terça-feira, 10 de abril de 2012

As 4 formas do trabalho alienado - ficha de estudo

UFRGS/PPGEDU
Professor: Alceu Ravanello Ferraro
Seminário Avançado: Marx – construção do conhecimento
no confronto com a economia política
2010/2, Segunda-feira, horário: 18:00 a 21:40, sala:
703

Aluna: Sonia Ribas de Souza Soares

Ficha de Leitura

MARX,
Karl. Trabalho alienado e superação positiva da autoalienação humana. In:
FERNANDES, Florestan (Org.) Marx-Engels (Historia). 3.ed. São Paulo: Atica,
1989. p. 146-181.
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Este texto é um texto
filosófico, parte dos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844, que não foi
publicado por Marx. Os conceitos alienado e estranhado (termos de Hegel) Marx
utiliza os dois e marca a fase jovem quando começa a romper com Hegel. Aqui
percebe a posição critica em relação à Economia Política clássica e a junção
dos conceitos de Hegel, mais adiante sua critica se torna mais sólida, mas
neste movimento apresenta elementos fundamentais onde Marx se posiciona e marca
suas diferenças. Neste texto já se tem presente o movimento da luta de classes,
quando ele coloca “que a sociedade
interia tem que se cindir nas duas classes dos proprietários e dos
trabalhadores sem propriedade”. (Marx, 1989, 147).
Marx trabalha neste texto as
quatro formas do trabalho alienado, enfatizando que parte dos pressupostos da
Economia Política, aceitando suas linguagens e leis, mas o seu ponto de partida
é um fato econômico-politico, presente:
“O trabalhador se torna tão mais pobre quanto mais
riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O
trabalhador se torna uma mercadoria tão mais barata quanto mais mercadorias
cria. Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a
desvalorização do mundo dos homens. O trabalho não produz só mercadorias;
produz a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e isto na proporção em
que produz mercadorias em geral.” (MARX, 1989, 148)
A 1ª forma do trabalho alienado esta presente na relação do
trabalhador com os produtos do seu trabalho, ou seja, o objeto que o
trabalhador produz, o seu produto, se lhe defronta como um ser alheio, como um
poder independente do produtor. O produto do trabalhador é o trabalho que se
fixou num objeto, se fez coisal, é a objetivação do trabalho. Segundo Calvez
(1959, 253) “O operário é alienado antes de tudo em relação ao seu produto.
Este lhe escapa, tão logo é criado; o operário é desapropriado”.
A 2ª alienação do trabalho se dá na relação do trabalho com o ato da
produção dentro do trabalho, ou seja dentro da atividade produtiva mesmo.
Segundo Marx é a própria exteriorização da atividade do trabalhador, significa
que seu trabalho é forçado, é um meio para satisfazer necessidade fora dele. É
um trabalho auto-sacrifício, de mortificação. Sua perda é a perda de si mesmo,
porque não te pertence. Calvez (1959, 255) coloca que esta 2ª alienação “o
operário não é menos alienado no ato mesmo da produção do que no seu
resultado”.
A 3ª forma de alienação do trabalho mostra que o “trabalho alienado
faz do ser genérico do homem, tanto da natureza quanto da faculdade genérica
espiritual dele, um ser alheio a ele, um meio da suas existência individual.
Aliena do homem o seu próprio corpo, tal como a natureza fora dele, tal como a
sua essência espiritual, a sua essência humana” (Marx, 1989,158). Resumindo, o
homem é um ser genético e esta inserido na natureza e também é natureza. Mas no
processo de produção capitalista o homem se anula enquanto natureza, e enquanto
produto de trabalho, pois ele passa a viver como alguém que usa e abusa com os
meios de produção, matéria prima, energia, etc. Calvez coloca:
“No fundo da alienação do produto, isto é, da alienação
do homem em relação ao seu produto, há uma alienação do homem em relação a
natureza. A natureza toda inteira assume diante do homem a figura inimiga.
(...) Quando o seu produto lhe é tirado, é a natureza toda inteira que deixa de
ser sua. (...) Para ele, a natureza não é mais que meio de subsistência, meio
de existência (lebensmittel), como ela é para o animal. Ele não se realiza mais
nela, ele não a reproduz mais verdadeiramente de maneira humana.” (CALVEZ,
1956, 257)
A 4ª alienação do trabalho se dá na relação do fato de o homem estar
alienado do produto de seu trabalho, da sua atividade vital, do seu ser
genérico, é o homem estar alienado do homem. Pois todas as suas produções não
lhe pertencem e sim a outros. Segundo Calvez (1956, 258) “dizer que o homem
esta alienado em relação à espécie, é dizer também, (...) que ele esta alienado
em relação à sociedade, portanto em relação ao outro homem.”
Em síntese
Marx coloca que a
alienação se dá na medida em que se torna um meio, meramente de necessidade,
para sobreviver. E é na Propriedade Privada (PP) que se tem a origem do
trabalho alienado. No 1º momento aparece a PP como causa da alienação, depois
fica claro, 1º a divisão de meios de produção e trabalho, para trabalhar para
outro, e neste processo que se desenvolve a PP. Um fato fundamental que produz
a alienação é a separação dos meios de produção do trabalhador. Pois se não
tiver trabalho alienado, não tem como ter lucro, no fundo a PP é a
sistematização do processo capitalista de produção.
O autor conclui com a necessidade da emancipação, não
só da classe trabalhadora, mas da humanidade universal. E que o grande desafio
teórico, prático e político a superar se materializarão através da
criatividade, o exemplo de Marx desafia a interpretar as formas da sociedade
capitalista que estão dadas e pensar em elementos que queiramos lutar para
apontar caminhos utópicos reais, para nos conduzir a uma direção, ou nos de uma
direção.

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