terça-feira, 10 de abril de 2012

KOSIK - DIALÉTICA DO CONCRETO cap 1 (eskema)

UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Aluna Sonia Ribas
Fevereiro de 2010


KOSIK, Karel. DIALÉTICA DO CONCRETO. 2ed. Rio de Janeiro:Editora Paz e Terra,1976.230p.

1.capitulo O Mundo da
Pseudoconcreticidade e a sua Destruição

ALGUNS DESTAQUES BÁSICOS

01.p.9 A
dialética trata da “coisa em si”

02.p.9 a
compreensão é possível depois de um détur (rodeio). A coisa em si não se
manifesta imediatamente ao ser humano.

03.p.9 O
pensamento dialético distingue entre representação e conceito. São duas formas
e dois graus de conhecimento da realidade.

04.p.9 Esses
dois graus de conhecimento é importante em relação à praxis humana

05.p.9 ser
humano não examina a realidade especulativamente. É um ser histórico,
primeiramente, que age objetiva e praticamente em sua relação com a natureza e
outros seres humanos, de acordo com suas necessidades, interesses e fins.

06.p.10
“portanto a realidade não se apresenta ao ser humano, à primeira vista, sob o
aspecto de um objeto que cumpre intuir,
analisar e compreender teoricamente ,cujo pólo oposto e complementar seja
justamente o abstrato sujeito cognoscente que existe fora do mundo.”

07.p.10 “no trato prático utilitário com
as coisas, em que a realidade se revela como mundo dos meios,fins,instrumentos,
exigências, exigências e esforços para
satisfazer na estas ,o individuo em
“situação”crias suas próprias representações das coisas e elabora tudo um
sistema correlativo de noções que capta
e fixa os aspectos fenomênicos da realidade.”!

08.p.10 Todavia, “a existência real” e as
formas fenomênicas da realidade ,que se produzem imediatamente na mente de aqueles que
realizam uma determinada práxis históricas,como conjunto de representações ou
categorias “do pensamento comum ( que apenas por “hábito bárbaro” são considerados conceitos),
são diferentes muitas vezes absolutamente contraditórias com a lei do
fenômeno,com a estrutura da coisa e,portanto,com seu núcleo essencial e seu
conceito correspondente .”

09.p.10 Por
isso a praxis utilitária imediata (a que
surge exclusivamente com uma
captação da realidade originada mediante
representações, e não de conceitos,), e senso comum a ela correpondente colocam ao ser humano, em condições de
orientar-se no mundo,de familiarizar-se com as coisas e manejá-las,mas não proporcionam a compreensão das coisas e da realidade.
A práxis
a utilitária, é histórica, unilateral, e fragmentária dos indivíduos, baseada
na divisão do trabalho, na divisão da sociedade em classes e na hierarquia de
posições sociais que se ela, se ergue.”

10.p11
Nesta práxis se forma tanto o determinado ambiente material do individuo
histórico, quanto a atmosfera espiritual em que a aparência superficial da
realidade é fixada como o mundo da pretensa intimidade, da confiança e da
familiaridade em que o homem se move “naturalmente’.
Estes
penetram na consciência dos indivíduos agentes, assumindo um aspecto
independente e natural
11.p11 Constitui
o mundo da pseudoconcreticidade:
- o mundo dos F externos, à parte da essência;
- o mundo do trafico e manipulações, isto é, da práxis
fetichizada dos homens (não coincide com a praxis critica revolucionaria da
humanidade)
- o mundo das representações comuns,
são projeções dos F externos na consciência dos homens: produto da práxis
fetichizada, formas ideológicas de seu movimento.
- o mundo dos objetos fixados, que
dão a impressão de ser condições naturais e não reconhecem como resultado da
atividade social do homem.

12.p.11
O mundo da pseudoconcreticidade ... O seu elemento
próprio é o duplo sentido. O F
indica a essência, e ao mesmo tempo,
a esconde. A essência se manifesta no F, mas só de modo inadequado, parcial, ou
apenas sob certos ângulos e aspectos.
O F indica algo que não é ele mesmo e vive apenas graças a seu contrario. A essência não se dá
imediatamente; é mediata ao F e, portanto, se manifesta em algo diferente
daquilo que é. A essência se manifesta no F. O fato de se manifestar no F
revela seu movimento e demonstra que
a essência não é inerte nem passiva.

13.p.11
A manifestação da essência é precisamente a atividade do F.

14.p12
Captar o F de determinada coisa significa indagar e descrever como a coisa em
si se manifesta naquele F, e como ao mesmo tempo nele se esconde. Compreender o
F é atingir a essência.

15.p. 12 A realidade é a unidade do
F e da Essência. Por isso a essência pode ser tão irreal quanto o F, e o F
tanto quanto a essência , no caso em que se apresentem isolados, e em tal
isolamento, sejam considerados como a única ou “autentica” realidade.

16.p. 12
O F não é portanto, outra coisa senão aquilo que – diferentemente da essência
oculta – se manifesta imediatamente, primeiro e com maior freqüência.

17.p.13
A percepção imediata não capta a “coisa em si”, mas o F da coisa, dependerá,
talvez, do fato de que a estrutura da coisa pertence a outra ordem de
realidade, distinta da dos F.

18.p.13
Como a essência – ao contrario dos F – não se manifestam diretamente, e desde
que o fundamento oculto das coisas deve ser descoberto mediante uma atividade
peculiar, tem que existir a ciência e a filosofia.

19.p.13-14 A filosofia é uma atividade
indispensável, visto que a essência da coisa, a estrutura da realidade, a
“coisa em si”, o ser da coisa não se manifesta direta e imediatamente, a
filosofia pode ser caracterizada como um esforço sistemático e critico que visa
a captá-las e descobrir o modo de se do existente.

20.p.14
O conhecimento é que é a própria dialética em uma das suas formas; o conhecimento
é a decomposição do todo. O “conceito” e a “abstração”, em uma concepção
dialética, tem o significado de método que decompõe o todo para poder
reproduzir espiritualmente a estrutura da coisa, e portanto, compreender a
coisa.

21.p.14 O
conhecimento se realiza como separação de F e essência, do que é secundário e
do que é essencial, já que só através dessa separação se pode mostrar a sua
coerência interna, e com isso, o caráter específico da coisa. Esta decomposição
do todo, que é elemento constitutivo do conhecimento filosófico – com efeito,
sem decomposição não há conhecimento – demonstra uma estrutura análoga à do
agir humano: também a ação se baseia na decomposição do todo.

22.p. 15
O impulso espontâneo da práxis e do pensamento para isolar os F, para cindir a
realidade no que é essencial e no que é secundário, vem sempre acompanhado de
uma igualemnte espontânea percepção do todo, na qual e da qual são isolados
alguns aspectos, embora para a consciência ingênua esta percepção seja muito
menos evidente e muitas vezes mais imatura.

23.p.15
A práxis utilitária cotidiana cria “o pensamento comum” – em que são captados
tanto a familiaridade com as coisas e o aspecto superficial das coisas quanto a
técnica de tratamento das coisas – como forma de seu movimento e de sua
existência. O pensamento comum é a forma ideológica do agir humano de todos os
dias.

24.p.15 Todavia,
o mundo que se manifesta ao homem na práxis fetichizada, no trafico e na manipulação,
não é o mundo real, embora tenha a “consistência” e a “validez” do mundo real:
é o “mundo da aparência” (Marx). A representação da coisa não constitui uma
qualidade natural da coisa e da realidade: é a projeção, na consciência do
sujeito, de determinadas condições históricas petrificadas.

25.p.15
A distinção entre representação e conceito, entre o mundo da aparência e o
mundo da realidade, entre a práxis utilitária cotidiana dos homens e a práxis
revolucionária da humanidade ou, numa palavra, a “cisão do único”, é o modo
pelo qual o pensamento capta a “coisa em si”

26.p.15
- 16 A
dialética é p pensamento critico que se
propõe a compreender a “coisa em si’ e sistematicamente se pergunta como é
possível chegar à compreensão da realidade.
A
dialética não considera os produtos fixados, as configurações e os objetos,
todo o conjunto do mundo material reificado, como algo originário e
independente. Do mesmo modo como assim não considera o mundo ds representações
e do pensamento comum, não os aceita sob o seu aspecto imediato: submete-os a
um exame em que as formas reificadas do mundo objetivo e ideal se diluem,
perdem a sua fixidez, naturalidade e pretensa originalidade para se mostrarem
como F derivados e mediatos, como sedimentos e produtos da práxis social da
humanidade.

27.p.17
Hegel assim define o pensamento reflexivo: “A reflexão é a atividade que
consiste em constatar as oposições e em passar de uma para outra, mas sem
ressaltar a sua conexão e a unidade que as compenetra” (Nota de rodapé)

28.p.18
Entretanto a destruição da pseudoconcreticidade como método dialético-crítico,
graças à qual o pensamento dissolve as criações fetichizadas do mundo reificado
e ideal, para alcançar a sua realidade, é apenas o outro lado da dialética,
como método revolucionário de transformação da realidade.
Para que
o mundo possa ser explicado “criticamente”, cumpre que a explicação mesma se
coloque no terreno da “práxis” revolucionaria.

29.p.18
A realidade pode ser mudada de modo revolucionário só porque e só na medida em
que nós mesmos produzimos a realidade, e na medida de que saibamos que a
realidade é produzida por nós. A diferença entre a realidade natural e a
realidade humano-social esta em que o homem pode mudar de modo revolucionário a
realidade humano-social porque ele próprio é o produtor desta última realidade.

30.p.18-19
O mundo real, oculto pela pseudoconcreticidade, é o mundo da práxis humana. É a
compreensão da realidade humano-social como unidade de produção e produto, de sujeito e objeto, de gênese e
estrutura. ... É um mundo em que as coisas, as relações e os significados são
considerados como produtos do homem social, e o proprio homem se revela como
sujeito real do mundo social. ... é um processo no curso do qual a humanidade e
o individuo realizam a própria verdade, operam a humanização do homem... é o mundo
em que a verdade não é dade e predestinada, não está pronta e acabada, impressa
de forma imutável na consciência humana:

31.p19 A
pseudoconcreticidade é justamente a existência autônoma dos produtos do homem e
a redução do homem ao nível da práxis utilitária.
A
destruição da pseudoconcreticidade significa que a verdade não é nem
inatingível, nem alcançável de uma vez para sempre, mas que ela se faz, logo,
se desenvolve e se realiza.

32.p19 A
destruição da pseudoconcreticidade se efetua como:
1- Critica revolucionaria da práxis da
humanidade, que coincide com o devenir humano do homem, com o processo de
“humanização do homem”, do qual as revoluções sociais constituem as etapas
chave.
2- Pensamento dialético, que dissolve o
mundo fetichizada da aparência para atingir a realidade e a “coisa em si”.
3-
Realizações da verdade e criação da realidade humana em um processo ontogenético,
visto que para cada individuo humano o mundo da verdade é, ao mesmo tempo, uma
sua criação própria, espiritual, como individuo social-histórico.

33.p19 A
destruição da pseudoconcreticidade é o processo de criação da realidade
concreta e a visão da realidade, da sua concreticidade.


34.p19-20
As correntes idealísticas absolutizaram ora o sujeito, ora o objeto, ao
contrario delas, na destruição materialista da pseudoconcreticidade, a
liberação do “sujeito” coincide com a liberação do “objeto”, posto que a
realidade social dos homens se cria como união dialética de sujeito e objeto.

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