx ao analisar
a forma simples do valor em seu conjunto, coloca que o valor de uma mercadoria
assume expressão fora dela, ao manifestar-se como valor-de-troca. No inicio do
capitulo ele colocara que a mercadoria é valor-de-uso- e valor-de-troca, mas a
rigor, isto não é verdadeiro. A forma ou a expressão do valor da mercadoria
decorre da natureza do valor da mercadoria, não sendo verdade que o valor e sua
magnitude se originem da expressão do valor da mercadoria; do valor de troca.
Só os mercantilistas que põem em relevo o aspecto qualitativo da expressão
valor. Em todos os estágios sociais, o produto do trabalho é valor-de-uso, mas
só um período determinado do desenvolvimento histórico, em que se representa o
trabalho despendido na produção, e que trasnforma o produto do trabalho em
mercadoria.

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